Relator em conselho relatou ter recebido ofertas relacionadas ao seu parecer.
Presidente da Câmara quer apuração de eventual falsa comunicação de crime.
Ex-relator no Conselho de Ética do processo que investiga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) disse nesta sexta-feira (11) ter recebido ofertas de propina relacionada ao seu parecer. Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente da Câmara informou que pediu a apuração da Polícia Federal sobre as denúncias.
A informação sobre as ofertas de propina foi revelada pelo jornal “Folha de S.Paulo” e confirmada ao G1 por Pinato. O deputado também já havia dito que recebeu ameaças de morte e contratou segurança para ele e sua família.
Ao relatar as ofertas de propina, Pinato, porém, não dá nomes e diz que não sabia se as pessoas queriam que ele votasse contra ou a favor de Cunha. Segundo Pinato, uma das vezes em que foi abordado para receber, ele estava em um aeroporto de São Paulo.
No ofício dirigido ao ministro José Eduardo Cardozo com o pedido de investigação da PF, Cunha pede ainda, caso não seja comprovada a veracidade da denúncia, que seja apurada a eventual prática do delito de falsa comunicação de crime.
Pinato foi destituído do cargo de relator após a Mesa Diretora ordenar a substituição na relatoria. A troca foi realizada na sessão em que deveria ser votado o seu parecer preliminar, após sucessivos adiamentos, defendendo a continuação das investigações por suposta quebra de decoro parlamentar.
Cunha é acusado de não ter declarado contas bancárias na Suíça e de ter mentido em depoimento à CPI da Petrobras sobre a existência delas. Ele nega ser o dono das contas, mas apenas ter o usufruto de ativos geridos por trustes.
“Nessas abordagens, essas pessoas, que eu não sei quem eram, diziam, fazendo sinal de dinheiro com a mão: ‘Você pode arrumar a tua vida’. Eu já desviava, não dava 'trela' para o assunto. Procurei ficar bem reservado”, contou Pinato ao G1.
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A destituição de Pinato da relatoria foi decidida pelo vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que acatou um questionamento de aliados de Cunha sob o argumento de que o partido dele fazia parte de um bloco no início da legislatura que também era composto pelo PMDB. Pelas regras do regimento, os relatores não podem integrar a mesma legenda ou bloco do representado.
Durante o período em que ficou como relator, Pinato contou que também recebeu “aconselhamentos” de parlamentares, mas não entrou em detalhes. “Diziam: ‘você está com uma bucha’, ‘pegou um pepino’, ‘não queria estar na sua pele”, mas eu nem conheço todo mundo aqui porque sou parlamentar de primeiro mandato”, desconversou.
Com a saída dele da relatoria, foi feito um novo sorteio e escolhido o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) para a tarefa. Ele já adiantou que pedirá a continuação do processo sobre Cunha e deverá apresentar seu parecer preliminar na próxima terça-feira (15).
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