Na última etapa de sua visita à América Latina, o vice-presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, enalteceu nesta sexta-feira (31) o papel
conquistado pelo Brasil no cenário internacional e voltou a defender o
desejo do governo norte-americano de intensificar as relações bilaterais
com o Brasil. O vice de Barack Obama sinalizou ainda que Washington
poderá vir a flexibilizar a emissão de vistos para os brasileiros que
queiram viajar para os EUA.
“Já conversei com nosso embaixador [no Brasil] para encontrarmos uma
maneira de passar de 12 semanas para dois ou três dias o tempo
necessário para se obter um visto. Para isso, nós estamos dobrando o
número de funcionários que temos à disposição em nossos consulados. Nós
queremos os brasileiros viajando para os Estados Unidos, não apenas para
fazer compras, mas para nos ver, para nos entender”, enfatizou Biden.
Dilma Rousseff e Joe Biden se cumprimetnam após reunião no Planalto (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Em um pronunciamento de cerca de 13 minutos no Palácio do Itamaraty, ao
lado do vice-presidente da República, Michel Temer, Biden sugeriu que
os dois países podem reforçar suas parcerias nas áreas de energia,
educação e inovação tecnológica.
Em meio à declaração oficial, o norte-americano ressaltou que a Casa
Branca aguardará “ansiosa” a visita de Estado da presidente Dilma
Rousseff ao país. Biden aproveitou a passagem por Brasília para
formalizar o convite para que Dilma visite Washington, em outubro. Na
ocasião, disse Biden, a presidente brasileira será recebida com
distinção reservada a poucos países.
O vice de Barack Obama está em visita oficial ao Brasil desde a noite
da última terça (28), quando desembarcou no Rio de Janeiro ao lado de
sua mulher, Jill Biden. Antes de chegar ao Brasil, o norte-americano
esteve na Colômbia e em Trinidad e Tobago.
Biden se reuniu na manhã desta sexta com a presidente Dilma Rousseff no
Palácio do Planalto. Ao ingressar por uma porta lateral, ele se limitou
a dizer “bom dia”, em inglês, às dezenas de jornalistas que o
aguardavam.
Após a reunião com Dilma, escoltado por forte de esquema de segurança,
se dirigiu de carro até a sede do Ministério das Relações Exteriores, a
cerca de 350 metros do Planalto. No Itamaraty, ele teve encontro a
portas fechadas com o vice-presidente da República, Michel Temer, e foi
homenageado com um almoço na sede da chancelaria brasileira.
Democracia e desenvolvimento
Ao deixar o Palácio do Planalto, depois de ter ficado reunido com Dilma
por cerca de uma hora e meia, Biden conversou rapidamente com a
imprensa. No diálogo, ele ressaltou que a audiência com a presidente
havia sido “maravilhosa”. Mais tarde, durante declaração conjunta com
Temer, o vice dos EUA elogiou Dilma e disse que, “agora”, entendia por
que Obama a considera uma grande parceira.
“Hoje, tive uma discussão muita ampla com a presidente Dilma Rousseff.
Ela é uma líder que está focada como raio laser nas questões que mais
importam ao povo brasileiro. A boa notícia é que os assuntos que mais
importam ao Brasil são também os que mais importam ao povo dos Estados
Unidos”, discursou.
Biden disse ainda que um dos objetivos de sua passagem pelo país foi
deixar claro que os EUA estão prontos para manter uma relação mais ampla
e mais profunda com o Brasil, em áreas que vão desde o comércio de
equipamentos militares e passam pela educação, comércio exterior e
investimentos. “E eu não acredito que exista qualquer obstáculo que nós
não possamos contornar”, destacou.
O vice norte-americano contou ter dito à presidente que “a parte mais
incrível” da história do Brasil nos últimos 15 anos é que o país tem
demonstrado ao resto do mundo que não é necessária uma “falsa escolha”
entre desenvolvimento e democracia.
“Você vê [isso] no Egito, você vê na Venezuela, você vê no Bahrein,
você vê ao redor do mundo esse debate e esse dilema acontecendo. É
possível ter democracia e desenvolvimento, dos quais todos se
beneficiam. E essa é a magia do que vocês fizeram aqui, o que a
presidente de vocês está fazendo agora e a razão pela qual ela pode ter
tão incrível influência bem além deste país”, opinou.