O morador de rua
que foi agredido por um Guarda Civil Metropolitano, nesta quarta-feira (3),
próximo ao Metrô Conceição, na Zona Sul da capital, teve o punho quebrado.
Samir Ahamad, de 40 anos, começaria nesta quinta-feira (4) em um emprego de
servente de pedreiro.
As agressões
aconteceram durante uma operação da Prefeitura de São Paulo para recolher
objetos deixados por moradores de rua. Toda a ação foi gravada por Marcos
Hermanson, estudante de jornalismo que passava pelo local.
Samir foi detido
e levado para o 35º Distrito Policial. Ao perceber que ele estava com dor, o
delegado decidiu encaminhá-lo ao hospital e não ouvir seu depoimento. Ao voltar
para a delegacia, o morador de rua já estava com o braço enfaixado. Segundo
ele, serão 120 dias com gesso, além de uma cirurgia. Mas ele garante que isso
não vai fazer com que ele desista do emprego. “Nunca! Porque eu tenho a minha
vida ainda. A vida não para e tem que tocar ela para a frente.”
A esposa de
Samir vive com ele na rua há oito anos e afirmou que os agentes levaram todos
os pertences.
Samir e a mulher
foram acolhidos por padres da Pastoral da Rua, que encaminharam o casal para um
centro de triagem da Prefeitura, onde eles passaram a noite. O delegado
responsável pelo caso disse que vai anexar as imagens feitas pelo estudante ao
inquérito. Ele deve investigar o GCM que agrediu Samir por abuso de autoridade
e lesão corporal.
A corregedoria
geral da Guarda Civil Metropolitana afirmou que vai apurar a conduta dos
agentes e que eles serão afastados das atividades operacionais temporariamente.
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e a Secretaria Municipal
de Segurança Urbana disseram que a conduta dos Guardas Civis Metropolitanos
envolvidos na abordagem não condiz com a política e com a orientação da
Prefeitura de São Paulo. A Secretaria de Direitos Humanos vai acompanhar a
investigação.
Agressões
Três
funcionários da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo agrediram um morador de rua durante abordagem nas
proximidades Metrô Conceição, na Zona Sul de São Paulo, nesta quarta-feira (3).
O vídeo feito
por um estudante que passava pelo local na hora mostra a ação dos três guardas
que encurralam o morador de rua na tentativa de abordagem. Um deles chega a
passar a perna no rapaz, que cai no chão e pede aos GCMs que não levem seus
pertences embora. "Não leva meus bagulhos, não. Eu não tenho nada".
Em nota, a
Corregedoria Geral da Guarda Civil Metropolitana afirma que vai apurar a
conduta dos agentes no procedimento, e que um deles será afastado.
"Preliminar e temporariamente, o guarda envolvido diretamente na
ocorrência será afastado das atividades operacionais."
O estudante de
jornalismo Marcos Hermanson, que filmou a abordagem, acompanhou o morador.
"Vim até o DP apresentar o vídeo para o delegado", disse Hermanson.
Em seu relato no Facebook, ele afirmou: "Alguns agentes da Guarda
Metropolitana tentavam remover os poucos pertences de um morador de rua: um
colchão, alguns cobertores e um carrinho de supermercado, cuja nota fiscal o
sujeito foi incapaz de apresentar".
Responsável
pelos serviços de zeladoria, a Coordenação das Subprefeituras de São Paulo
afirmou que está apurando o caso e que a regra é que a GCM não pode retirar os
pertences dos moradores de rua.
Na Câmara
Municipal de São Paulo, o vereador Eduardo Suplicy (PT) relatou a ação da GCM
com moradores de rua nesta quarta-feira. "No ano passado, o prefeito
Fernando Haddad baixou um decreto de como todos os servidores da Prefeitura,
inclusive os GCMs, que são responsáveis por ações de zeladoria, que deveriam
estar reforçando os moradores em situação de rua e não estar retirando os
pertences", disse Suplicy.
"Se tivesse
objetos grandes como carroças que atrapalhassem as vias, a Prefeitura se fosse
levar deveria colocar um lacre naqueles objetos para os moradores em situação
de rua pudessem comparecer ao local onde estariam armazenados os pertences para
retirá los. Isso é algo que está desrespeitando inclusive a regra do governo
federal de respeito a população em situação de rua."
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