Previsão do mercado é que juro permaneça neste patamar até fim do ano.
Para economistas, BC não está mirando na meta central de 4,5% em 2013.
O Comitê de Política Monetária (Copom)
do Banco Central tem nesta quarta-feira (16) seu segundo dia de reunião
em Brasília e, após as 18h, anunciará sua decisão sobre o patamar da
taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 7,25% ao ano.
A expectativa quase consensual do mercado financeiro é de que a taxa
permaneça no atual patamar, que é a mais baixa da história, não só neste
encontro de janeiro, mas também até o final de 2013.
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC deveria, teoricamente,
calibrar os juros para atingir as metas centrais de inflação
pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Ao subir os juros, o BC atua para controlar a
inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está
compatível com a meta. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de
4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para
cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem
que a meta seja formalmente descumprida.
A útlima previsão divulgada pelo Banco Central para o ano de 2013
consta no relatório de inflação de dezembro, divulgado no fim do ano
passado. Segundo a autoridade monetária, o IPCA deste ano deverá ficar
pouco abaixo de 5%. Nesta projeção, porém, não está contabilizado o
reajuste da gasolina que, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ocorrerá em 2013. Para o mercado financeiro, a expectativa de inflação para este ano é de 5,5%.
Meta de inflação?
De acordo com o economista da FEA-USP, Heron do Carmo, especialista em inflação, "tudo indica" que o IPCA vai ficar próximo de 5,5% neste ano – após somar 5,84% em 2012 e 6,50% em 2011 (em ambos os casos, muito acima da meta central de 4,5%).
De acordo com o economista da FEA-USP, Heron do Carmo, especialista em inflação, "tudo indica" que o IPCA vai ficar próximo de 5,5% neste ano – após somar 5,84% em 2012 e 6,50% em 2011 (em ambos os casos, muito acima da meta central de 4,5%).
"Esse regime de metas está 'capenga' faz tempo, não é de hoje. É como
uma pessoa que tem obesidade mórbida, que, no nosso caso, é a inflação
alta. A meta seria trazer a inflação para a normalidade [dos países
desenvolvidos, de 2% a 2,5% ao ano], mas a pessoa se contenta em ficar
com sobrepeso", avaliou ele. Para ele, o BC não quer que a inflação
ultrapasse o teto de 6,5% do sistema de metas neste ano.
A mesma visão foi expressa pelo economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria, ao G1
no fim do ano passado. Para ele, o centro de 4,5% da meta de inflação
deixou de balizar as decisões sobre taxas de juros. "É o patamar que o
BC efetivamente não persegue. A única coisa que permanece é uma
sensibilidade em relação ao teto da banda [de 6,5%]. O BC e governo
tentam evitar que a inflação fique acima dos 6,5% por todas as
repercussões negativas", declarou ele na ocasião.
Estímulo ao crescimento
De acordo com coordenador de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Reginaldo Gonçalves, a preocupação do governo, ao não subir a taxa de juros para buscar a meta central de inflação de 4,5% neste ano, é com o nível de atividade da economia brasileira. “Embora o governo já se prepare para uma situação econômica mais complexa, onde a redução dos juros para o patamar de 7% [ao ano] talvez fosse coerente para aumentar o consumo, infelizmente a taxa projetada de inflação já vem demonstrando que outras estratégias emergenciais terão que ser tomadas", avaliou ele.
De acordo com coordenador de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Reginaldo Gonçalves, a preocupação do governo, ao não subir a taxa de juros para buscar a meta central de inflação de 4,5% neste ano, é com o nível de atividade da economia brasileira. “Embora o governo já se prepare para uma situação econômica mais complexa, onde a redução dos juros para o patamar de 7% [ao ano] talvez fosse coerente para aumentar o consumo, infelizmente a taxa projetada de inflação já vem demonstrando que outras estratégias emergenciais terão que ser tomadas", avaliou ele.
Âncora cambial
Para o especialista em câmbio, Sidnei Moura Nehme, economista da NGO Corretora, é "inevitável" que o governo lance mão do dólar para ser a "âncora" disponível de maior eficiência neste momento visando à contração das pressões inflacionárias (cenário semelhante ao ocorrido no fim da década de 90, quando o dólar era mantido desvalorizado artificialmente para controlar a inflação).
Para o especialista em câmbio, Sidnei Moura Nehme, economista da NGO Corretora, é "inevitável" que o governo lance mão do dólar para ser a "âncora" disponível de maior eficiência neste momento visando à contração das pressões inflacionárias (cenário semelhante ao ocorrido no fim da década de 90, quando o dólar era mantido desvalorizado artificialmente para controlar a inflação).
"A questão é que o governo tem problemas com um aquecimento forte das
pressões inflacionárias, tendo como 'bala prioritária' a utilização da
taxa cambial como fator de contração", avaliou ele em comunicado,
acrescentando, porém, que essa política de dólar desvalorizado pode
provocar "danos nas expectativas de recuperação da nossa atividade
industrial".
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