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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Laboratório gaúcho vai testar eficácia da fosfoetanolamina

Termo de cooperação será firmado nesta quarta-feira com governo do RS.

Estudo ocorrerá na "melhor velocidade possível", diz diretor de laboratório.

Hygino Vasconcellos
Do G1 RS
Um laboratório gaúcho, ligado ao governo do Estado, vai testar a eficácia da fosfoetanolamina, substância que seria eficaz na cura do câncer. O trabalho será desenvolvido pelo Laboratório Farmacêutico (Lafergs), ligado a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps), com sede em Porto Alegre. Na noite desta quarta-feira (18), um termo de cooperação será assinado entre o Lafergs e o governo do Rio Grande do Sul
Distribuída pela USP de São Carlos por causa de decisões judiciais, a fosfoetanolamina é alardeada como cura para diversos tipos de câncer, mas não passou por esses testes em humanos, por isso não é considerada um remédio. Ela não tem registro na Anvisa e seus efeitos nos pacientes são desconhecidos.
A ideia de testar a fosfoetanolamina não tem relação com a iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que, no dia 12 de novembro, anunciou um plano de trabalho  para validar tecnicamente a molécula fosfoetanolamina. A ideia é que estudos sejam conduzidos por laboratórios que têm parcerias firmadas com o MCTI, além do Instituto Butantan e de institutos ligados ao Ministério da Saúde.

A intenção do laboratório gaúcho é avançar nas etapas necessárias para o desenvolvimento do medicamento que apresenta "possível potencial terapêutico", explica o diretor do laboratório, Paulo Mayorga. "Temos etapas a ser vencidas, não é algo imediato. Vamos buscar evidências de eficácias e de segurança da substância e, se der positivo, vamos solicitar registro a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)." Até o momento a pílula não foi testada clinicamente e, por isso, não tem registro na Anvisa.

Ministério da Saúde anunciou que vai criar um grupo de trabalho para estudar a questãoda fosfoetanolamina e apoiar a realização dos estudos necessários para avaliar a eficácia da substância contra o câncer.
Os estudos serão divididos em quatro etapas, que são dependentes entre si. O primeiro passo é o acesso e avaliação dos estudos já existentes, desenvolvidos pelo Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). "Vamos ver se molécula cumpriu os estudos necessários."
Em seguida, será realizado o desenho do estudo, uma espécie de esboço da pesquisa com detalhamento do que será feito. Nessa fase, será apontada o tempo de execução da pesquisa, total de doses necessárias e características e total de pacientes necessários para testes.
Logo após, o desenho do estudo é encaminhado à Anvisa, para avaliação. Caso seja aprovado, a pesquisa é realizada. "Vamos selecionar voluntários e fazer a execução", adianta o diretor do laboratório. Em seguida, ocorre o pedido de registro do medicamento, caso os estudos clínicos sejam satisfatórios.  

Não se sabe ainda o tempo de duração do estudo, mas o diretor garante que será feito na "melhor velocidade possível". O termo de cooperação entre o governo do estado e o Lafergs não prevê repasse de recursos para o desenvolvimento da pesquisa.

Por isso, após a assinatura do acordo o laboratório pretende entrar em contato com o Ministério da Ciência e Tecnologia, que no dia 30 de outubro, publicou uma portaria para apoiar pesquisas com fosfoetanolamina. O órgão pretende destinar R$ 10 milhões para financiamento de trabalhos na área. Também foi anunciada a criação de um grupo de trabalho para estudar a "pílula do câncer".

Mayorga reconheceu que o uso da substância é um "assunto bastante controverso", mas observou que a ciência não "trabalha dessa maneira". "Nosso trabalho é essencialmente técnico. Vamos buscar evidências."

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