Wilder Morais deve assumir lugar de Demóstenes Torres, cassado na quarta.
Parlamentares cobram explicações de Morais sobre ligação com bicheiro.
Conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal (PF) mostram relação entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e Wilder Morais, primeiro-suplente do senador cassado Demóstenes Torres
(GO). No áudio de 2011, obtido durante as investigações que levaram
Cachoeira à prisão, o bicheiro afirma que foi responsável pela ascenção
política de Wilder Morais.
As conversas foram publicadas no jornal "Folha de S.Paulo" desta quinta-feira (12). Veja o áudio no vídeo ao lado.
Cachoeira: Fui eu que te pus na suplência, essa secretaria, fui eu. Você sabe muito bem disso.
Wilder: Carlinhos, deixa eu te falar um negócio procê. Pensa um cara que nunca teria, enfim, encontrado um governo, que nunca teria sido b.... nenhuma, cara. Você tá falando com esse cara.
Wilder: Carlinhos, deixa eu te falar um negócio procê. Pensa um cara que nunca teria, enfim, encontrado um governo, que nunca teria sido b.... nenhuma, cara. Você tá falando com esse cara.
Demóstenes reassumiu nesta quinta seu cargo de procurador de Justiça de Goiás no Ministério Público do estado. Pela manhã, a assessoria do senador cassado fez uma limpeza no gabinete. Papéis, cartões de visita e a placa com o nome de Demóstenes Torres foram retirados.
Pelo regimento, Wilder Morais tem até 90 dias para assumir o mandato.
Ele não oficializou a posse. A assessoria disse que ele está viajando e
que não foi localizado para comentar a denúncia de ligação com Carlinhos Cachoeira.
Wilder Morais é secretário de Infraestrutura de Goiás, primeiro cargo
público dele, que é engenheiro e tem uma construtora com sede em Goiânia
e filial na Índia. Ele também é ex-marido de Andressa Mendonça, atual
mulher de Carlinhos Cachoeira.
Nesta quarta, senadores cobraram explicações de Wilder. O presidente da
Comissão de Constituição e Justiça, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou
que a ligação deixa o futuro senador em situação "nada confortável".
"Não é nada confortável se chegar aqui e olhar para os pares já com
algum tipo de denúncia. Mas é preciso que a gente analise, verifique que
o tipo de denúncia, qual profundidade dessa denúncia e se elas são
verdadeiras ou não."
O PSOL, responsável pelo pedido de cassação de Demóstenes, também pediu
esclarecimentos. "Alguém que é pego em interceptação com o Carlos
Cachoeira dizendo que tudo que tem de mandato da política deve a Carlos
Cachoeira, ora, tem que chegar aqui prestando explicações ao conjunto
dos parlamentares."
Omissão de bens
P líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), defendeu que Wilder Morais use a tribuna do Senado também para se defender das denúncias de que omitiu bens à Justiça Eleitoral.
P líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), defendeu que Wilder Morais use a tribuna do Senado também para se defender das denúncias de que omitiu bens à Justiça Eleitoral.
Na edição da quarta-feira (11), reportagem
do jornal "O Globo" afirma que Wilder Morais, que é secretário de
Infraestrutura de Goiás, omitiu boa parte do seus bens na prestação de
contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem,
baseada em registros da Junta Comercial de Goiás, mostra Wilder como
sócio-proprietário de 24 empresas. Na declaração de bens à Justiça
Eleitoral são listadas 15 empresas, com patrimônio declarado de R$ 14,4
milhões.
Wilder Morais (Foto: Diomício Gomes/O Popular)
"Seria fundamental que ele explique, ou até afirme aqui, do ponto de
vista da sua defesa, para não ser acusado de que está sendo adjetivado,
sem ter a oportunidade de falar. Ele terá a partir da sua posse uma
tribuna à sua disposição", disse o petista.
Ainda na quarta (11), por meio de sua página no microblog twitter, o
suplente afirmou que há um equívoco de informação. "Sobre os bens que a
imprensa diz não estarem na minha prestação de contas, há um equívoco na
informação", diz a primeira mensagem. Logo em seguida, ele afirmou: "os
empreendimentos citados pertencem ao Grupo Orca, onde sou um dos
cotistas. Isso consta em minha prestação de contas no TSE e na RF
[Receita Federal]".
Nenhum comentário:
Postar um comentário