E lá se foi o velho menino

Texto By Lenildo Alves Santana

Na tarde de terça-feira, 11 de fevereiro, a agitação do aeroporto de Ilhéus não permitia distinguir entre as centenas de pessoas que por ali transitavam a presença de um velho menino, simples de cabelos grisalhos disfarçados de castanhos, de ousadia típica nos adolescentes em idade de vestibular. Carlos Alberto de Matos Ferreira, popularmente conhecido como Carlinhos de Boca Rica, tal qual fez a mais de trinta anos portava uma chamativa, pelo tamanho, mala vermelha, uma tiracolo no ombro, bilhete de passagem na mão e sonho de menino na cabeça, fazer medicina na Bolívia.

O fato é natural para qualquer adolescente em fase de formação, adrenalina a mil, pais e mães ansiosos e desejo de mudar o mundo, mas com Carlinhos, exceto o desejo de muda o mundo, a historia é diferente.  Aos cinquenta e seis anos, formado pela Universidade Federal da Bahia a mais de trinta em farmácia bioquímica, aposentado, filhos formados, dois empregos, referência profissional e pessoal que permite ao mesmo se acomodar e viver com tranquilidade o que construiu na vida tem a ousadia de deixar tudo para viver num país distante, conviver com outra língua, outra cultura e recursos inferiores aos que estar acostumado para sobreviver.

Os amigos, e são muitos, disseram a Carlinhos que é loucura largar tudo e começar de novo, que já temos médicos suficientes e não precisamos de mais profissionais, que ele não vai aguentar o tranco, afinal já não é mais o menino que foi para a UFBA e ele com seu sorriso fácil, com seu jeito simples respondeu que tudo que precisa para sobreviver ele dispõe e que estudar é uma das coisas que mais gosta de fazer, que quatro anos, ele vai convalidar varias disciplinas, passam rápido.

Viajou mais de dois dias, sua conexão tinha viagem de avião, ônibus e outras modalidades de transportes, chegou a Bolívia para de lá voltar Doutor, como talvez tenha sido o sonho de D. Elísia, de Boca e dona Jurandira. Que sirva de exemplo, que nos inspire e continuar vivendo cada dia com a esperança de um mundo novo. Torço por você companheiro. Boa sorte.

LENILDO ALVES SANTANA