Roberto Abreu registrou cerca de 20 mulheres em mais de um ano e meio.
Tema do ensaio surgiu de curiosidade da época da infância.
O fotógrafo Roberto Abreu lança, no dia 7 de novembro, no Ateliê da Imagem, na Urca, na Zona Sul do Rio, o livro “Confere com o original”, com ensaios feitos com 20 prostitutas da Praça Tiradentes, no Centro.
“Eu sou mineiro e acho que toda cidade do interior das décadas de 70 e 80 tem a memória da rua dos prostíbulos. E eu, que era menino, tinha uma curiosidade, um certo encantamento. Passando pelo Centro, me deparei com uma cena parecida, mas eram mulheres veteranas, algumas com mais de 60 anos”, contou ele.O resultado do trabalho, que durou um ano e meio, ainda não acabou. Abreu afirmou que este é apenas um recorte e que pretende continuar a fotografar as profissionais do sexo que trabalham na região. Nascido em Muriaé, na Zona da Mata de Minas Gerais, o interesse pelo tema surgiu das memórias dos tempos de menino.
A decisão definitiva de imortalizá-las diante de suas lentes veio após perceber que o processo de revitalização pela qual a área passa poderia fazer com que elas fossem "empurradas" para outro lugar.
Desconstrução de preconceitos
Roberto afirma que, para fazer um bom trabalho, foi preciso deixar de lado os tradicionais preconceitos que costumam rondar as prostitutas mais velhas: “Em nenhum momento, eu quis passar um olhar de piedade ou de pena. Durante toda a convivência, eu não ouvi uma história trágica. Elas encaram como um trabalho", disse.
Roberto afirma que, para fazer um bom trabalho, foi preciso deixar de lado os tradicionais preconceitos que costumam rondar as prostitutas mais velhas: “Em nenhum momento, eu quis passar um olhar de piedade ou de pena. Durante toda a convivência, eu não ouvi uma história trágica. Elas encaram como um trabalho", disse.
Ele conta ainda que a abordagem inicial gerou uma certa confusão: “Incialmente, elas reagem como se fosse uma cantada, como se estivessem sendo assediadas por um cliente”.
Mas o fotógrafo assegura que a constância no contato é o segredo deste tipo de ensaio. “Eu vou lá quase mensalmente. Tenho procurado conviver o máximo com estas pessoas, porque para fazer este tipo de retrato tem que acontecer uma interação, uma intimidade. Algumas delas sequer chegaram a tirar a roupa”, acrescenta Roberto, que também planeja uma exposição com as imagens.
Inspiração no grafite
O título do livro surgiu em um dos intervalos do trabalho, feito no Hotel Nicácio, onde a maioria das prostitutas faz programas.
O título do livro surgiu em um dos intervalos do trabalho, feito no Hotel Nicácio, onde a maioria das prostitutas faz programas.
“Eu estava em dúvida quanto ao título. Estava fotografando um dos ensaios e todos os quartos do hotel são grafitados. Corre a lenda que estudantes de Belas Artes grafitaram o local. Ao final do ensaio, me deparei com a frase em um rodapé e a figura da mulher. Pensei: 'é este'. Eu acho bem intrigante”, explicou.
Além do livro de Roberto Abreu, o evento também contará com o lançamento dos trabalhos de Marilene Aracatti, Thereza Carvalho, Pedro Kuperman e Márcia Lacerda.
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