CÂMARA DE IBICARAÍ

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domingo, 20 de janeiro de 2013

Um leilão pra lá de bizarro

Por Lauro Andrade Assunção

Ultimamente, não há um só dia em que não me depare com uma notícia sobre Ingrid Migliorini, a brasileira que leiloou sua virgindade e tornou-se uma celebridade festejada em vários canais.

Como um grande consumidor de notícias, falta-me às vezes paciência com a agenda que a “grande imprensa” dita para nós, seus leitores. Em minha garimpagem diária, talvez até em razão da imensa quantidade de reportagens que a internet propicia, não é fácil encontrar uma notícia realmente informativa e prazerosa. Fazer o quê?

Como exemplo das banalidades a que estamos expostos, escolhi aqui esse novo hit, a Srta Ingrid Migliorini, posto que o seu feito está muito mais para o bizarro que para o glorioso, numa avaliação em que não pretendo estabelecer balizas de moral nem de estética. Até porque, na minha idade, pouca coisa me enrubesce. No entanto, prefiro homenagear a grande maioria dos jovens brasileiros, que rala nos estudos e no trabalho em busca de seus sonhos.

No que pese a beleza da jovem adjudicada, o seu rápido sucesso decorre de dois eventos realmente contraditórios: a virgindade e o leilão. A bizarrice está na síntese dessa estranha dialética, uma virgindade aos vinte anos, algo pouco comum no Século XXI, e a opção em ceder tão íntimo e delicado mimo ao maior preço pecuniário ofertado. Tudo com uma naturalidade que põe em dúvida o sucesso de sua determinação de castidade.

Ao cotejar esse fato e a poesia de Caetano, “da força da grana que ergue e destrói coisas belas”, não há como não lamentar a quantidade de momentos desperdiçados, de negativas insuperáveis, de desejos reprimidos, de prazeres interrompidos, numa obstinação que, ao que parece, não cedeu a encantos nem afetos. Seria apenas uma questão de preço ou, quem sabe, de autodesapreço.

Apesar dos novos tempos, é difícil harmonizar a virgindade, esse tradicional símbolo de pureza e recato, com o leilão, uma tradicional atividade de comércio, onde a hasta pública sugere uma transação impessoal. E ainda que se queira a aparência do moderno, esse evento mercantil, em verdade, traz à baila duas profissões que remontam à Antiguidade
Oriental.
 
Fonte facebooke de Assunção

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