O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), foi alvo
de mandados de busca e apreensão durante a Operação Vostok, deflagrada pela
Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (12). Um dos filhos do governador,
Rodrigo Silva, foi preso, de acordo com a PF. O governo disse que está
analisando o impacto da situação e espera a conclusão da operação para se
manifestar.
O deputado estadual Zé Teixeira (DEM) e o conselheiro Márcio Monteiro do
Tribunal de Contas do estado também estão entre os alvos da ação da PF. A
Assembleia Legislativa e tribunal informaram que não foram comunicados sobre a
operação e que vão se pronunciar após tomarem conhecimento. Zé Teixeira está no
sexto mandato é candidato à reeleição.
A operação investiga o suposto pagamento de propina a representantes da
cúpula do governo de Mato Grosso do Sul em troca de créditos tributários a
empresas.
A PF esteve na casa do governador
e na sede do governo. A PF deixou o apartamento de Azambuja carregando
malotes. A operação foi autorizada pelo ministro Félix Fischer do Superior
Tribunal de Justiça (STJ).
Azambuja é candidato à reeleição e em
pesquisa Ibope divulgada no dia 24 de agosto aparecia com 39% das intenções de voto.
Em maio do ano passado, em depoimento de delação premiada, Wesley
Batista, um dos donos do grupo JBS, disse que a empresa
pagou propina para dois ex-governadores de MS, o deputado federal Zeca do PT e André
Puccinelli (MDB), e a Reinaldo Azambuja para conseguir incentivos fiscais e,
assim, pagar menos impostos.
Segundo a PF, 220 policiais federais cumpriram 41 mandados de busca e
apreensão e 14 mandados de prisão temporária, na capital do estado e nos
municípios de Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes de Laguna, além de
mandado em Trairão, no Pará. Além dos políticos, pecuaristas locais também
estão entre os alvos da operação.
Benefícios fiscais
De acordo com a PF, as investigações começaram no início deste ano, a
partir de depoimentos de delação premiada de executivos de um frigorífico. Os
depoimentos detalharam suposto esquema de empresas com o governo do estado para
a obtenção de benefícios fiscais.
Segundo as investigações, somente nos dois primeiros anos da gestão
atual no estado, uma empresa frigorífica teria deixado de recolher aos cofres
públicos mais de R$ 200 milhões em razão dos acordos de benefícios fiscais
concedidos.
As investigações da PF apontam que, do total de créditos tributários
concedidos à empresa dos colaboradores, um percentual de até 30% era revertido
em proveito da organização criminosa investigada.
Notas frias
Cópias das notas fiscais falsas utilizadas para dissimulação desses
pagamentos foram anexadas nas investigações, assim como comprovantes de
transferências bancárias.
O nome da operação – Vostok – é uma alusão à estação de pesquisa russa
localizada na Antártida, onde já foi registrada uma das menores temperaturas do
planeta. O nome faz referência às notas fiscais frias utilizadas para a
dissimulação dos pagamentos.
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