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domingo, 14 de julho de 2013

Operação na Rocinha revela que tráfico é feito por 'ficha limpa'

Quadrilha usa suspeitos que não têm passagem pela polícia.
Polícia diz que evitou banho de sangue previsto para esta madrugada.

Alba Valéria Mendonça Do G1 Rio
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Mapa do tráfico da Rocinha feito pela polícia (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)Mapa do tráfico da Rocinha feito pela polícia (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
Responsável operacional pela Operação Paz Armada, realizada neste sábado (13), na Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, o delegado substituto Ruchester Marreiros, da 15ª DP (Gávea), revelou que desde a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na favela, o tráfico de entorpecentes passou a ser feito por suspeitos que não têm passagem pela polícia, os chamados "ficha limpa". Com isso, segundo ele, era muito mais difícil identificar e prender os traficantes que continuam agindo na comunidade, só que agora de forma menos ostensiva.
Polícia chegou aos traficantes através do Facebook, escuta telefônica e câmeras da UPP da Rocinha (Foto: Divulgação/ Polícia Civil) 
Polícia chegou aos traficantes através do Facebook,
escuta telefônica e câmeras da UPP da Rocinha (
Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
A Operação Paz Armada, que envolveu cerca de 300 policiais da 15ª DP (Gávea) e UPP da Rocinha, não teve um tiro sequer disparado. Até as 17h30  deste sábado, 29 tinham sido presos, 21 deles dos 58 mandados de prisão expedidos pela 35ª Vara Criminal. Oito deles foram presos em flagrante, entre eles um dos suspeitos, identificado como Patrick  Emanuel Magalhães Luiz, o único com mandado de prisão expedido anteriormente. Mais três menores foram apreendidos em flagrante.

Todos os presos tiveram prisão temporária decretada e vão responder por tráfico de drogas, associação para o tráfico (formação de quadrilha), corrupção ativa e porte ilegal de armas e explosivos. O delegado Marreiros também vai requerer a prisão preventiva de Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, que segundo ele, mesmo preso continua a comandar o tráfico na favela.
"Ao longo de três meses de investigação verificamos que o Nem, que eles chamam de Mestre, ainda comanda o tráfico na Rocinha. Mas com a chegada dos policiais da UPP, os traficantes procurados saíram da favela e se refugiaram em outro lugar. A venda de drogas passou então a ser feita por pessoas que não têm ficha na polícia. Com o trabalho de inteligência da PM, o uso de 104 câmeras de alta definição e o mapeamento feito pela Polícia Civil, descobrimos cem bocas de fumo. A venda de drogas não é mais ostensiva, ela ainda existe. Cada ponto de venda rende em média R$ 15 mil por semana. E há bocas que tem faturamento de R$ 12 mil por dia", contou o delegado, acrescentado que a maioria dos suspeitos foi presa bebendo num bar. "Eles achavam que não tinham como ser presos porque não têm ficha".
Mapa identifica áreas de grupos de traficantes rivais da Rcoinha comandadas por Djalma (em azul) e David  (em vermelho) (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)Mapa identifica áreas de grupos de traficantes rivais da Rcoinha comandadas por Djalma (em azul) e David (em vermelho) (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)
O titular da 15ª DP, delegado Orlando Zaccone destacou que a operação deste sábado evitou um derramamento de sangue na favela, numa disputa interna da quadrilha pelo poder. Ele contou com a prisão de Nem, John Wallace da Siva Viana,  o Johnny, foi promovido ao posto de supervisor do tráfico na Rocinha, por sua capacidade intelectual e de gerencial e por sua lealdade a Nem. Isso teria desagradado outros membros da quadrilha, que se sentiram injustiçados. Um deles, segundo o delegado seria Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma, que está foragido.
Da esquerda para direita, os mais perigosos: Patrick (unico preso em flagrante e que já tinha mandado de prisão anterior), Ricardo Santos Rodrigues da Silva, Victor Gomes Eloi, Vinícius Gomes da Silva, Wadson da Silva Veloso e Douglas da Silva. (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1) 
Da esquerda para direita, os mais perigosos:
Patrick Emanuel (único preso em flagrante e que
já tinha mandado de prisão anterior), Ricardo
Santos da Silva, Victor Gomes Eloi, Vinícius
Gomes da Silva, Wadson da Silva Veloso e
Douglas da Silva (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
"Djalma é o gerente dos pontos de venda de droga no alto da Rocinha, que é mais ermo e mais violento.  Ele tinha programado um 'golpe de estado' para tomar as bocas de fumo da parte baixa da favela, que são gerenciadas pelo David, com quem tem uma rivalidade. Mas por lealdade ao Dudu (Eduíno Eustáquio de Araújo Filho), Djalma não atacava a parte baixa. Com a morte do Dudu na prisão, ocorrida esta semana, ele estava se sentindo livre para agir. Nos antecipamos e evitamos que ocorreu um banho de sangue na favela. Com certeza seria uma disputa muito violenta", disse Zaccone.
Graças à investigação iniciada em março, segundo Marreiros, a polícia conseguiu identificar 90 traficantes que ainda agem na Rocinha e localizar cem pontos de venda de drogas na comunidade. Desde março, em ações menores, desde então, segundo o major Edson Santos, comandante da UPP da Rocinha, foram apreendidos 66 mil papelotes de cocaína e cerca de 20 quilos de pasta base da droga, além de uma grande quantidade de armas, como pistolas e fuzis.
"Essa operação, com certeza representa um grande baque para o tráfico na Rocinha", disse o delegado Marreiros.

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