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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Pais percorrem 800 km pelo Brasil para realizar o sonho do filho

Sem dinheiro e sem conhecer ninguém fora de sua cidade, em Goiás, Seu Vianei largou o emprego e os parentes, e atravessou o país pra realizar o sonho do filho: virar jogador de futebol.

A Cavaran ano 84 carrega um armário e o sonho de uma família. "Saímos de Aparecida de Goiânia até Campinas, mais de 30 horas de viagem", diz Ivanilda da Silva Fagundes, mãe de Fabio.

“Larguei família, casa, tudo para trás para ver o sonho do meu filho, que é ser um jogador de futebol”, declara Vianei Muniz de Oliveira, pai de Fabio.

A história da família Oliveira lembra o enredo do filme “Dois Filhos de Francisco”, que conta a história da dupla Zezé de Camargo e Luciano e mostra a saga do pai que faz de tudo pelo sucesso dos filhos.

E assim como no filme, Seu Vianei também vem de Goiás. Tudo começou nos campos de Várzea, em Aparecida de Goiânia, onde um pai obcecado treinou o filho até debaixo de chuva. “São poucos pais que fazem isso, então agora eu tenho que dar o máximo nos treinos para retribuir o favor”, diz Fábio Ricardo da Silva Muniz

E repetiu a receita de Zezé e Luciano, com muito ovo cru.

Em 2010, Fábio ficou seis meses na escolinha do Goiás, time de coração do pai, que também jogou em times amadores. Fábio acabou dispensado e o pai decidiu percorrer o Brasil em busca de outro clube. Deixou a casa simples em Aparecida de Goiânia e foi embora sem nem avisar os dois filhos que ficaram.

“A gente foi dormir no domingo, quando a gente acordou, eles não estavam mais aqui. Só depois de três dias conseguimos contato com eles”, conta Walter Muniz. Irmão de Fábio.

Seu Vianei era motorista em uma empresa, mas pediu para ser demitido pelo dinheiro da rescisão: “Investi no carro. Comprei bateria, pneu. Gastei uns R$ 1,6mil. Ganhei na rescisão uns R$ 2 mil, então sobrou R$ 400 e coloquei petróleo para poder chegar. Vim a 60, 70 quilômetros pro hora”.

Após rodar 560 quilômetros, eles passaram a noite em um posto em Jaboticabal. No dia seguinte, mais 260 quilômetros rumo a Campinas. E próximo ao estádio do Guarani, o Brinco de Ouro, a última parada. “Eu sou torcedor do Goiás. Gosto do verde, e o Guarani é verde”, diz Seu Vianei.

Para realizar o sonho do filho, os pais se preparam para acampar em qualquer lugar, pelo tempo que for preciso. A velha Caravan é a casa temporária e também o depósito do kit de sobrevivência.

“Trouxemos dois colchões, edredon”, conta Dona Evanilde.

“Tem o bujão de gás para fazer uma comidinha, o fogãozinho, a panela. Tem farinha, feijão e a frigideira para fritar um ovo”, mostra Seu Vianei.

Em Campinas, pela segunda vez eles dormiram dentro do carro. O sacrifício foi recompensado no dia seguinte. O Guarani abriu as portas e Fabio até bateu bola com os profissionais. O clube aceitou fazer uma avaliação desde que o menino voltasse para a escola.

“A gente nem estava avaliando, abrimos uma exceção pela situação, pelo fato dele ter vindo de longe”, explica Gustavo Perrone, técnico Sub-15 do Guarani.

Fabio chega ao Centro de Treinamento do Guarani, onde vai ser avaliado. “Com certeza qualidade ele tem. Tem uma boa técnica, é rápido, vai para cima”, analisa o técnico Gustavo Perrone.

“Quero fazer três gols pra pedir música pro Fantástico”, diz Fábio.

“Os pais têm que fazer esforço para ver o sonho do filho ser realizado, estou fazendo minha parte, é um ato de amoré sacrifício”, declara Seu Vianei.

“Sonho em jogar no são Paulo, no Real Madri, na seleção brasileira. Ganhar uma Copa do Mundo com um gol meu”, diz Fábio.

“Pelo sonho do meu filho eu faria de novo”, afirma Seu Vianei.

“Existem milhares de “filhos de Francisco”, correndo atrás, batalhando, em busca de dias de melhores”, declara Dona Evanilde.

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