Preços do arroz e do feijão subiram mais de 30% no ano passado.
Alta de commodities e fatores climáticos influenciaram inflação de alimentos.
O prato dos brasileiros ficou mais pesado em 2012 – pelo menos no
bolso. Presentes na maioria das refeições dos brasileiros, o feijão e
arroz tiveram seus preços elevados ao longo de 2012 e exerceram intensa
pressão sobre a inflação oficial do país, que fechou o ano em 5,84%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a alta de preços, a capacidade de compra diminuiu. O mesmo dinheiro
que, em dezembro de 2011, comprava 1 kg de arroz, chegou a 2012
comprando 731 gramas do produto, ou 27% menos. No caso do feijão
carioquinha (ou rajado), o prato também ficou menor: O que antes
comprava 1 kg, agora paga 760 gramas (-24%).
A alta dos preços do grupo de despesas com alimentos, utilizado no
cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ganhou força
devido a fatores climáticos que atingiram a produção, ao aumento dos
preços no mercado externo e ao crescimento da demanda interna. De
janeiro a dezembro de 2012, esse grupo registrou alta de 9,86%. Só o
arroz e o feijão acumularam ficaram 36,67% e 31,53%, mais caros,
respectivamente, no ano.
“A principal razão é o fator climático. Tem também o fato de o consumo
estar aquecido. Mas, se fosse para isolar um fato, seria São Pedro”,
disse o professor do Departamento de Economia da USP, Simão Davi Silber.
Há ainda a influência do câmbio, que fez os preços das commodities
subirem. “Como o Banco Central forçou o dólar para cima, tudo o que tem
cotação em dólar sobe de preço”.
Na avaliação do economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV),
Mauro de Rezende Lopes, no entanto os preços do grupo de alimentos
foram pressionados, principalmente, pelo comportamento da soja, do
farelo e do óleo no mercado internacional.
“Se em Chicago o preço aumenta 10%, aqui vai aumentar 8%, por exemplo.”
Aliados às cotações internacionais estão o aumento da massa salarial da
população e o “ajustamento” dos padrões alimentares dos brasileiros.
“Os preços foram elevados pelos produtores porque todos os preços [de
outras classes de despesa] estavam sendo reajustados. Não foi tanto
pelos eventos climáticos”, disse Lopes.
As perspectivas para 2013, apesar de ainda incertas, indicam que o
ritmo de alta deverá perder força, segundo o economista da Tendências
Consultoria, Silvio Campos Neto. Porém, caso haja racionamento de
energia – que vem sendo descartado pelo governo, ainda que os níveis dos
reservatórios estejam baixos –, o risco de a inflação ganhar força fica
maior, na opinião de Silber.
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