Amigo contou que o garoto já tinha tentado matar a avó.
Menino de 13 anos é o principal suspeito de matar pais e parentes.
O inquérito policial sobre a chacina da família Pesseghini, na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, indica que o principal suspeito, Marcelo, de 13 anos, contou para um colega que matou os pais, a avó e a tia-avó. O Fantástico
teve acesso aos sete volumes do inquérito, com mais de 1.200 páginas,
que inclui laudos, depoimentos e fotos que contam em detalhes a história
da execução ocorrida no começo de agosto.
O depoimento de um amigo de classe
do garoto é revelador. Ele relatou à polícia que “se encontrou com
Marcelo na sala de aula e este lhe contou que havia matado os pais”.
Marcelo disse ainda que tinha vindo de carro e perguntou se o amigo "queria fugir com ele e mostrou um cartão de crédito, que teria pegado da avó".
O melhor amigo do menino
disse à polícia que Marcelo contou que já tinha tentado matar a avó,
"mas acabou não fazendo porque começou a tremer na hora e porque sentiu
alguma coisa ruim no coração". Marcelo disse que a avó percebeu e que
pediu a ela que não contasse nada aos pais. Ela teria dito que não
contaria se ele prometesse que não faria mais aquilo. Foi prometido.
Depoimentos de outros colegas da escola também chamam atenção. Eles
detalham o comportamento de Marcelo antes e no dia do crime, cinco de
agosto. Os amigos contaram que Marcelo era um garoto alegre e falante.
Mas, naquele dia, estava quieto. Parecia triste.
Eles também falaram de brincadeiras propostas por Marcelo. Uma delas
era o grupo chamado "Mercenários". Um amigo contou que "em meados do
primeiro semestre deste ano, Marcelo o convidara a participar do grupo".
Mas para fazer parte, seria preciso "matar os pais e fugir para se
tornar um ‘matador de aluguel’".
Uma amiga disse que aceitou participar dos “Mercenários”. Mas como
"estava escutando muitas besteiras de Marcelo, como, por exemplo, matar
os pais, bandidos e a diretora da escola, ela rapidamente saiu do
grupo".
Outro amigo revelou à polícia que "embora Marcelo sempre fosse legal,
tinha o hábito de fazer algumas brincadeiras sem graça”, como pegar uma
régua e com ela simular que esfaqueava os amigos mais próximos, imitando
o personagem principal de seu videogame predileto: "Assassin's Creed"
(em português, doutrina dos assassinos).
O melhor amigo do menino também contou que Marcelo falava que queria
matar os pais. Teria que ser à noite, no momento em que estivessem
dormindo. Este é o mesmo amigo que, junto com o pai, deu carona a
Marcelo Pesseghini na volta da escola. Desta vez, a avó não estava no
portão para recebê-lo. Marcelo disse que a avó estava dormindo. Pegou um
controle remoto dentro da mochila e abriu o portão.
Momentos depois, ainda no carro, o pai do amigo "percebeu que algo
estaria errado, pois não fazia sentido a avó de Marcelo estar dormindo
ao meio-dia". Perguntou ao filho se tinha acontecido algo com Marcelo. O
melhor amigo "começou a chorar e disse que achava que iria perder Marcelo".
Laudos
O laudo psicológico anexado ao inquérito avalia que, ao cometer os crimes, o menino possivelmente teve um surto psicótico, "confundindo o real e o imaginário". Parentes das vítimas ainda têm dificuldade de acreditar na versão da polícia.
O laudo psicológico anexado ao inquérito avalia que, ao cometer os crimes, o menino possivelmente teve um surto psicótico, "confundindo o real e o imaginário". Parentes das vítimas ainda têm dificuldade de acreditar na versão da polícia.
Os sete volumes do inquérito estão em um Fórum de São Paulo. Mas nesta
semana devem voltar para a delegacia, pois o delegado pediu mais 30 dias
para concluir o caso. Neste período, ele espera receber as listas com
ligações telefônicas e mensagens de texto dos celulares de todas as
vítimas. Mas, para a polícia, os laudos já deixam claro como Marcelo
matou a família.
Segundo o inquérito, o menino matou os parentes por volta da meia-noite
e meia de domingo para segunda. Vizinhos contaram que ouviram cinco
tiros nesse horário. Uma reconstituição feita pela perícia revelou que
eles foram disparados em um intervalo de 10 minutos.
Outros laudos dão a dinâmica do crime: Marcelo foi até a sala da casa
onde o pai dormia. E, com a arma da mãe, uma pistola .40, atirou na
cabeça dele. Ao ouvir o disparo, a mãe, que estava no quarto, foi para a
sala. Marcelo atirou nela.
Em seguida, o garoto foi para a outra casa do terreno. Caminhou até o
quarto onde estavam avó e tia-avó e matou as duas. Marcelo ainda pegou o
carro da mãe, foi para escola e na volta se matou. A arma do crime foi
encontrada na sua mão esquerda.
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