O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta  quarta-feira (30), no último encontro de 2011, e deve baixar a taxa  básica de juros da economia brasileira de 
11,50% para 11% ao ano, segundo a previsão de analistas das instituições financeiras.
Se confirmada, será a terceira redução consecutiva na taxa de juros.  Após elevar a taxa básica em cinco reuniões no começo de 2011, para  tentar conter o crescimento da inflação, o Banco Central realizou dois  cortes nos últimos meses, em agosto e outubro, por conta dos efeitos da  crise financeira internacional sobre os preços. O BC argumenta que a  crise tem "efeito desinflacionário".
Caso baixe os juros para 11% ao ano nesta quarta, a autoridade  monetária quase devolverá todo aumento de juros efetuado nos sete  primeiros meses do ano. No começo de 2011, a taxa básica estava em  10,75% ao ano. A elevação foi de 1,75 ponto percentual até julho, quando  os juros atingiram 12,5% ao ano. De agosto em diante, incluindo a  reunião desta quarta-feira, o BC baixou a taxa em 1,5 ponto percentual.
Metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de  calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Neste  momento, a autoridade monetária já está nivelando a taxa de juros para  atingir a meta do próximo ano.
Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um  intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para  baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta  seja formalmente descumprida. O BC busca trazer a inflação para o centro  da meta de 4,5% em 2012.
Sinais do BC
Segundo o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani,  há um consenso no mercado de que a taxa deve recuar 0,5 ponto percentual  nesta quarta-feira, para 11% ao ano.
"O Tombini [presidente do Banco Central] tem reiteradamente mencionado um 
'ajuste moderado'.  Em tese, isso pode ser lido como a manutenção do ritmo de corte. Essa  desaceleração em curso da economia brasileira e mundial faz parte em  grande medida do cenário que o BC tem traçado. Como o Tombini falou, é  necessário um fato novo, como uma ruptura na Europa, com 'default' de  divida sobena, para acelerar o ritmo de cortes. Esse evento ainda não  ocorreu", afirmou ele.
Na avaliação de Padovani, a definição dos juros reage a eventos macroeconômicos, como a atual crise financeira internacional.
"Diante do cenário de indefinição e baixa confiança, o BC optou por  iniciar o processo de afrouxamento [da politica monetária, com redução  de juros]. O que se pode dizer que houve de novo é uma ruptura da  comunicação do BC [no Copom de agosto, quando começou a baixar os  juros], que costuma sinalizar com antecedência [suas decisões]. Mas  também não é uma mudança de postura, pois eventuais surpresas fazem  parte da boa prática de política monetária [processo de definição dos  juros]", disse Padovani.
Novos cortes em 2012
A expectativa do economista da Votorantim Corretora, e de analistas de  outros bancos, é de que o processo de redução dos juros continuará no  próximo ano. Entretanto, ainda há divergências sobre a intensidade dos  cortes de juros em 2012. Padovani aposta em um corte para 10,5% ao ano  no fim de 2012, enquanto a maior parte dos economistas dos bancos estima  uma redução maior: para 10% ao ano. Há outros, também, que já apostam  em juros abaixo de 10% ao ano no primeiro semestre de 2012.
  
"Há vários eventos econômicos que permitem dizer que a inflação de 2011  será mais baixa do que a de 2012. Vai haver um processo  desinflacionário em 2012, mas isso não significa dizer que vai alcançar a  meta [central de 4,5% no ano que vem]. A gente caminha em direção a  meta, mas talvez a convergência seja mais longa, e não aconteça em 2012,  mas em 2013", disse ele, que prevê inflação de 6,5% neste ano e de 5% a  5,5% em 2012. Para o economista, o crescimento da economia vai ficar  entre 3% e 3,5% nos dois anos.