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quinta-feira, 9 de junho de 2016

Moro aceita denúncia contra mulher de Cunha e mais três na Lava Jato

MPF diz que Cláudia Cruz tinha consciência dos crimes que praticava. 

Defesa de Cláudia Cruz vai se manifestar após a análise da denúncia.

Adriana Justi e Alana Fonseca
Do G1 PR
O juiz federal Sérgio Moro aceitou denúncia nesta quinta-feira (9) contra Cláudia Cordeiro Cruz, esposa do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha, o empresário português Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, o lobista João Augusto Rezende Henriques, e o ex-diretor da area Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada em um processo oriundo da Operação Lava Jato. Com isso, eles se tornam réus no processo.
Em nota, o deputado Eduardo Cunha diz que as contas de Cláudia no exterior estavam "dentro das normas da legislação brasileira", foram declaradas às autoridades e que não foram abastecidas por recursos ilícitos.
Os advogados de Cláudia e Zelada não se manifestaram até a última atualização desta reportagem. O G1 tenta contato com as defesas de Henriques e Oliveira.
Veja os crimes aos quais os acusados viraram réus:


Claudia Cordeiro Cruz - lavagem de dinheiro e evasão de divisas;
Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira - corrupção ativa e lavagem de dinheiro;
Jorge Luiz Zelada - corrupção passiva;
João Henriques - lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção passiva (ele já tinha sido condenado antes por crime de corrupção passiva, com pena de seis anos e oito meses de reclusão).

O ex diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, preso na 15ª fase da Operação Lava Jato, chega ao IML de Curitiba para exame de corpo delito. Zelada é suspeito de ser beneficiário da corrupção na Petrobras (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
Ex diretor Jorge Luiz Zelada é um dos réus da ação
(Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão
Conteúdo)
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cláudia Cruz tinha plena consciência dos crimes que praticava e é a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior em montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos, entre 2008 e 2014. 
As investigações apontam que o valor é totalmente incompatível com os salários e o patrimônio lícito de seu marido.
"Quase a totalidade do dinheiro depositado na Köpek (99,7%) teve origem nas contas Triumph SP (US$ 1.050.000,00), Netherton (US$ 165 mil) e Orion SP (US$ 60 mil), todas pertencentes a Eduardo Cunha", afirma o MPF.
As contas de Cunha escondidas no exterior, ainda de acordo com o MPF, eram utilizadas para receber e movimentar propinas, que eram produtos de crimes contra a administração pública praticados por ele.
João Rezende Henriques fez exame de corpo de delito no IML, em Curitiba, nesta terça-feira  (Foto:  Rodrigo Félix Leal/  Futura Press/ Estadão Conteudo )
João Rezende Henriques também se tornou
réu na ação penal
(Foto: Rodrigo Félix Leal/ Futura Press/
Estadão Conteudo )
As investigações apontam que "por meio da mesma conta Köpek, a acusada também se favoreceu de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão que seu marido recebeu para ``viabilizar´´ a aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011".
No despacho, o juiz Sergio Moro afirma que Claudia Cruz pode ter agido com dolo ou cegueira deliberada.  “(...) a própria ocultação desses valores em conta secreta no exterior, por ela também não declarada, a aparente inconsistência dos gastos efetuados a partir da conta com os rendimentos lícitos do casal, aliada ao afirmado desinteresse dela em  indagar a origem dos recursos, autorizam, pelo menos nessa fase preliminar de recebimento da denúncia, o reconhecimento de possível agir com dolo eventual ou com cegueira deliberada (...)", afirma Moro.
Na mesma decisão, Sérgio Moro também expediu um novo mandado de prisão preventiva contra João Henriques, que já está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele já tinha sido condenado por crime de corrupção passiva, com pena de seis anos e oito meses de reclusão, em regime inicial fechado.
O juiz federal também determinou que o Ministério Público Federal (MPF) se manifesta sobre sua posição quanto à filha de Cunha Danielle Dyitz Cunha, já que não houve promoção de arquivamento.
Parte da denúncia contra Claudia Cruz e os outros três é baseada, segundo o MPF, na transferência do processo relacionado a Eduardo Cunha feita pela Suíça à Procuradoria Geral da República, em setembro de 2015.
Eduardo Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral República pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como na denúncia havia investigados sem foro por prerrogativa de função, ocorreu o desmembramento da investigação autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Compras de luxo
Os recursos na conta de Cláudia Cruz foram utilizados, por exemplo, para pagar compras de luxo feitas com cartões de crédito no exterior de artigos de grife como bolsas, sapatos e roupas, ainda conforme o MPF.

"Outra parte dos recursos foi destinada para despesas pessoais diversas da família de Cunha, entre elas o pagamento de empresas educacionais responsáveis pelos estudos dos filhos do deputado afastado, como a Malvern College (Inglaterra) e a IMG Academies LLP (Estados Unidos)".
O que as defesas dizem
A defesa de Cláudia Cruz que vai se manifestar após a análise da denúncia. A defesa de Zelada também disse que não vai se manifestou sobre o assunto. O G1 ainda tenta contato com as defesas de Henriques e Oliveira.

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