Por Evilásio Júnior / José Marques
Fotos: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias
Nem
mesmo os “aguerridos” deputados da oposição na Assembleia Legislativa
da Bahia (AL-BA) quiseram se pronunciar sobre a Operação Detalhes, que
devassou o gabinete do corregedor da Casa, Roberto Carlos (PDT), na
manhã desta terça-feira (3) (ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui também).
Apesar da possibilidade de o parlamentar – acusado de abrigar oito
funcionários-fantasmas em suas fileiras – ser indiciado por formação de
quadrilha, peculato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, o assunto
sequer foi levado ao plenário.
O Bahia Notícias tentou contato com nada menos que 20 deputados,
mas só obteve três declarações. O presidente, Marcelo Nilo, que pediu
os nomes à PF e prometeu demitir os servidores envolvidos, e os líderes do governo, Zé Neto (PT), e do bloco PSC/PTN/PRP, Targino Machado, que, em um samba-de-uma-nota-só, endossaram o blá-blá-blá da nota oficial encaminhada à imprensa pelo PDT.
“O que tem a fazer é deixar os fatos serem revelados e aguardar os
resultados finais da operação. Vamos ouvir o deputado e espero que a
gente possa tirar lições disso”, opinou o petista.
“Eu quero crer que seja difícil que um deputado peça a um de
seus subalternos que retire importâncias de seu salário e envie para a
conta de familiares. Ele estará portando uma espada sempre contra a sua
cabeça. Se isso for verdade, não vamos achar que a Casa está impregnada
pela corrupção, porque uma denúncia dessas atinge a todos nós, já que
somos medidos pela mesma régua aos olhos da população”, lamentou
Machado, ao revelar ainda que soube que Roberto Carlos estava “choroso”
com as notícias sobre o esquema. Outro integrante da ala da minoria
explicou em off que, na verdade, houve uma espécie de “acordo”
entre os deputados para que apenas Nilo se pronunciasse sobre a questão.
“O sentimento da Casa é o de que não sabemos de nada. Só o presidente
fala”, elucidou.
Nos bastidores do poder, entretanto, o comentário é o de que a
mudez dos parlamentares teria um grave motivo. Após a propagação do caso
Roberto Carlos, muitos políticos teriam ficado preocupados com a
possibilidade de serem alvos de novas investigações. Entre especulações
sobre supostas irregularidades do pedetista, que teria um irmão com um
comércio de produtos importados da China e do Paraguai em Juazeiro, o
temor é que a impiedosa PF pegue no calcanhar de novos atores. Em junho
de 2010, quatro meses antes das eleições, em plena tarde de sexta-feira,
uma reunião fechada entre o chefe do Legislativo e cerca de 20
deputados tratou de alertar o grupo que o Ministério Público Federal
(MPF) apurava movimentações financeiras muito acima dos rendimentos
parlamentares, justamente a mesma irregularidade que desencadeou a
averiguação da Polícia Federal. Embora a Operação Detalhes, segundo o
superintendente em exercício do órgão, Daniel Veras, tenha sido
formulada especificamente para investigar Roberto Carlos, o clima é de
tensão na AL-BA, pois, a qualquer momento, uma nova ação poderia
explodir. Informações obtidas pelo Bahia Notícias dão conta de que o
inquérito do MPF tramita em Brasília. Como a PF já pegou um deputado,
pelo menos 20 estão com as barbas de molho.
Fonte: Bahia Notícias
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