Delator da Lava Jato citou políticos de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PCdoB.
Segundo ex-presidente da Transpetro, pedidos eram enviados a construtoras.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou a investigadores da Operação Lava Jato, em depoimentos de delação premiada, ter repassado propina a mais de 20 políticos de 6 partidos. O novo delator da Lava Jato contou aos procuradores da República sobre pedidos de doações eleitorais de parlamentares de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PC do B.
A íntegra da delação premiada de Machado, de 400 páginas, foi tornada pública nesta quarta-feira (15) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O acordo que pode gerar redução de eventuais penas foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.
Segundo o ex-dirigente da subsidiária da Petrobras, os pedidos de doações eram repassados por ele a empreiteiras contratadas pela estatal do petróleo. O PMDB, responsável pela indicação de Machado, teria arrecadado R$ 100 milhões, informou Machado.
Entre os políticos que teriam pedido doações, afirmou Machado, estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA) e o ex-presidente José Sarney
Machado disse que os cinco foram os responsáveis por sua indicação para o comando da Transpetro, que presidiu entre 2003 e 2014. Teriam recebido propina tanto por meio de doações eleitorais quanto em espécie.
Entre membros do PMDB, também teriam recebido propina, na forma de doações, Valdir Raupp (PMDB-RO), Garibaldi Alves (PMDB-RN), o deputado Walter Alves (PMDB-RN), o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves.
Entre os políticos do PT estão Cândido Vaccarezza (PT-SP), Luiz Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Ideli Salvatti (PT-SC), Jorge Bittar (PT-RJ). Também citou Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o vice-governador do Rio de Janeiro Francisco Dornelles (PP-RJ).
Outros nomes citados foram do deputado Heráclito Fortes (ex-DEM, hoje no PSB-PI), do ex-senador já falecido Sérgio Guerra (PSDB-PE), do senador José Agripino Maia (DEM-RN) e do deputado federal Felipe Maia (DEM-RN).
"Embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro", disse Machado na delação.
O G1 ainda não conseguiu contato com os políticos citados na delação de Sérgio Machado.
Temer e Chalita
Sérgio Machado também relatou em sua delação premiada que o presidente em exercício, Michel Temer, pediu a ele que obtivesse doações oficiais para o ex-deputado federal Gabriel Chalita para a campanha a prefeito de São Paulo em 2012.
Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, o ex-dirigente da Transpetro narrou um encontro que teve com Temer em setembro daquele ano. Na ocasião, eles teriam acertado o valor de R$ 1,5 milhão para a campanha de Chalita, pagos, segundo ele, pela construtora Queiroz Galvão ao diretório do PMDB.
"O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente [Machado] era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita", diz trecho da delação.
Machado explicou que fez contato diretamente com os executivos da empreiteira Ricardo Queiroz Galvão e Idelfonso Colares. O valor, acrescentou, era oriundo do pagamento de vantagem indevida pela Queiroz Galvão de contratos que ela possuía junto a Transpetro
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