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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Superbactéria' é encontrada em cinco praias da Zona Sul do Rio

Organismos podem causar diferentes infecções, segundo pesquisa.

Instituto da UFRJ diz que alerta deve ser dado 'sem alarmismo'.

Do G1 Rio
Bodyboarder mostra habilidade na praia de Copacabana (Foto: Marcello Cavalcanti/Arquivo pessoal)Praia de Copacabana, que no fim de semana teve fortes ondas, receberá maratona aquática nas Olimpíadas (Foto: Marcello Cavalcanti/Arquivo pessoal)
Uma avaliação do Instituto de Microbiologia da UFRJ, que coletou amostras em 2015, detectou a presença de uma "superbactéria" na água das praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, Botafogo e Flamengo. Segundo o estudo, a bactéria é multirresistente a antibióticos e pode causar múltiplas infecções, principalmente em pessoas que estiverem com a imunidade prejudicada.
A praia de Copacabana vai receber eventos olímpicos, como a maratona aquática e a competição de triatlo.
O estudo coletou 10 amostras em cada praia ao longo do ano passado. Segundo a coordenadora da pesquisa, Renata Picão, a bactéria pode causar infecções que ela chama de "oportunistas".
"Onde o organismo conseguir se instalar, ele tem capacidade de causar infecção. Pode ser no trato urinário, pode ser pulmonar, pode ser na corrente sanguínea, pode ser no sistema nervoso central, causando meningites, e infecções gastrointestinais", afirmou. 
Contaminação incerta
Ainda não é possível dizer, segundo ela, que pessoas ou atletas totalmente saudáveis desenvolvam sintomas de contaminação bacteriana.

"Em indivíduos saudáveis, essas bactérias provavelmente não vão desenvolver infecções. Caso a pessoa ou o atleta estejam com algum comprometimento imunológico, elas podem desenvolver essas infecções", explicou.
Relação com poluição
As bactérias "multirresistentes", que foram encontradas em maior ou menor proporção nas cinco praias, estão, segundo a professora, intimamente ligados à poluição da água.

"Essa poluição é causada principalmente pela presença de lixo hospitalar e médico nas águas dessas praias", relatou.
É fundamental, neste momento, de acordo com Renata, tentar fazer análises mais aprofundadas sobre essas bactérias.
"Essas bactérias são perigosas. Caso a infecção aconteça, os níveis de mortalidade são altos. Mas não sabemos o significado total disso ainda. Precisamos saber se elas resistiram por causa da quantidade de matéria orgânica do lixo hospitalar, ou porque são continuamente lançadas nessas praias, e desenvolver um teste mais rápido para detectar estas bactérias", explicou ela. "Precisamos alertar à população, mas sem alarmismo."
Início da pesquisa
Uma outra pesquisa de 2014 já indicava a presença da bactéria nas praias de Botafogo eFlamengo. "A partir disso, nos perguntamos se haveria a presença desta bactéria em outras praias da Zona Sul. Decidimos ampliar a nossa pesquisa, e colhemos dados durante o ano de 2015", explicou a coordenadora da pesquisa. 

A coleta de dados terminou em dezembro de 2015. No meio de maio, os dados terminaram de ser compilados, e depois apresentados em um evento na última semana na UFRJ. "Precisamos de parcerias e financiamentos para continuar a pesquisa", ressaltou a professora.
Em 2014, as superbactérias foram identificadas pelos cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em três pontos do Rio Carioca na Zona Sul da cidade: no Largo do Boticário, no Cosme Velho; no Aterro do Flamengo, antes da estação de tratamento do rio e em sua foz, já na Praia do Flamengo.
Conforme explicou a Fiocruz, estas bactérias produzem uma enzima chamada KPC — característica que impede que os remédios façam efeito contra elas. Em algumas pessoas, podem provocar males como infecção urinária e pulmonar.
Crianças tomam banho na Praia do Flamengo, onde foi detectada uma superbactéria (Foto: Paulo Campos/Estadão Conteúdo)Criança mergulha no Flamengo, onde foi detectada superbactéria (Foto: Paulo Campos/Estadão Conteúdo)

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