Andrea Campanilli criou uma técnica para reaproveitar o material.
Bolsas, carteiras e outros objetos são 'inventados' a partir das caixas.
Artesã exibe as bolsas e colares feitos de caixas de leite vazias (Foto: Mariane Rossi/G1)
A artesã Andrea Campanilli deixou de lado a vida de comerciante para se
dedicar a confecção de bolsas, carteiras e acessórios feitos caixinhas
de leite vazias. Ela chegou em Santos há 9 anos e começou a trabalhar na
cantina de um colégio particular. Cansada da rotina e de deixar sua
formação como artista plástica de lado, ela resolveu, neste ano, se
dedicar totalmente a vocação de criar arte.
Seu desejo inicial era utilizar a cartonagem, uma técnica que faz peças
a partir de papelões comprados em lojas, mas sua idéia mudou logo
depois de uma observação diária. “Eu sempre separei o lixo limpo. Minha
área de serviço é pequena e ficava com um monte de caixinha de leite
porque só vinham recolher uma vez por semana o lixo reciclável. Eu vi
esse monte de caixas e pensei que eu precisava fazer alguma coisa com
elas. Depois eu fui atrás de mexer”, conta.
Ela afirma que procurou na internet alguma técnica que utilizasse esse
tipo de material, mas não encontrou. “Podia ser qualquer coisa. Eu só
queria utilizar aquilo para desocupar o meu espaço e aproveitar que eu
estava com o material para fazer. Não achei nada. Tinha umas coisas
muito simples que não chega a ser uma peça que você fala que vai usar.
Não existe uma técnica”, diz ela.
Bolsa e carteira da mesma estampa podem ser
usadas em festas (Foto: Mariane Rossi/G1)
usadas em festas (Foto: Mariane Rossi/G1)
O jeito foi experimentar e tentar fazer alguma peça com o material que
ela tinha em casa. Andrea recolheu retalhos, testou tipos de cola e
conseguiu fazer as primeiras bolsas. “Eu não tinha a cola certa. Eu não
tinha manta. Eu não tinha nada. Eu fui pegando as coisas que tinha em
casa e fui fazendo. Com o tempo vi que dava certo”, diz. Em seguida, a
família foi convidada para um casamento e fez bolsas, tipo carteiras,
para ela, para a mãe e irmã irem na festa. Andrea imaginou que aquela
noite seria definitiva para testar seus produtos. Ela conta que os
convidados não acreditaram que as bolsas que elas usavam eram feitas de
caixinhas de leite.
Depois da primeira leva de produtos, que foi muito bem aceita pelas
mulheres, ela resolveu passar a trabalhar com a técnica criada. A
família, os amigos e conhecidos traziam as caixas de leite vazias, junto
com os retalhos, e ela usava a criatividade. Tecidos lisos, de oncinha,
caveira e alguns até desenhados a mão são usados para fazer bolsas e
carteiras de diversos tamanhos. Em uma delas, a artesã fez tranças com a
parte de dentro da embalagem, transformando o material em uma bolsa
prateada. “Quando as pessoas conhecem meu trabalho, elas começam a
guardar caixinhas de leite para mim. No começo eu falava que podia.
Depois eu não sabia mais aonde enfiar caixinhas de leite”, diz.
Para ela, as pessoas gostariam de reutilizar algumas coisas que vão
para o lixo, o que falta é conhecimento para criar produtos utilizáveis.
“A minha idéia é mostrar para as pessoas que dá para fazer um
reaproveitamento e usar sempre. Você pode ir num casamento, em uma
festa, pode usar em um look normal. Não é uma coisinha que você faz e
joga fora”, diz ela.
Detalhe do forro de uma das bolsas
(Foto: Mariane Rossi/G1)
(Foto: Mariane Rossi/G1)
Andrea conta que tem muita dificuldade para vender os produtos porque
quando diz que faz bolsas recicladas ninguém acredita ou não tem ideia
do valor de seu trabalho. “Eu estava em busca de um parceiro que tenha
uma loja bacana, mas as pessoas tem resistência. Todo mundo acha que
artesanato é pano de prato, bordado, e não é isso. Eu estudo para fazer
isso”, afirma. Para provar que as bolsas são feitas com as embalagens,
ela mostra as ranhuras da caixa e conta que algumas pessoas até chegam a
se aproximar do material para ver se tem cheiro de leite.
Depois das bolsas e carteiras, a pedido de uma modelo, ela também
passou a montar risque rabisque, porta retratos e caixinha utilizadas
como porta papel higiênico, que substitui as caixinhas de lenço de
papel. Outra novidade são os mega colares que Andrea passou a fazer após
a sugestão de uma cliente. "Ainda é tudo muito novo. Nos colares ainda
estou experimentando modelo, tipo de cola que usa em cada tipo de tecido
e os materiais”, explica.
Para fortalecer o trabalho, a artesã criou a marca 'As Marias Arte
Reciclagem' e passou a divulgar seus produtos nas redes sociais. Ela faz
encomendas e recebe as clientes em sua própria casa, onde cria,
trabalha e tem seu ateliê, recolhendo todos os retalhos e as caixinhas
de leite utilizadas nas confecções
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