Alan Marques/Folhapress | ||
Temer e ministros durante reunião com líderes partidários da Câmara e do Senado |
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Com o receio do agravamento da atual crise política, o presidente Michel Temer planeja uma minirreforma ministerial em fevereiro para reacomodar sua base aliada e contornar insatisfações no início do ano que vem.
Além de substituir nomes que possam deixar o governo federal até o início de 2017 por conta do conteúdo de delações premiadas de executivos da Odebrecht, a intenção é contemplar com mais espaço na Esplanada dos Ministérios partidos da base aliada.
A estratégia é evitar que siglas governistas abandonem a tropa de choque no Congresso Nacional diante de turbulências geradas na política pela revelação de novas denúncias de irregularidades, sobretudo no momento em que legendas de oposição articulam o impeachment de Temer.
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A avaliação é que o Palácio do Planalto precisa atuar de maneira mais incisiva diante de eventuais ameaças de rebelião na base aliada.
No PSB, por exemplo, um grupo defende a saída da sigla do campo governista e, no chamado "centrão" –aliança de legendas média–, dirigentes partidários articulam contra pautas enviadas pela gestão federal.
Para segurar as siglas, o presidente avalia mudanças nos comandos de ministérios como Trabalho, Saúde e Meio Ambiente.
Como o PV já anunciou posição de independência no Congresso Nacional, a ideia é que a pasta do Meio Ambiente seja oferecida a siglas que ainda estejam na base aliada, como o PSB.
CONSENSO
No caso de Trabalho e Saúde, o governo federal discute manter as pastas sob o comando de partidos do "centrão", que reúne cerca de 200 deputados federais, mas avalia trocar seus titulares por nomes que favoreçam um consenso em torno da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, hoje sob comando do aliado fiel Rodrigo Maia (DEM-RJ).
No PP, que comanda a Saúde, o líder Aguinaldo Ribeiro (PB) tem articulado apoio para a presidência da Casa Legislativa. No PTB, que controla o Trabalho, o líder Jovair Arantes (GO) tem se apresentado como possível candidato ao posto de Maia.
Nas palavras de um assessor presidencial, com a ameaça de novas revelações contra a cúpula do Palácio do Planalto, o presidente precisa garantir a vitória de um nome na Câmara dos Deputados que barre qualquer hipótese de um eventual pedido de impeachment contra ele.
Para evitar retaliações do "centrão", principalmente no momento em que é discutida a reforma previdenciária, o presidente pretende ainda deixar para fevereiro, durante a minirreforma presidencial, a nomeação do deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo.
A possibilidade atende a uma solicitação dos partidos do grupo, cuja leitura é que a indicação do tucano poderia interferir na eleição da Câmara dos Deputados e favorecer a reeleição de Rodrigo Maia.
Reservadamente, a equipe de Temer diz preferir a recondução de Maia ao posto, mas sabe que assumir isso publicamente racharia a base aliada. Por isso, a estratégia é usar uma mexida ministerial em 2017 para contemplar aliados que venham a ser derrotados na disputa pela sucessão da Câmara.
BLINDAGEM
O Palácio do Planalto também avalia incluir nas mudanças o comando do Planejamento, hoje sob controle do ministro interino Dyogo Oliveira. O PSDB chegou a reivindicar a pasta, mas o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) quer manter um nome técnico à frente dela, blindando-a de uma indicação política.
Na semana passada, o conteúdo da delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, atingiu a cúpula do Palácio do Planalto e desgastou a imagem da gestão peemedebista.
No documento, o nome do presidente apareceu 43 vezes. O do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi mencionado 45 vezes e o de Moreira Franco, secretário de Parceria e Investimentos, 34.
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