Por Patrícia Conceição / Evilásio Júnior
O grupo da
Fundação Dr. Jesus, mantida pelo deputado estadual Pastor Sargento
Isidório (PSB), faz uma verdadeira festança na manhã desta terça-feira
(5), no estacionamento da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), no
Centro Administrativo (CAB), em Salvador. Um carro de som, que ecoa (em
volume elevadíssimo) canções evangélicas em ritmo de arrocha e
tecnobrega, dá o ritmo de dezenas de casais que batem-coxa enquanto
cobram “Justiça”. Entre mesas e cadeiras espalhadas, os casais se
esbaldam em refrões como “olhe para a pessoa mais bonita do seu lado e
diga: catequizando”, como aponta uma das músicas do hit parade. De
acordo com a coordenação da mobilização, até o final do dia espera-se
reunir 1.128 pessoas (número exato mesmo), entre internos, ex-internos e
familiares. Segundo os organizadores do “evento”, o destino é a sede do
Grupo Metrópole, na Rua Conde Pereira Carneiro, em Pernambués. Há duas
semanas, o jornal da emissora denunciou supostas irregularidades da
entidade, a exemplo de maus tratos aos pacientes. Várias faixas e
cartazes são exibidos pelos inflamados manifestantes, com frases de
efeito contra o proprietário do veículo, Mário Kertész, pré-candidato a
prefeito da capital baiana pelo PMDB. O chamado “Exército de Jesus” está
equipado com mantimentos, colchonetes, bebidas e prometem acampar na
Metrópole até que o peemedebista faça uma retratação pública e abra o
microfone para os liderados de Isidório se defenderem, ao vivo. Se for
necessário, eles prometem dormir lá. “A gente quer que ele [Mário
Kertész] prove o que disse, que os internos são alimentados somente duas
ou três vezes por semana e que há um cemitério em nosso quintal”,
bradou o funcionário Ronald Dias, em entrevista ao Bahia Notícias, ao
dizer que a reportagem do JM “deduziu” os fatos, pois não esteve na
fundação, localizada em Candeias. “As portas da nossa casa estão abertas
para ele”, completou. O ex-paciente André Santana, que ficou nove meses
internado e saiu do “Dr. Jesus” há um ano e quatro meses, explicou que
haveria uma possível distorção na interpretação dada pela empresa de
comunicação ao tratamento recebido pelos internos. “Eu usava todos os
tipos de drogas: crack, cocaína, maconha, cachaça. Vivia no meio da rua,
quase como um mendigo, e já tinha vendido tudo em casa. No centro pude
contemplar o cristianismo e hoje estou curado. No início da internação
assistimos a um vídeo com as regras da unidade e do tratamento. O jejum
acontece em dias alternados e somente até o meio dia. O que liberta é o
jejum e a oração. O jejum é voluntário e, segundo a própria Bíblia, uma
forma de libertação”, atestou, ao salientar ainda que “os trabalhos [aos
quais seriam obrigados a fazer] são para a manutenção da própria casa”.
Para não perder o “efeito-surpresa”, os militares de Cristo, ou melhor,
de Isidório, não revelam o horário em que pretendem chegar à Metrópole.
Fonte: Bahia Notícias
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