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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Política de juros deve se manter especialmente vigilante, repete BC

BC admite que projeção de inflação para 2014 subiu no cenário de mercado.
Ritmo de atividade doméstica deve ser mais intenso neste ano, diz Copom.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a avaliação nesta quinta-feira (5), por meio da ata de sua última reunião, quando os juros básicos da economia subiram para 9% ao ano, que o dólar constitui fonte de pressão inflacionária na economia brasileira e que a política de juros deve se manter "especialmente vigilante".
Evolução da taxa de juros (Foto: Editoria de Arte/G1)
"O Copom avalia que a depreciação e a volatilidade da taxa de câmbio verificadas nos últimos trimestres ensejam uma natural e esperada correção de preços relativos (...) Importa destacar ainda que, para o Comitê, a citada depreciação cambial constitui fonte de pressão inflacionária em prazos mais curtos. No entanto, os efeitos secundários dela decorrentes, e que tenderiam a se materializar em prazos mais longos, podem e devem ser limitados pela adequada condução da política monetária [alta dos juros]", avaliou o Copom.
Tanto a avaliação de que o dólar alto é fonte de pressão inflacionária, quanto a análise de que o Banco Central deve se manter "especialmente vigilante" na definição dos juros, para "minimizar riscos de que níveis elevados de inflação como o observado nos últimos doze meses persistam no horizonte relevante para a política monetária", já constavam na ata da reunião anterior do Copom - de julho - e foram mantidas no documento de agosto, divulgado hoje.
A aposta do mercado financeiro é de que a autoridade monetária elevará novamente os juros, em 0,5 ponto percentual, para 9,5% ao ano, na reunião de outubro do Copom - patamar no qual a taxa básica da economia brasileira deverá terminar este ano. Para o fim de 2014, a expectativa do mercado financeiro é de que os juros estejam um pouco mais altos, em 9,75% ao ano.
Mais inflação em 2014
O Copom admite, porém, na ata deste mês que, no chamado cenário de mercado (que embute as estimativas dos economistas dos bancos para os juros e para a taxa de câmbio nos próximos meses), houve aumento da estimativa de inflação da autoridade monetária para 2014, e acrescentou que a previsão para o IPCA, em doze meses até junho de 2015, também está acima da meta central de 4,5%.
Copom também manteve a avaliação de que o ritmo de atividade doméstica deve ser mais intenso neste ano e no próximo, com retomada dos investimentos e crescimento do consumo das famílias
"Para 2014, no cenário de referência [juros e câmbio estável], a projeção de inflação manteve-se estável em relação ao valor considerado na reunião do Copom de julho e aumentou no cenário de mercado, posicionando-se, nos dois casos, acima da meta de 4,5%. No segundo trimestre de 2015, a inflação se posiciona acima da meta nos dois cenários", acrescentou o BC.
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2013, 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
'Neutralidade' na política fiscal
O Copom avaliou ainda que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as "variáveis fiscais", ou seja, para a economia feita pelo setor público para pagar juros da dívida pública, o chamado "superávit primário". Para este ano, o governo informou que a meta de superávit primário, para todo setor público, é de 2,3% do PIB e que, para 2014, é de 2,1% do PIB.
"Para o Comitê, criam-se condições para que, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público se desloque para a zona de neutralidade", acrescentou o Copom - em uma das poucas alterações em relação à ata de julho, quando a instituição avaliava somente que "iniciativas recentes" apontavam o balanço do setor público em "posição expansionista" [alta de gastos públicos]".
"O Copom notou ainda que a geração de superavit primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, além de contribuir para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta, solidifica a tendência de redução da razão dívida pública sobre produto e a percepção positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo", acrescentou a instituição no documento divulgado hoje.
Confiança das famílias
No documento divulgado nesta quinta-feira, o Copom também manteve a avaliação de que o ritmo de atividade doméstica deve ser mais intenso neste ano e no próximo, com retomada dos investimentos e crescimento do consumo das famílias.
"De modo geral, a absorção interna vem se expandindo a taxas maiores do que as de crescimento do PIB e tende a ser beneficiada pelos efeitos de ações de política fiscal, pela expansão da oferta de crédito para pessoas físicas e empresas, e pelo programa de concessão de serviços públicos, entre outros fatores", avaliou o Copom - em texto semelhante ao de julho.
No entanto, a autoridade monetária acrescentou que a "velocidade de materialização desses ganhos esperados depende do fortalecimento da confiança de firmas e famílias". Em julho, a percepção era um pouco pior, uma vez que o BC avaliava que "velocidade de materialização desses ganhos esperados pode ser contida caso não ocorra reversão tempestiva do declínio que ora se registra na confiança de firmas e famílias".

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