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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Colega diz que Marcelo Pesseghini contou ter matado, indica inquérito

Amigo contou que o garoto já tinha tentado matar a avó.
Menino de 13 anos é o principal suspeito de matar pais e parentes.

Do G1 São Paulo, com informações do Fantástico

O inquérito policial sobre a chacina da família Pesseghini, na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, indica que o principal suspeito, Marcelo, de 13 anos, contou para um colega que matou os pais, a avó e a tia-avó. O Fantástico teve acesso aos sete volumes do inquérito, com mais de 1.200 páginas, que inclui laudos, depoimentos e fotos que contam em detalhes a história da execução ocorrida no começo de agosto.
O depoimento de um amigo de classe do garoto é revelador. Ele relatou à polícia que “se encontrou com Marcelo na sala de aula e este lhe contou que havia matado os pais”. Marcelo disse ainda que tinha vindo de carro e perguntou se o amigo "queria fugir com ele e mostrou um cartão de crédito, que teria pegado da avó".

O melhor amigo do menino disse à polícia que Marcelo contou que já tinha tentado matar a avó, "mas acabou não fazendo porque começou a tremer na hora e porque sentiu alguma coisa ruim no coração". Marcelo disse que a avó percebeu e que pediu a ela que não contasse nada aos pais. Ela teria dito que não contaria se ele prometesse que não faria mais aquilo. Foi prometido.
Depoimentos de outros colegas da escola também chamam atenção. Eles detalham o comportamento de Marcelo antes e no dia do crime, cinco de agosto. Os amigos contaram que Marcelo era um garoto alegre e falante. Mas, naquele dia, estava quieto. Parecia triste.
Eles também falaram de brincadeiras propostas por Marcelo. Uma delas era o grupo chamado "Mercenários". Um amigo contou que "em meados do primeiro semestre deste ano, Marcelo o convidara a participar do grupo". Mas para fazer parte, seria preciso "matar os pais e fugir para se tornar um ‘matador de aluguel’".
Arte morte de família em SP- versão 17h (Foto: Arte/G1)
Uma amiga disse que aceitou participar dos “Mercenários”. Mas como "estava escutando muitas besteiras de Marcelo, como, por exemplo, matar os pais, bandidos e a diretora da escola, ela rapidamente saiu do grupo".
Outro amigo revelou à polícia que "embora Marcelo sempre fosse legal, tinha o hábito de fazer algumas brincadeiras sem graça”, como pegar uma régua e com ela simular que esfaqueava os amigos mais próximos, imitando o personagem principal de seu videogame predileto: "Assassin's Creed" (em português, doutrina dos assassinos).
O melhor amigo do menino também contou que Marcelo falava que queria matar os pais. Teria que ser à noite, no momento em que estivessem dormindo. Este é o mesmo amigo que, junto com o pai, deu carona a Marcelo Pesseghini na volta da escola. Desta vez, a avó não estava no portão para recebê-lo. Marcelo disse que a avó estava dormindo. Pegou um controle remoto dentro da mochila e abriu o portão.
Momentos depois, ainda no carro, o pai do amigo "percebeu que algo estaria errado, pois não fazia sentido a avó de Marcelo estar dormindo ao meio-dia". Perguntou ao filho se tinha acontecido algo com Marcelo. O melhor amigo "começou a chorar e disse que achava que iria perder Marcelo".
Laudos
O laudo psicológico anexado ao inquérito avalia que, ao cometer os crimes, o menino possivelmente teve um surto psicótico, "confundindo o real e o imaginário". Parentes das vítimas ainda têm dificuldade de acreditar na versão da polícia.
Os sete volumes do inquérito estão em um Fórum de São Paulo. Mas nesta semana devem voltar para a delegacia, pois o delegado pediu mais 30 dias para concluir o caso. Neste período, ele espera receber as listas com ligações telefônicas e mensagens de texto dos celulares de todas as vítimas. Mas, para a polícia, os laudos já deixam claro como Marcelo matou a família.
Segundo o inquérito, o menino matou os parentes por volta da meia-noite e meia de domingo para segunda. Vizinhos contaram que ouviram cinco tiros nesse horário. Uma reconstituição feita pela perícia revelou que eles foram disparados em um intervalo de 10 minutos.
Outros laudos dão a dinâmica do crime: Marcelo foi até a sala da casa onde o pai dormia. E, com a arma da mãe, uma pistola .40, atirou na cabeça dele. Ao ouvir o disparo, a mãe, que estava no quarto, foi para a sala. Marcelo atirou nela.
Em seguida, o garoto foi para a outra casa do terreno. Caminhou até o quarto onde estavam avó e tia-avó e matou as duas. Marcelo ainda pegou o carro da mãe, foi para escola e na volta se matou. A arma do crime foi encontrada na sua mão esquerda.

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