Por Daniel Silveira e Marta Cavallini, G1
As vendas do
comércio varejista brasileiro caíram 0,3% em junho na comparação com o mês
anterior, segundo divulgou nesta sexta-feira (10) o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do segundo resultado negativo
consecutivo, acumulando perda de 1,5% em dois meses.
A taxa de maio
foi revisada para queda de 1,2% em vez de 0,6%, devido à greve dos
caminhoneiros que causou desabastecimento e queda no consumo também no mês
seguinte.
Números
do varejo:
·
Junho em relação
a maio: -0,3%
·
Junho em relação
a mesmo mês de 2017: 1,5%
·
1º semestre:
2,9%
·
2º trimestre:
1,6%
·
Acumulado de 12
meses: 3,6%
Com o resultado
de junho, o patamar de vendas do comércio varejista ficou 7,7% abaixo do nível
recorde do setor, alcançado em outubro de 2014. Essa distância chegou a 13,4%
em dezembro de 2016, o que demonstra recuperação gradativa do setor.
Em relação a
junho do ano passado, o comércio varejista cresceu 1,5%. Foi a 15ª taxa
positiva seguida, embora menor que a de maio (2,7%).
No fechamento do
segundo trimestre, o volume de vendas cresceu 1,6% - bem abaixo da alta de 4,3%
registrada no primeiro trimestre do ano.
No acumulado no
ano, a alta foi de 2,9%, também abaixo do último semestre do ano passado,
quando o setor acumulava alta de 4,2%. Apesar da desaceleração, foi o segundo
semestre de alta consecutiva, depois de o setor registrar cinco quedas
semestrais seguidas.
O acumulado em
12 meses passou de 3,7% em maio para 3,6% em junho, sinalizando estabilidade.
Além dos dados
de maio, o IBGE revisou os dados do comércio de todos os meses deste ano. Em
abril, a alta de 0,7% foi revisada para 1,1%. Em março, ao invés de um avanço
de 1%, a alta foi de 0,9%. Fevereiro, quando havia sido divulgada uma
estabilidade de 0%, houve queda de 0,1%. E em janeiro o setor avançou 0,9%, ao
contrário do 1% que havia sido divulgado.
Vendas no comércio
Desempenho do varejo mês a mês
1,61,6-0,5-0,5-0,3-0,30,50,5-0,5-0,50,80,8-0,5-0,50,90,9-0,1-0,10,90,91,11,1-1,2-1,2-0,3-0,3Jun/17Jul/17Ago/17Set/17Out/17Nov/17Dez/17Jan/18Fev/18Mar/18Abr/18Mai/18Jun/18-1,5-1-0,500,511,52
Fonte:
IBGE
De acordo com a
gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes, a queda
no volume de vendas do varejo em junho foi mais um reflexo da greve dos
caminhoneiros.
“Os
impactos da greve se localizaram na atividade de hiper e supermercados que está
compensando um movimento alto observado em maio”, disse.
A pesquisadora
apontou que houve uma antecipação de compras em maio nos supermercados, “já que
algumas famílias, preocupadas com o desabastecimento, anteciparam suas
compras”.
Por setores
A greve refletiu
também na venda de combustíveis e lubrificantes, mas com menos intensidade que
na atividade supermercadista. “A venda de combustíveis já vinha num ritmo de
queda, porque é uma atividade que vem numa trajetória crescente de aumento de
preços”, ponderou a pesquisadora.
Das oito
atividades do setor varejista pesquisadas, somente combustíveis e supermercados
tiveram queda em junho – respectivamente de 1,9% e de 3,5%. O segmento de
livros, jornais, revistas e papelaria ficou estável, enquanto as outras cinco
atividades apresentaram resultados positivos, sendo a mais expressiva na
atividade de móveis e eletrodomésticos, que teve alta de 4,6%.
Resultados por
atividades:
·
Hipermercados,
supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,5%)
·
Combustíveis e
lubrificantes (-1,9%)
·
Móveis e
eletrodomésticos (4,6%)
·
Equipamentos e
material para escritório, informática e comunicação (4,1%)
·
Outros artigos
de uso pessoal e doméstico (2,6%)
·
Tecidos,
vestuário e calçados (1,7%)
·
Artigos
farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,9%)
·
Livros, jornais,
revistas e papelaria (0,0%)
Recuperação lenta
Com o desemprego
ainda elevado e confiança dos empresários ainda baixa diante das incertezas em
relação às eleições, a expectativa é um ritmo de recuperação mais lento da
economia.
Pesquisa Focus
mais recente do Banco Central, que ouve cerca de uma centena de economistas
todas as semanas, aponta que as expectativas para o crescimento da economia para este ano
estão em 1,50%, metade do que era esperado alguns meses antes. O
próprio governo federal reduziu recentemente sua previsão de crescimento do PIB
neste ano de 2,5% para 1,6%. Até maio, estava em 2,97%.
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