Hit 'Jonathan 2', do Furacão 2000, vira pedido para Haddad ir 'até o chão'.
Rapper puxa coros e fanfarra para manifestações dita ritmo; veja vídeo.
No início da manifestação desta terça-feira (18), na Praça da Sé, no centro de São Paulo, um dos manifestantes mais animados, que puxou vários cantos que acabaram entoados por toda a praça, era Douglas "Puxador", ajudante geral de 35 anos. Ele diz que também é rapper e fez parte de torcida organizada, o que ajuda na hora de "usar os gritos de guerra para despertar o povo".
"Dança Haddad, dança até o chão / Aqui é o povo unido contra o aumento do busão". Este canto foi repetido por manifestantes de São Paulo, usando a mesma estrutura do refrão "Dance potranca, dance com emoção / Eu sou o Jonathan da nova geração". A música parodiada, que já tinha aparecido em outros protestos paulistas, é "Jonathan 2", de uma das coletâneas da produtora carioca Furacão 2000.
Na terça-feira, o funk contra o prefeito de São Paulo foi cantado nos protestos contra o aumento das tarifas de transporte ao som instrumental da Fanfarra do Movimento Autônomo Libertário (ou, como se denominam, Fanfarra do M.A.L.).
"A fanfarra é uma rede de 50 pessoas e a gente se reúne desde 2012 pra tocar nas manifestações", explica o trompetista André, de 27 anos, dizendo que o grupo paulista faz ensaios periódicos.
Durante o protesto de terça-feira, a fanfarra tocou com trompete e saxofone a música "Seven nation army", do White Stripes, cujo riff também virou hino em estádios de futebol.
O protesto na Paulista terminou com um grupo de maracatu. Pelo Centro, passaram um grupo hare krishna, um "soundsystem", com caixa de som improvisada e um coro de "Tente outra vez", de Raul Seixas.
Entre o Hino Nacional e o conhecido "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor", alguns versos novos também aparecem. Na terça feira, os manifestantes estavam bastante animados com o "ei, mas que vergonha, a passagem tá mais cara que a maconha". Outro canto que agrada os manifestantes mais empolgados é o "'quem não pula quer tarifa", além do "ô Brasil, vamo acordar, um professor vale mais do que o Neymar".
'Geração Coca-Cola com Mentos'
Estudante de administração Fábio Silva, 21 (Foto:
Ana Carolina Moreno/G1)
Além das músicas cantadas durante as manifestações, letras de canções
brasileiras também aparecem em cartazes, com suas frases originais ou
modificadas.Ana Carolina Moreno/G1)
Uma delas, vista pela equipe de reportagem do G1 em três cartazes na terça-feira, foi o termo "Geração Coca-Cola com Mentos". O termo se inspira na letra de "Geração Coca-Cola", da Legião Urbana.
A novidade, que caracteriza a nova geração "explosiva", é a citação da mistura do refrigerante cantada por Renato Russo com as balas de menta, que gera um estouro de espuma, famosa em vídeos no YouTube. O termo também é citado em postagens sobre as manifestações em sites e redes sociais. Outros trechos de "Geração Coca-Cola" também apareceram em cartazes.
Clarice Oliveira, 18, estudante (Foto: Ana Carolina
Moreno/G1)
Entre outras músicas citadas em cartazes estão "Brasil", de Cazuza (o
trecho "Brasil, mostra a sua cara"), "Cálice", de Chico Buarque e
Gilberto Gil (o trecho "afasta de mim esse cale-se", em interpretação
livre da estrofe composta na época da ditadura militar) e "Deixa o
menino jogar", do Natiruts (o trecho "A consciência do povo daqui é o
medo dos homens de lá") e "Até quando?", de Gabriel, O Pensador (o
trecho "Até quando você vai levando porrada?").Moreno/G1)
Outra canção citada em cartazes foi "Vem pra rua" (o trecho "A rua é a maior arquibancada do Brasil"), do compositor Henrique Ruiz. A faixa foi feita para uma campanha publicitária, com arranjo de Simoninha e voz de Falcão, d'o Rappa, mas acabou sendo adotada pelos manifestantes.
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