Quadrilha usa suspeitos que não têm passagem pela polícia.
Polícia diz que evitou banho de sangue previsto para esta madrugada.
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Mapa do tráfico da Rocinha feito pela polícia (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
Responsável operacional pela Operação Paz Armada, realizada neste
sábado (13), na Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, o delegado
substituto Ruchester Marreiros, da 15ª DP (Gávea), revelou que desde a
chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na favela, o tráfico
de entorpecentes passou a ser feito por suspeitos que não têm passagem
pela polícia, os chamados "ficha limpa". Com isso, segundo ele, era
muito mais difícil identificar e prender os traficantes que continuam
agindo na comunidade, só que agora de forma menos ostensiva.
Polícia chegou aos traficantes através do Facebook,
escuta telefônica e câmeras da UPP da Rocinha (
Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
escuta telefônica e câmeras da UPP da Rocinha (
Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
A Operação Paz Armada, que envolveu cerca de 300 policiais da 15ª DP
(Gávea) e UPP da Rocinha, não teve um tiro sequer disparado. Até as
17h30 deste sábado, 29 tinham sido presos, 21 deles dos 58 mandados de
prisão expedidos pela 35ª Vara Criminal. Oito deles foram presos em
flagrante, entre eles um dos suspeitos, identificado como Patrick
Emanuel Magalhães Luiz, o único com mandado de prisão expedido
anteriormente. Mais três menores foram apreendidos em flagrante.
Todos os presos tiveram prisão temporária decretada e vão responder por
tráfico de drogas, associação para o tráfico (formação de quadrilha),
corrupção ativa e porte ilegal de armas e explosivos. O delegado
Marreiros também vai requerer a prisão preventiva de Antônio Bonfim
Lopes, o Nem da Rocinha, que segundo ele, mesmo preso continua a
comandar o tráfico na favela.
"Ao longo de três meses de investigação verificamos que o Nem, que eles
chamam de Mestre, ainda comanda o tráfico na Rocinha. Mas com a chegada
dos policiais da UPP, os traficantes procurados saíram da favela e se
refugiaram em outro lugar. A venda de drogas passou então a ser feita
por pessoas que não têm ficha na polícia. Com o trabalho de inteligência
da PM, o uso de 104 câmeras de alta definição e o mapeamento feito pela
Polícia Civil, descobrimos cem bocas de fumo. A venda de drogas não é
mais ostensiva, ela ainda existe. Cada ponto de venda rende em média R$
15 mil por semana. E há bocas que tem faturamento de R$ 12 mil por dia",
contou o delegado, acrescentado que a maioria dos suspeitos foi presa
bebendo num bar. "Eles achavam que não tinham como ser presos porque não
têm ficha".
Mapa
identifica áreas de grupos de traficantes rivais da Rcoinha comandadas
por Djalma (em azul) e David (em vermelho) (Foto: Divulgação/ Polícia
Civil)
O titular da 15ª DP, delegado Orlando Zaccone destacou que a operação
deste sábado evitou um derramamento de sangue na favela, numa disputa
interna da quadrilha pelo poder. Ele contou com a prisão de Nem, John
Wallace da Siva Viana, o Johnny, foi promovido ao posto de supervisor
do tráfico na Rocinha, por sua capacidade intelectual e de gerencial e
por sua lealdade a Nem. Isso teria desagradado outros membros da
quadrilha, que se sentiram injustiçados. Um deles, segundo o delegado
seria Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma, que está foragido.
Da esquerda para direita, os mais perigosos:
Patrick Emanuel (único preso em flagrante e que
já tinha mandado de prisão anterior), Ricardo
Santos da Silva, Victor Gomes Eloi, Vinícius
Gomes da Silva, Wadson da Silva Veloso e
Douglas da Silva (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Patrick Emanuel (único preso em flagrante e que
já tinha mandado de prisão anterior), Ricardo
Santos da Silva, Victor Gomes Eloi, Vinícius
Gomes da Silva, Wadson da Silva Veloso e
Douglas da Silva (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
"Djalma é o gerente dos pontos de venda de droga no alto da Rocinha,
que é mais ermo e mais violento. Ele tinha programado um 'golpe de
estado' para tomar as bocas de fumo da parte baixa da favela, que são
gerenciadas pelo David, com quem tem uma rivalidade. Mas por lealdade ao
Dudu (Eduíno Eustáquio de Araújo Filho), Djalma não atacava a parte
baixa. Com a morte do Dudu na prisão, ocorrida esta semana, ele estava
se sentindo livre para agir. Nos antecipamos e evitamos que ocorreu um
banho de sangue na favela. Com certeza seria uma disputa muito
violenta", disse Zaccone.
Graças à investigação iniciada em março, segundo Marreiros, a polícia
conseguiu identificar 90 traficantes que ainda agem na Rocinha e
localizar cem pontos de venda de drogas na comunidade. Desde março, em
ações menores, desde então, segundo o major Edson Santos, comandante da
UPP da Rocinha, foram apreendidos 66 mil papelotes de cocaína e cerca de
20 quilos de pasta base da droga, além de uma grande quantidade de
armas, como pistolas e fuzis.
"Essa operação, com certeza representa um grande baque para o tráfico na Rocinha", disse o delegado Marreiros.
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