Reportagem do Fantástico deste domingo mostrou gravações do golpe.
José Arnaldo Paschoal convencia empresários a doar dinheiro.
O programa revelou algumas ligações telefônicas feitas pelo criminoso e gravadas pela polícia com autorização da Justiça. Nelas, ele finge ser prefeito de determinada cidade e então convence empresários a contribuírem com dinheiro – ele insinuava que “retribuiria o favor”. Conhecido pela polícia como Zezo e dono de uma ficha policial de mais de 15 metros de extensão, conforme cita o Fantástico, o estelionatário é filho de José Nogueira de Abreu, que foi prefeito de Agudos, no interior de São Paulo, entre 1960 e 1963.
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Zezo chegou a ser preso e condenado em 2006, mas em 2010 obteve permissão para cumprir pena em regime aberto, deixando um centro de detenção em Bauru, no interior de São Paulo. Dois meses adiante, ele voltou a praticar o crime que o tinha levado à prisão. Finalmente no dia 9 de maio deste ano ele foi detido novamente. Zezo e mais sete comparsas foram denunciados pelo Ministério Público por estelionato.
No início da reportagem, o Fantástico reproduz o telefonema que resultou em um dos golpes do criminoso antes de ele ser preso, em maio passado. Na conversa, ele se passa por Johannes van Melis, prefeito de Paranapanema, no interior de São Paulo, e fala com um empresário que se identifica como Noel. Sob o argumento de que vai inaugurar uma creche, o falso prefeito pede “uma mãozinha para pagar a festinha”.
O empresário oferece R$ 1 mil, mas é convencido por Zezo a doar R$ 2 mil. De acordo com o Fantástico, Noel foi o único dos empresários que aparecem nas gravações a aceitar gravar entrevista para o programa. “Esse dinheiro era para uma entidade, não é? Aí eu fiquei com dó”, explica Noel ao repórter. Perguntado se imaginava estar sendo vítima de golpe, o empresário responde negativamente.
De acordo com o Fantástico, o verdadeiro prefeito de Paranapanema demonstrou surpresa ao ouvir, de uma funcionária, que havia empresários oferecendo dinheiro ao município. “Ela falou: ‘Mas aqui ninguém pediu dinheiro para ninguém’”, afirma o prefeito.
Segundo mostra o Fantástico, Zezo costumava ligar para os setores de licitação das prefeituras antes de escolher suas vítimas. Ele se identificava como prefeito de alguma cidade vizinha e assim obtinha as informações de que precisava, usando-as para posteriormente convencer os empresários. O dinheiro, por fim, era depositado na conta corrente de comparsas do estelionatário.
No entanto, Marcos Fernandes, um especialista em gestão pública ouvido pelo Fantástico, afirma que doações a órgãos públicos não podem ser feitas na conta de pessoas físicas. “A doação tem que ser feita para uma pessoa jurídica, no caso, a prefeitura.”
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