Por Felipe Freire e Diego Haidar, TV Globo
Vinte e uma pessoas foram presas, na manhã desta segunda-feira (17), por
suspeita de participação em uma quadrilha responsável por furtar mais de R$ 30
milhões de contas bancárias em um ano. A segunda fase da Operação Open Doors
visa cumprir 43 mandados de prisão e mais de 40 de busca e apreensão em sete
estados do país. Ao todo, 237 suspeitos foram denunciados.
Computadores e telefones celulares foram apreendidos na casa de alguns
suspeitos presos no Rio de Janeiro. Em Ponta Grossa, no interior do Paraná, foi
preso o cantor sertanejo Rick Ribeiro. Ele seria um dos hackers do grupo e
usaria o dinheiro das fraudes para financiar seus clipes.
A operação é da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Agentes apreenderam computador e vários itens em uma casa em Vargem
Grande, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução / TV Globo
No RJ, as ações se concentram em Vargem Grande e no Recreio dos
Bandeirantes, na Zona Oeste; e nos municípios de Barra Mansa, Volta Redonda e
Angra dos Reis. Mandados estão sendo cumpridos também em São Paulo, Bahia,
Ceará, Santa Catarina, Paraná e Pará.
Os envolvidos responderão por lavagem de dinheiro, furto qualificado e
organização criminosa.
Um dos hackers do grupo foi preso em residência de luxo na Zona Oeste do
Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo
De acordo com as investigações da 90ª DP (Barra Mansa), o grupo tinha
como “vítimas” tanto pessoas físicas, quanto grandes empresas.
"Eles se especializaram nesse tipo de golpe através de uma
engenharia social. Entravam em contato com as vítimas e, de forma leviana,
indicavam certos números para que as vítimas digitassem na barra de rolagem do
computador. Dessa forma, eles conseguiam os dados bancários", explicou
Ronaldo Brito, delegado da 90ªDP (Barra Mansa).
Segundo a polícia, o grupo atua no Sul Fluminense há mais de uma década,
mais precisamente em Barra Mansa. Com acesso a dados cadastrais sigilosos, os
suspeitos entravam em contato com as vítimas ou até mesmo departamentos
jurídicos de grandes empresas e se passavam por funcionários de bancos.
Casal preso no início da manhã em uma casa em Vargem Grande realizavam
fraudes bancárias pela internet — Foto: Reprodução / TV Globo
Daí em diante, os criminosos forjavam um processo de atualização de
cadastro. Com direito a número de protocolo, as vítimas eram direcionadas para
uma página clonada e “hackers” tinham acesso a dados sigilosos. Em posse de
senhas, os golpes levavam no máximo 20 minutos, tempo suficiente para que
quantias altas fossem transferidas para diversas contas de “laranjas”.
Outra parte da quadrilha, então, entrava em ação, seguindo até agências
bancárias para efetuar saques. Uma grande empresa do ramo de planos de saúde,
por exemplo, sofreu golpes estimados em R$ 500 mil.
Os criminosos levavam menos de dez minutos para fazer as transferências.
A preferência era por empresas. "Eles possuíam um grupo especializado para
abordar pessoas jurídicas e, dessas contas, eles conseguiam arrecadar maiores
valores", destacou o delegado.
Os acusados costumavam esbanjar e aplicavam as quantias subtraídas em
imóveis e carros de luxo. Dezenas de pessoas, identificadas na investigação,
eram usadas para a compra de apartamentos e casas.
Em agosto do ano passado, a Justiça já havia expedido 33 mandados de
prisão contra integrantes da quadrilha. Os suspeitos serão indiciados por
diversos crimes, entre eles organização criminosa, lavagem de dinheiro e furto
qualificado.
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