Instalação artística quer conscientizar sobre poluição e resgatar cultura.
Visitantes podem fazer travessia em Campina Grande até domingo (20).
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Visitante faz travessia sobre ponte feita de garrafas plásticas no Açude Velho, em Campina Grande
(Foto: Karoline Zilah/G1)
(Foto: Karoline Zilah/G1)
Caminhar sobre as águas do Açude Velho, um dos cartões postais de
Campina Grande, poderia parecer impossível para moradores e turistas na
cidade, mas se tornou uma ideia real na segunda-feira (14), quando uma
ponte feita de garrafas plásticas foi aberta para travessia. Por
iniciativa de um coletivo cultural da região, oito mil garrafas pet de
dois litros foram reutilizadas, compondo 50 blocos que ligam duas
extremidades do açude, do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) à
Casa da Cidadania, na Avenida Doutor Severino Cruz.
Fernando ficou surpreso com número de garrafas
usadas por dia na cidade (Foto: Karoline Zilah/G1)
usadas por dia na cidade (Foto: Karoline Zilah/G1)
O projeto tem atraído curiosos e grupos de professores e estudantes,
que são orientados sobre a necessidade de revitalização da lagoa e os
problemas da poluição.
Para o adesivador Fernando de Lima Filho, a experiência foi emocionante
porque antes de começar a caminhar na estrutura ele pensou que poderia
afundar, mas quando fez a travessia percebeu que poderia confiar. "É
importante porque, se a quantidade de garrafa que a população usa por
dia é suficiente para construir uma ponte, imagina o que dá pra fazer
com o que é acumulado em um ano", falou.
Segundo Nivaldo Rodrigo, artista envolvido no projeto, a quantidade de
garrafas usadas é aproximadamente o que se consome em refrigerantes por
dia na cidade. "Quando você entra no açude se conscientiza sobre o que
está fazendo, que é caminhar sobre a água suja com o suporte de garrafas
pet. Você tem outra perspectiva diferente do cartão postal da cidade",
explicou.
A instalação foi montada com a inspeção do Conselho Regional de
Engenharia (Crea) e as visitas acontecem sob a monitoria diária de uma
equipe do Corpo de Bombeiros. O material utilizado foi arrecadado com a
ajuda de alunos de escolas públicas, catadores e uma empresa de
reciclagem. O projeto recebeu um financiamento de R$ 40 mil do Fundo de
Incentivo à Cultura, do governo estadual, e todo o material será
reaproveitado no final. As garrafas serão devolvidas aos catadores, as
madeiras usadas no suporte serão trabalhadas em oficinas de xilogravura e
as grades serão reutilizadas em oficinas de escultura.
Francisco Júnior observou e pretende fazer o trajeto
(Foto: Karoline Zilah/G1)
(Foto: Karoline Zilah/G1)
Enquanto muitos faziam fila, o estudante de Direito Francisco Júnior
preferiu ficar na calçada do açude observando as pessoas que viviam a
aventura. Ele disse ter curiosidade e pretende participar. "Toda a
iniciativa que venha para colaborar com o meio ambiente e a
conscientização é benvinda. Tenho curiosidade de andar e sentir a água
batendo nos pés. Não tenho medo. Aqui está muito seguro com os bombeiros
acompanhando", brincou.
Segundo Nivaldo Rodrigo, outro objetivo da intervenção artística no açude é resgatar a cultura da cidade e relembrar Roldão Mangueira, fundador da casa de caridade Jesus do Horto, em Campina Grande. Ele explicou que em 1979 o líder religioso anunciou à comunidade que o mundo teria data para acabar e surgiu uma série de boatos de que ele iria caminhar sobre as águas do açude, o que nunca aconteceu. A ideia do coletivo atualmente é desmistificar as más impressões criadas sobre Roldão Mangueira e homenageá-lo, criando uma ponte que, enfim, permitiria a travessia sobre as águas.
Segundo Nivaldo Rodrigo, outro objetivo da intervenção artística no açude é resgatar a cultura da cidade e relembrar Roldão Mangueira, fundador da casa de caridade Jesus do Horto, em Campina Grande. Ele explicou que em 1979 o líder religioso anunciou à comunidade que o mundo teria data para acabar e surgiu uma série de boatos de que ele iria caminhar sobre as águas do açude, o que nunca aconteceu. A ideia do coletivo atualmente é desmistificar as más impressões criadas sobre Roldão Mangueira e homenageá-lo, criando uma ponte que, enfim, permitiria a travessia sobre as águas.
Dayanne Santos participa do projeto como voluntária
(Foto: Karoline Zilah/G1)
(Foto: Karoline Zilah/G1)
Para a estudante Dayanne dos Santos, voluntária do projeto, a passagem é
uma oportunidade para que as pessoas se interessem pela cultura da
cidade e a política ambiental.
Segundo os organizadores, as visitas poderão ser feitas até domingo
(20). O prazo foi recomendado pelo Crea devido ao tempo de utilidade das
garrafas pet, para que não haja risco da estrutura afundar. Ao final do
período, os organizadores pretendem encaminhar à prefeitura um
abaixo-assinado feito pelos visitantes para cobrar a revitalização e
projetos de combate à poluição do Açude Velho.
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