- Reação foi articulada pela presidente em reunião com os ministros no Palácio da Alvorada
- Venezuela diz que ainda não recebeu resposta de Snowden à oferta de asilo, enquanto governo russo começa a pressionar ex-técnico da CIA para que deixe o país
Fernanda Krakovics, com agências internacionais (Email)
BRASÍLIA - O governo federal cobrou, neste domingo, explicações dos Estados Unidos sobre a
espionagem de cidadãos e empresas brasileiras pela Agência de Segurança
Nacional dos EUA na última década, segundo documentos coletados pelo
ex-técnico Edward Snowden, aos quais O GLOBO teve acesso. O
Ministério das Relações Exteriores pediu esclarecimentos ao embaixador
dos EUA Thomas Shannon e já acionou a embaixada brasileira em Washington
para fazer o mesmo diretamente ao governo americano. Além disso, o
governo brasileiro vai entrar com uma moção na Organização das Nações
Unidas (ONU) pedindo aperfeiçoamento da segurança cibernética para
evitar esse tipo de abuso por parte de um país.
A reação foi articulada pela presidente Dilma Rousseff, na manhã deste domingo, em reunião no Palácio da Alvorada com os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência).
Em outra frente, o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), pretende apresentar um requerimento, no máximo até terça-feira, convidando o embaixador americano para dar explicações na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. No Senado, o líder do partido, senador Randolfe Rodrigues, também fará a solicitação.
- A soberania nacional exige cobrança drástica da conduta inaceitável e invasora do governo norte-americano - afirma Ivan Valente. - As ruas devem execrar e repudiar a atitude de “polícia de mundo” dos Estados Unidos.
Contatado pela agência internacional de notícias AP, o porta-voz da embaixada americana em Brasília, Dean Chaves, limitou-se a dizer que o caso seria comentado apenas pelo governo em Washington. Repercutindo a revelação de O GLOBO, a AP também entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, que por meio de seu porta-voz, Tovar Nunes, disse que se a espionagem for comprovada “seria algo sumamente grave”, ao qual o governo brasileiro “responderia de acordo com a gravidade”.
Brasil é um dos alvos prioritários do sistema americano
Como mostrou O GLOBO na edição deste domingo, o Brasil, com extensas redes públicas e privadas digitalizadas, operadas por grandes companhias de telecomunicações e de internet, aparece destacado em mapas da agência americana como alvo prioritário da espionagem no tráfego de telefonia e dados (origem e destino), ao lado de nações como China, Rússia, Irã e Paquistão. É incerto o número de pessoas e empresas espionadas no Brasil, mas há evidências de que o volume de dados capturados pelo sistema de filtragem é constante e em grande escala.
Para facilitar sua ação global, a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) mantém parcerias com as maiores empresas de internet americanas. No último 6 de junho, o jornal britânico “The Guardian” informou que o software Prism permite à NSA acesso aos e-mails, conversas online e chamadas de voz de clientes de empresas como Facebook, Google, Microsoft e YouTube.
No entanto, esse programa não permite o acesso da agência a todo o universo de comunicações. Grandes volumes de tráfego de telefonemas e de dados na internet ocorrem fora do alcance da NSA e seus parceiros no uso do Prism. Para ampliar seu raio de ação, e construir o sistema de espionagem global que deseja, a agência desenvolveu outros programas com parceiros corporativos capazes de lhe fornecer acesso às comunicações internacionais.
Um deles é o Fairview, que viabilizou a coleta de dados em redes de comunicação no mundo todo. É usado pela NSA, segundo a descrição em documento a que O GLOBO teve acesso, numa parceria com uma grande empresa de telefonia dos EUA. Ela, por sua vez, mantém relações de negócios com outros serviços de telecomunicações, no Brasil e no mundo. Como resultado das suas relações com empresas não americanas, essa operadora dos EUA tem acesso às redes de comunicações locais, incluindo as brasileiras.
Venezuela espera e Rússia pressiona
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elias Jaua, disse no sábado que o país ainda não recebeu uma resposta de Snowden à sua oferta de asilo, feita na véspera. Bolívia e Nicarágua também ofereceram abrigo ao ex-técnico da CIA, mas ainda não está claro se ele vai aceitar alguma delas. Snowden permanece cercado por seguranças em uma área de trânsito do aeroporto internacional de Moscou, mas o governo russo já se movimenta para se livrar do “problema”. Alexei Pushkov, influente integrante do Parlamento russo e presidente da comissão de relações internacionais da instituição, postou uma mensagem em sua conta no Twitter criticando a demora do ex-técnico em responder à oferta venezuelana e afirmando que ela “talvez seja sua última chance de obter asilo político”.
A reação foi articulada pela presidente Dilma Rousseff, na manhã deste domingo, em reunião no Palácio da Alvorada com os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência).
Em outra frente, o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), pretende apresentar um requerimento, no máximo até terça-feira, convidando o embaixador americano para dar explicações na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. No Senado, o líder do partido, senador Randolfe Rodrigues, também fará a solicitação.
- A soberania nacional exige cobrança drástica da conduta inaceitável e invasora do governo norte-americano - afirma Ivan Valente. - As ruas devem execrar e repudiar a atitude de “polícia de mundo” dos Estados Unidos.
Contatado pela agência internacional de notícias AP, o porta-voz da embaixada americana em Brasília, Dean Chaves, limitou-se a dizer que o caso seria comentado apenas pelo governo em Washington. Repercutindo a revelação de O GLOBO, a AP também entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, que por meio de seu porta-voz, Tovar Nunes, disse que se a espionagem for comprovada “seria algo sumamente grave”, ao qual o governo brasileiro “responderia de acordo com a gravidade”.
Brasil é um dos alvos prioritários do sistema americano
Como mostrou O GLOBO na edição deste domingo, o Brasil, com extensas redes públicas e privadas digitalizadas, operadas por grandes companhias de telecomunicações e de internet, aparece destacado em mapas da agência americana como alvo prioritário da espionagem no tráfego de telefonia e dados (origem e destino), ao lado de nações como China, Rússia, Irã e Paquistão. É incerto o número de pessoas e empresas espionadas no Brasil, mas há evidências de que o volume de dados capturados pelo sistema de filtragem é constante e em grande escala.
Para facilitar sua ação global, a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) mantém parcerias com as maiores empresas de internet americanas. No último 6 de junho, o jornal britânico “The Guardian” informou que o software Prism permite à NSA acesso aos e-mails, conversas online e chamadas de voz de clientes de empresas como Facebook, Google, Microsoft e YouTube.
No entanto, esse programa não permite o acesso da agência a todo o universo de comunicações. Grandes volumes de tráfego de telefonemas e de dados na internet ocorrem fora do alcance da NSA e seus parceiros no uso do Prism. Para ampliar seu raio de ação, e construir o sistema de espionagem global que deseja, a agência desenvolveu outros programas com parceiros corporativos capazes de lhe fornecer acesso às comunicações internacionais.
Um deles é o Fairview, que viabilizou a coleta de dados em redes de comunicação no mundo todo. É usado pela NSA, segundo a descrição em documento a que O GLOBO teve acesso, numa parceria com uma grande empresa de telefonia dos EUA. Ela, por sua vez, mantém relações de negócios com outros serviços de telecomunicações, no Brasil e no mundo. Como resultado das suas relações com empresas não americanas, essa operadora dos EUA tem acesso às redes de comunicações locais, incluindo as brasileiras.
Venezuela espera e Rússia pressiona
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elias Jaua, disse no sábado que o país ainda não recebeu uma resposta de Snowden à sua oferta de asilo, feita na véspera. Bolívia e Nicarágua também ofereceram abrigo ao ex-técnico da CIA, mas ainda não está claro se ele vai aceitar alguma delas. Snowden permanece cercado por seguranças em uma área de trânsito do aeroporto internacional de Moscou, mas o governo russo já se movimenta para se livrar do “problema”. Alexei Pushkov, influente integrante do Parlamento russo e presidente da comissão de relações internacionais da instituição, postou uma mensagem em sua conta no Twitter criticando a demora do ex-técnico em responder à oferta venezuelana e afirmando que ela “talvez seja sua última chance de obter asilo político”.
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