Tabela de preços que mede nível de cortesia do cliente foi ideia da dona.
Outra lanchonete cobra salgado conforme consumo informado pelo cliente.
Já pensou em ganhar desconto no café porque deu um 'bom dia'? Ou então comer e na hora de pagar você dizer o quanto consumiu, sem comanda ou anotação? Essas são estratégias de empresários de Campo Grande para conquistar a simpatia e confiança dos clientes.
Quem entra na pequena lanchonete no Centro da capital de Mato Grosso do Sul dá de cara com uma placa curiosa que chama a atenção.
É a tabela que mede o nível de cortesia do cliente e carrega junto o preço para cada forma de pedir.
Quanto mais educação, maior o desconto no cafezinho. O preço normal é R$ 2, se pedir 'por favor' cai para R$ 1,50 e se der 'bom dia' para a Andreia, dona da lanchonete, o cafezinho sai a R$ 1.
A ideia do quadro foi da dona da lanchonete, Andreia Dias. Ela reconhece que a atitude positiva dá efeito. "Eu vejo uma dificuldade nas pessoas. Elas lêem às vezes vão até a metade e param, dão um sorriso, mas, no geral, tem surtido efeito", avaliou Andreia.
Cliente da lanchonete, o empreiteiro Roberto de Melo, apoia a iniciativa. "Ser cordial, ser gentil, não passa da nossa obrigação, mas, de qualquer forma, dá um estímulo", avaliou.
A história de estimular a gentileza no café rendeu até casamento para Andreia. O romance com um cliente surgiu entre um atendimento e outro. "Oi, bom dia, Andréia... por favor, um café... Oi bom dia, Andréia, seu cabelo... sua pele e tem dois anos que eu casei", contou.
Confiança
Em outra lanchonete da cidade, o cliente paga a conta de acordo com o consumo informado por ele mesmo. Não existe comanda ou anotação, a cobrança é feita na base da confiança. A prática é tradição do local há mais de 30 anos e foi ideia do fundador da lanchonete.
Cliente do local, o contador Alfredo Amarilha gosta da estratégia. "Está faltando hoje em dia o ser humano praticar mais isso, a confiança, a honestidade de pegar o que quer e pegar pelo justo", ressaltou.
A estratégia da lanchonete faz vender 4 mil salgados por dia. O carro chefe é a esfirra fechada uma tradição da família libanesa. O esquema de se servir, consumir e informar no caixa começou há 38 anos, quando a esfirraria foi aberta.
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Filho do fundador e também dono da lanchonete, José Thomaz Filho, diz que nesse tempo de prática é bem provável que alguém já tenha pago menos do que deveria, mas ele prefere acreditar nas pessoas. Como o negócio está dando certo há tantas décadas, a estratégia vai ser mantida.
"No fim, a gente deixa de ganhar teoricamente, mas muitos se reciclam e vêem que essa liberdade faz fluir esse lado honesto das pessoas. E isso é muito bom", avaliou.
A iniciativa é vista como forma de estimular a boa conduta, segundo os clientes Ricardo Monteiro e Magno Baís. "Vejo que ele cria a oportunidade das pessoas exercitarem a honestidade que existe em todas as pessoas", ressaltou Baís.
A especialista em Recursos Humanos, Márcia Fachini, comenta que os dois comerciantes citados acima estão no caminho certo. "Estabelecer essa relação de confiança com o cliente é o caminho para o sucesso. Quanto mais sua atitude for positiva, melhor será o atendimento e a relação com o cliente", explicou.
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