Por Arnold Coelho
Tenho lido com certa frequência
que é preciso votar no ‘novo’ e alguns pré-candidatos se colocam nesse posto.
Eu sinceramente olho todos com carinho. Conheço todos e sei que existem
qualidades e defeitos neles (defeito todo mundo tem), mas não vejo nada de
‘novo’. Todos já estão há algum tempo na vida pública e não conseguem
apresentar nada que convença o eleitor de votar diferente. A mudança pode
surgir mais por insatisfação que por novas ideias.
Vou tentar retratar aqui o que
penso como ‘novo’ e espero que eu consiga ser o mais transparente possível.
Quero deixar bem claro que as linhas a seguir são apenas a minha humilde
opinião.
Não acredito na reeleição, se o
candidato não comunga com essa ideia (para mim) ele não pode ser considerado o
‘novo’. Acredito que a reeleição traz uma série de vícios e promessas que só
prejudicam o município. Penso em um mandato único de cinco anos. Quando
aparecer um candidato que abdique da reeleição, documentando em cartório o fato
e divulgando para todos que não aceitará se candidatar para um segundo mandato,
as coisas poderão começar a andar.
O ‘novo’ candidato deverá ter
um plano de governo. Pode ser simples, mas precisa oferecer algo para o povo,
fora crítica, reclamações e ataques pessoais ao gestor atual. Acredito que política
é mais que apontar os erros. Acho necessário dar soluções. O ‘novo’ precisa
expor suas ideias e levar de porta em porta, ouvindo o povo e acrescentando o
que surgir de novo nesse projeto. Esse ‘novo’ governo precisa ser
participativo, precisa ter a presença do povo, e deixar sempre claro que
medidas duras precisarão ser aplicadas.
Medidas impopulares precisam
ser tomadas e por isso bato na tecla que quem quer ser o ‘novo’ não pode pensar
na reeleição. Precisa pensar em arrumar o município, começando por um grande
cadastro imobiliário – o último foi feito no governo de HO – que irá rever o
valor venal da maioria dos imóveis de Ibicaraí. Tem inúmeros imóveis –
inclusive o meu – que consta na prefeitura com um valor venal muito abaixo do
mercado. Em um município que arrecada pouco, o novo cadastro ajudaria muito.
Mas essa medida é impopular e atrapalharia os projetos pessoais da maioria dos
candidatos.
Uma outra medida impopular – e
essa o ‘novo’ candidato teria que ter sangue no olho para fazer – é contratar
pouco, de preferência só funcionários de primeiro escalão (secretários),
segundo escalão (diretores) e pouquíssimos – eu disse pouquíssimos nomes para o
terceiro escalão. Nada maior que 100 profissionais capacitados para compor as
áreas mais carentes. A prefeitura teria que ter entre 750 e 800 funcionários. A
drástica redução faria com que a estrutura funcionasse só com os concursados e
efetivos, trabalhando em dois turnos, pois menos funcionários é igual a mais
trabalho. Acredito que sobraria dinheiro para serviços essenciais.
Na Educação é preciso acontecer
uma grande reforma e o ‘novo’ candidato teria que aposentar muito professor que
já passou da hora. Cortar benefícios: quem fez concurso para 20 horas tem que
trabalhar 20 horas. Nada de beneficiar A ou B com mais 20 horas porque a pessoa
é aliado ou aliada. Reduzir drasticamente o número de coordenadores e
secretárias nas escolas. Professor precisa dar aula. Tem muito professor que
não dá aula faz tempo. Com uma redução de 30% da classe daria para equacionar a
relação receita e despesa. Profissional da Educação que tem 40 horas tem que
trabalhar 40 horas. É necessário ter um órgão que regule a classe (outra medida
impopular). A OAB regula o advogado. O CREA regula engenheiros e arquitetos.
Quem regula o professor? É preciso fiscalizar o professor na sala de aula e
fazer prova periodicamente para testar a capacidade de determinados
professores. O aluno está saindo das séries iniciais sem saber ler e escrever.
O professor tem sua parcela de culpa nesse processo. Acho que o sindicato
deveria ajudar nesse processo de fiscalização.
Na Saúde é preciso ter um
‘novo’ que reveja a questão do hospital. O município não consegue manter essa
estrutura. Expor para a sociedade e fazer, se possível, um plebiscito. O povo
precisa ajudar em determinadas decisões. O ‘novo’ gestor precisa valorizar o
médico de Ibicaraí. A prata da casa. Independente de lado ou grupo político.
Tem médico de Ibicaraí trabalhando em outras cidades. Por outro lado os médicos
precisam ser cobrados. O horário é 8 e tem médico que chega às 10h e saem às
11h, quando não aparecem e fica por isso mesmo. A questão dos remédios é outro
problema. Sobra em determinados locais e falta em outros. Falta Mutirões de
Saúde, levando especialistas de acordo com a necessidade da localidade. Aí
entra os ACS, os Agentes de Saúde precisam ser melhor remunerados e ganhar um
extra por produção. Os ACS e ACE são os indivíduos que literalmente entram em
nossas casas. Eles deveriam munir a Secretaria de Saúde de informação. Os ACS e
ACE ajudariam na ‘saúde preventiva’. Vale ressaltar que todo país de primeiro
mundo foca na saúde preventiva e a atividade física é uma das inúmeras formas
de prevenir.
A Infraestrutura precisa
trabalhar melhor. Todos os governos que vi passar vivem de fazer reparos mal
feitos (por faltar material necessário) e de um engenheiro na pasta. Coloca um
profissional gabaritado como secretário e o de confiança como diretor ou
gerente. Cria uma Secretaria de Obras com pelo menos dois estagiários de engenharia
produzindo projetos. O saneamento básico precisa ser repensado e quem não
pensar em resolver a longo prazo (25 ou 30 anos) não irá resolver. Fazer esgoto
e jogar no rio não é solução. É problema! Existem formas sustentáveis de tratar
os esgotos, jogando água limpa nos rios e reaproveitando o resto para adubo. É
um trabalho demorado, mas precisa em um momento iniciar com algum projeto
piloto.
O lixo é um dos grandes
problemas do município. O governo anterior iniciou um plano e deixou pela
metade. O atual vem fazendo dois planos: o Plano Municipal de Saneamento Básico
(PMSB), que está sendo feito pela prefeitura e a FUNASA, e paralelo a esse
plano a prefeitura contratou um biólogo (Saulo Araújo) que está desenvolvendo o
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), por sinal um
excelente projeto que o Governo do Estado e a Amurc querem usar como modelo.
Com esses dois planos na mão é necessário buscar recursos para o tão sonhado
aterro sanitário e implantar a coleta seletiva no município. Não é fácil, mas é
preciso começar. Basta dizer que produzimos em média 22 toneladas de lixo a
cada 24 horas. Com a coleta seletiva metade desse lixo pode virar dinheiro para
o catador. O impacto ambiental cai pela metade só com a coleta seletiva. O
‘novo’ precisa ter conhecimento e vontade de avançar nessa área.
O SAAE é o setor que precisa de
um verdadeiro choque de gestão. A autarquia precisa fazer uma grande medida
impopular. O SAAE arrecada muito pouco e consequentemente pouco investe. Uma
estrutura ultrapassada que precisa de investimento. É inadmissível que os
distritos paguem menos de 10 reais por mês em 10 mil litros de água.
Para ter ideia como é barato
ter água em Ibicaraí, basta entrar em qualquer estabelecimento comercial e
pedir uma água de 500ml (meio litro) e você terá de pagar em média 2 reais. O
cidadão compra meio litro por dois reais e não reclama, mas reclama de 10 mil
litros por menos de 10 reais do SAAE. Na sede o valor médio é de 30 reais.
Divide 30 reais, por 30 dias e verá que um dia inteiro de consumo, com banhos,
comida, lavagem de roupa e limpeza de casa só custará 1 real para a residência
beneficiada com 3 ou quatro pessoas. É muito barato, para um produto tão
essencial. É preciso rever a política de preços do SAAE e mostrar para a
população que para investir é preciso pagar mais. Não conseguimos viver sem
água.
Ainda falando de água é
necessário arrecadar mais, para poder investir no Pagamento por Serviço
Ambiental (PSA). Boa parte da nossa água sai da terra, das nascentes que estão
localizadas – na maioria das vezes – em propriedades particulares. É preciso
pagar para o dono da terra cuidar dessas nascentes ou em breve elas secarão,
pisoteadas pelo gado ou seca, pelo sol a pino, sem a proteção das matas que
estão sendo derrubadas. O ‘novo’ ou o atual gestor precisa olhar com carinho
para a preservação das nossas nascentes. Nosso Legislativo também precisa
carregar essa bandeira.
Precisamos ter uma barragem ou
represa de acumulação. As que temos no Luxo, na Serra do Córrego Grande e na
Serra da Banha são de retenção. O ‘novo’ gestor precisa apresentar um projeto e
correr atrás. Ibicaraí, apesar de ter quase uma centena de nascentes, não
suporta 60 dias de seca. Já tivemos essa experiência em dezembro de 2015.
Investir em uma grande represa ou barragem de acumulação é essencial.
Investimento no SAAE é outro
ponto que o ‘novo’ precisa ter em mente. Só reclamar da cor da água não vai
ajudar no processo de limpeza do produto. O SAAE precisa urgentemente
modernizar sua Estação de Tratamento (ETA). Segundo o atual diretor da
autarquia é necessário fazer pelo menos mais um tanque para tratamento e
investimentos nos antigos.
Na agricultura o ‘novo’ precisa
conhecer verdadeiramente o município e suas regiões, sabendo o que produz cada
uma. Nós temos em torno de 240 quilômetros de estradas vicinais, se dividirmos
por aproximadamente 220 dias úteis, em um ano nós vamos chegar ao número mágico
de 1.1 quilômetro por dia que precisa ser recuperado. É necessário uma política
agrícola mais voltada para o homem do campo. Nossa secretaria de Agricultura
precisa ter um veículo para o campo e uma equipe técnica, com profissionais do
campo, e um cronograma anual de atividades, onde o homem do campo precisa ser
avisado previamente. Temos quatro distritos que dividem as suas atividades em
urbanas e rurais. Quatro grandes assentamentos que produzem muito hortifruti e
uma feira verde com quase 30 famílias vivendo do que produz. O ‘novo’ precisa
ter uma política agrícola para esse povo pelo menos no papel.
Não falarei muito do Social,
pois é um setor que ainda funciona plenamente no município, com diversos
serviços oferecidos à população de baixa renda. Bolsa Família, PIS, CREAS, CRAS
e SCFV só precisam de ajustes, que o ‘novo’, colocando técnicos, manterá o bom
atendimento e funcionamento.
Vamos falar do ‘Calcanhar de
Aquiles’ de qualquer gestor em Ibicaraí: a tão sonhada fábrica. Instrumento que
precisa chegar em nosso município e gerar pelo menos 100 empregos diretos (o
ideal seria entre 200 e 300). Trazer uma fábrica para Ibicaraí é a certeza de
dias melhores. O povo quer e precisa trabalhar. O ‘novo’, precisa ter deputados
comprometidos e alinhados com as esferas Estadual e Federal. O ‘novo’, com
deputado Copa do Mundo, não serve. Precisamos de deputados que vivam a região e
olhem para Ibicaraí de forma verdadeira. Quando isso acontecer, e se todos se
unirem, nos teremos não só dois, e sim, seis ou oito deputados pedindo e
lutando por nós. IBICARAÍ PRECISA DE EMPREGOS DIRETOS. PRECISAMOS DE UMA
FÁBRICA!
Volto a dizer que essas mal
traçadas linhas são um pouco do que penso. Não dá pra colocar tudo nos mínimos
detalhes pois viraria um livro e as pessoas fugiriam da leitura. Deixei de lado
o cemitério, os distritos e seus problemas, os bairros periféricos e principalmente
um aprofundamento maior na questão do saneamento básico, que atinge esgoto,
lixo, água e um pouco de meio ambiente, pois acho que essa discussão pode ser
em um segundo momento. Não sou político e nem tenho nenhuma pretensão na área.
Também não sou técnico e não tenho nenhuma formação acadêmica e posso está enganado ou equivocado em determinadas
questões. Minha experiência e vivência é fruto de 51 anos de vida, vendo e
ouvindo. Na verdade eu sou apenas um cidadão que escolheu Ibicaraí para morar e
quer ajudar.
Quanto aos ‘novos’, ‘antigos’
ou eternos candidatos, antes de pensar Ibicaraí e a prefeitura como projeto
pessoal, que tal pensar como um projeto para 23 mil habitantes? Sei que todos
são capazes e querem o melhor para Ibicaraí. Vamos deixar de criticar por
criticar e começar a apontar soluções! Sei que vocês podem e são capazes, pois
conheço todos. Deixem a escolha para o povo.
IBICARAÍ EM PRIMEIRO LUGAR