Estresse dos animais provoca perdas na produção de leite para os bezerros.
Espécie possui ‘tromba’ usada para picar e chupar o sangue dos animais.
A mosca do estábulo virou um tormento para os pecuaristas do município
de Nova Alvorada do Sul, em Mato Grosso do Sul. A forma defesa do gado
contra a mosca do estábulo é manter o rebanho junto. O inseto tira o
sono dos pecuaristas, deixa os animais inquietos, irritados.
Na fazenda da pecuarista Ruth Barbosa, a 100 quilômetros de Campo
Grande, a mosca incomoda a todos, inclusive os peões. Na propriedade são
mais de 700 animais. O ideal seria que eles ficassem soltos no pasto,
porém, nos últimos meses, sempre se vê o gado aglomerado.
“Eles não conseguem pastar, se debatem, esbarram a cabeça, as patas, As
vacas acabam não dando leite suficiente para os bezerros”, diz Ruth
Barbosa, pecuarista.
O que diferencia a mosca do estábulo da mosca doméstica é essa tromba
que ela usa para picar e chupar o sangue dos animais. “A picada da mosca
incomoda o animal, ele deixa de se alimentar deixa de cuidar do
bezerro, a vaca deixa de dar leite ao bezerro”, explica Paulo Cançado,
veterinário – Embrapa.
O pecuarista Pedro Horário reclama dos prejuízos que a mosca causa no
confinamento. “O gado tem que comer e deitar para engordar, mas ele não
consegue, porque logo se levanta, fica se batendo por causa da mosca”.
Os criadores dizem que a mosca já existia na região, mas não era um
problema. A situação ficou crítica de um ano pra cá, porque segundo
eles, uma usina começou a aplicar vinhaça em maior quantidade nos
canaviais.
A vinhaça, um subproduto das usinas de açúcar e álcool, é usada como
adubo nas plantações, mas também serve de criatório para as moscas. A
usina se defende. “A Agroenergia Santa Luzia fez uma conscientização de
todas as equipes de aplicação de vinhaça, para que eles entendam o que é
a mosca e quais são as condições que a gente deve evitar, para não
haver proliferação de mosca. Segundo ponto: não permitir a aplicação
excessiva e acúmulo de vinhaça nas áreas de aplicação”, declara Valmir
Viana, gerente da usina.
Os criadores não concordam com as explicações e dizem que no campo a
situação é outra. "O problema da vinhaça é a forma como eles estão
jogando. Desigualmente, muito em um lugar só e está empoçando, onde a
mosca costuma se produzir”, afirma Pedro Horário, pecuarista.
Em Mato Grosso do Sul, essa situação vem se repetindo há três anos nos
outros municípios onde ocorreu a expansão da cana-de-açúcar.
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