Segundo especialistas, relação entre os países deve continuar como está.
Reeleito, democrata toma posse nesta segunda (21) para seu 2º mandato.
A
presidente Dilma Rousseff com o presidente dos EUA, Barack Obama, no
Salão Oval da Casa Branca, em abril de 2012 (Foto: Kevin Lamarque /
Reuters)
O Brasil não deve estar entre as prioridades da política externa do presidente Barack Obama, que começa nesta segunda-feira (21) seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. Para analistas ouvidos pelo G1, a relação entre os dois países deve continuar como está, sem estreitamento dos laços.
"Acho que já entrou em um ritmo de cruzeiro. O Brasil não é um problema
para os Estados Unidos, muito pelo contrario. A administração Obama vê o
Brasil como um grande estabilizador da América do Sul, e isso não deve
mudar. Não podemos esquecer que Obama já veio aqui logo depois da posse
da presidente Dilma, que Hillary Clinton visitou o país, recebeu o
ministro Patriota, os contatos entre os governos têm sido constantes e
de alto nível", avalia Gunter Rudzit, doutor em Ciência Política pela
USP e professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio
Branco.
Para Michael Shifter, presidente do Instituto Diálogo Interamericano,
especializado em política de relações exteriores e relações entre os
Estados Unidos e a América Latina, não haverá diálogo para um
estreitamento de parcerias. "É razoável esperar desentendimentos
contínuos em diversas questões globais e regionais. Mas as relações
permanecerão cordiais entre Washington e Brasília e haverá um lento
progresso em uma agenda compartilhada".
Durante os quatro primeiros anos de governo, Obama veio ao Brasil, em
2011, e Dilma foi aos Estados Unidos, no ano passado. O relacionamento
melhorou, já que o bilateralismo andava desgastado com as desavenças
entre o ex-presidente Lula e os EUA em relação ao Irã, ao golpe de
Estado em Honduras e a outros temas espinhosos.
No ano passado, os Estados Unidos
anunciaram que abrirão dois novos consulados no Brasil, um em Belo
Horizonte (MG) e outro em Porto Alegre (RS). Obama anunciou que os
Estados Unidos devem aumentar a capacidade de processamento de vistos
para Brasil e China em 40% até o fim do ano, como parte de um pacote de
estímulo turístico para seu país.
Força simbólica
Para John Crocitti, professor de história da América Latina na Universidade Mesa, da Califórnia, especializado em Brasil, um dos motivos de o Brasil não ser mais uma prioridade é que os Estados Unidos não têm mais tantos recursos.
Para John Crocitti, professor de história da América Latina na Universidade Mesa, da Califórnia, especializado em Brasil, um dos motivos de o Brasil não ser mais uma prioridade é que os Estados Unidos não têm mais tantos recursos.
"Está relacionado a um problema de orçamento. Não podemos bancar o
mesmo engajamento pelo mundo como tínhamos ao final da Segunda Guerra
Mundial. Nessa época, nós éramos ricos! Ainda somos um país rico, mas
não tanto para nos engajarmos ao redor do mundo."
Segundo ele, Obama tem muito mais força simbólica para nós,
brasileiros, do que uma influência real. "Para a América Latina, Obama
permanece mais como um símbolo do que como uma mudança material. [...]
Ele é um símbolo de que a igualdade pode ocorrer."
Camisetas com o rosto de Obama à venda nesta sexta-feira (18) em loja de presentes na capital americana, Washington (Foto: AFP)
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