Em busca de proteção, outros PMs mudaram de cidade e até de estado.
Na capital, condomínio de policiais mantém vigias e segurança 24 horas.
Fugir das estatísticas que já incluem 100 policiais militares mortos neste ano em São Paulo exige sacrifício de policiais militares e de seus parentes. O G1
ouviu essas pessoas. Ameaçadas ou atacadas, elas precisaram deixar seus
bairros ou suas cidades e até mudaram de estado para fugir da onda de
violência, protagonizada por criminosos executando agentes de segurança e
policiais matando bandidos para vingar as mortes dos colegas.
Segundo a Polícia Militar, até quarta-feira (12), 102 policiais
militares foram assassinados no estado, sendo 80 deles na ativa e 22
aposentados. Dos que estavam em atividade, 3 foram mortos em serviço e
77 enquanto estavam de folga.
“Eu tenho casa, mas não tenho lar. Tenho esposa e família, mas não posso conviver com eles”, conta um sargento reformado da Polícia Militar (PM) que teve seu nome encontrado em uma lista que citava policiais marcados para morrer na favela de Paraisópolis, na Zona Sul da capital paulista. Depois da descoberta, ele passou a receber escolta da PM durante 24 horas. Uma viatura ficava parada em frente a sua residência enquanto policiais da Rocam lhe davam cobertura quando precisava sair de casa. Cansado de ser alvo e ainda com medo da violência apesar da proteção, o sargento decidiu deixar São Paulo e se afastar da sua família.
“Eu tenho casa, mas não tenho lar. Tenho esposa e família, mas não posso conviver com eles”, conta um sargento reformado da Polícia Militar (PM) que teve seu nome encontrado em uma lista que citava policiais marcados para morrer na favela de Paraisópolis, na Zona Sul da capital paulista. Depois da descoberta, ele passou a receber escolta da PM durante 24 horas. Uma viatura ficava parada em frente a sua residência enquanto policiais da Rocam lhe davam cobertura quando precisava sair de casa. Cansado de ser alvo e ainda com medo da violência apesar da proteção, o sargento decidiu deixar São Paulo e se afastar da sua família.
Oficialmente, a PM não informa quantos policiais alvos de criminosos
estão sob proteção da corporação, mas representantes de entidades de
classe afirmam que ao menos 20 agentes têm escolta, sendo que seis deles
deixaram a capital paulista com apoio das associações.
Uma das filhas do sargento reformado citado na lista feita pela facção
criminosa que atua dentro e fora dos presídios, Bruna, uma professora de
34 anos, alega que a ameaça sofrida pelo pai a obrigou a deixar o
trabalho e sua casa. Com medo de também ser alvo dos criminosos, ela
suporta agora a dor de ficar longe da filha de nove anos. “Tive que
deixar minha filha com a família do pai. Nunca fiquei tanto tempo longe
dela”, lamenta a mãe, em prantos. “Ela está sentindo muito minha falta,
chora muito. Suas notas caíram na escola”. A família pretende agora
vender o imóvel, pois não quer voltar ao bairro onde vivia.
Colete e casa nova
Após ter seu carro atingido por tiros disparados por homens com capacetes em duas motos, um soldado que preferiu não se identificar conta já ter mudado duas vezes de endereço neste ano. Apesar do risco, disse não ter solicitado escolta. "A polícia de São Paulo tem mais de 100 mil integrantes. Qual desses 100 mil não correm risco hoje? Seria impossível se todos os policiais pedissem proteção a seus comandantes", comenta o policial.
Colete e casa nova
Após ter seu carro atingido por tiros disparados por homens com capacetes em duas motos, um soldado que preferiu não se identificar conta já ter mudado duas vezes de endereço neste ano. Apesar do risco, disse não ter solicitado escolta. "A polícia de São Paulo tem mais de 100 mil integrantes. Qual desses 100 mil não correm risco hoje? Seria impossível se todos os policiais pedissem proteção a seus comandantes", comenta o policial.
"Eu mudei a minha rotina, completamente. Eu mudei de residência duas
vezes. Eu não frequento mais lugares público e, fé em Deus", conta o
soldado.
Condomínio
Em um dos três condomínios da Grande São Paulo ocupado por uma maioria de policiais desde o fim dos anos 90, a ordem é reforçar a segurança com vigias, segurança 24 horas. Os próprios moradores se revezam na vigilância: armados, eles ficam nas portarias e no alto dos prédios, monitorando quem entra e quem sai para garantir tranquilidade as suas famílias. "O temor de uma invasão, de um ataque interno, isso é praticamente nulo porque os próprios moradores oferecem resistência adequada", diz o síndico, que é cabo da PM.
"A orientação que nós estamos passando aos moradores foi a seguinte: quanto ao horário de chegada e saída dos moradores, redobrar a atenção. Nós reforçamos a segurança nos portões de saída, colocando sempre um morador que se voluntaria a ficar com o porteiro até o horário de saída dos moradores, e na chegada também", disse.
Condomínio
Em um dos três condomínios da Grande São Paulo ocupado por uma maioria de policiais desde o fim dos anos 90, a ordem é reforçar a segurança com vigias, segurança 24 horas. Os próprios moradores se revezam na vigilância: armados, eles ficam nas portarias e no alto dos prédios, monitorando quem entra e quem sai para garantir tranquilidade as suas famílias. "O temor de uma invasão, de um ataque interno, isso é praticamente nulo porque os próprios moradores oferecem resistência adequada", diz o síndico, que é cabo da PM.
"A orientação que nós estamos passando aos moradores foi a seguinte: quanto ao horário de chegada e saída dos moradores, redobrar a atenção. Nós reforçamos a segurança nos portões de saída, colocando sempre um morador que se voluntaria a ficar com o porteiro até o horário de saída dos moradores, e na chegada também", disse.
Segundo o síndico, o cuidado com as visitas é redobrada. "Orientamos os
funcionários quanto a chegada de visitas. Para não permitir que uma
visita entre sozinha sem ser anunciada por um morador. E o morador tem
que descer para subir com a visita. caso contrário essa pessoa não
entra", explica o síndico. Neste ano, um dos moradores, que não era PM,
foi confundido com um policial e acabou morto por um homem em frente ao
condomínio.
Policial militar, morador de condomínio de PMs, faz revezamento com
demais colegas de profissão na segurança do local (Kleber Tomaz / G1)
demais colegas de profissão na segurança do local (Kleber Tomaz / G1)
Famílias afetadas
Quem não conta com uma estrutura de apoio formada pela própria vizinhança relata que toma cuidados individuais. Com medo, uma professora de 32 anos que preferiu não se identificar, mulher de um soldado da PM de Santos, diz que se sente mais segura quando está longe do marido, que está há sete anos na corporação.
Quem não conta com uma estrutura de apoio formada pela própria vizinhança relata que toma cuidados individuais. Com medo, uma professora de 32 anos que preferiu não se identificar, mulher de um soldado da PM de Santos, diz que se sente mais segura quando está longe do marido, que está há sete anos na corporação.
“Eu me sinto mais segura em sair sozinha com as crianças do que quando
ele está junto”, diz ela. “Quando a gente sai junto, eu dirijo enquanto
ele observa”. Segundo a professora, os vidros do carro da família
receberam película escura e ficam sempre fechados. Quando o casal sai
junto de casa, apenas a mulher dirige o carro enquanto o marido fica com
a arma nas mãos e de olho em suspeitos que possam se aproximar do
veículo.
Os filhos do casal, de 12 anos e 2 anos, que iam para a escola na
companhia do pai, passaram a ser levados somente pela mãe ou avó. Ela
conta que a direção do colégio também se previne contra possíveis
emboscadas.
Em outro caso, a rotina dos familiares de um cabo que está há 16 anos
na PM mudou completamente. Como a mulher também é militar são os filhos
de 7 e 11 anos quem mais sofrem. As crianças passaram a ficar confinadas
em casa e até dentro da escola.
“A perua escolar não pega mais as crianças na rua, só dentro da escola. Meus filhos não ficam mais no pátio do colégio com os outros alunos, eles aguardam pela van dentro da sala da coordenadoria”, diz o pai, que é cabo. “Até para sair de casa para ir trabalhar dependendo de onde você mora tem que pedir apoio de uma viatura. É difícil continuar sobrevivendo”.
“A perua escolar não pega mais as crianças na rua, só dentro da escola. Meus filhos não ficam mais no pátio do colégio com os outros alunos, eles aguardam pela van dentro da sala da coordenadoria”, diz o pai, que é cabo. “Até para sair de casa para ir trabalhar dependendo de onde você mora tem que pedir apoio de uma viatura. É difícil continuar sobrevivendo”.
Moradora de Poá, na Grande São Paulo, uma policial que é cabo e
trabalha há 20 anos na PM, passou a confinar os filhos de 5 e de 12 anos
em casa. “Eles não brincam mais na rua, não estamos fazendo passeios e
só vão pra escola de perua”, diz
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