Filho do presidente Bolsonaro afirmou
que China é a culpada pela pandemia de coronavírus. País é o principal parceiro
comercial do Brasil desde 2009, segundo Itamaraty.
Por G1 — Brasília
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) — Foto:
Michel Jesus/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu
desculpas à China na madrugada desta quinta-feira (19) pela afirmação do
deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que responsabilizou o país pela
disseminação do coronavírus pelo mundo.
"Em nome da Câmara dos Deputados, peço desculpas à China e ao
embaixador @WanmingYang pelas palavras irrefletidas do Deputado Eduardo
Bolsonaro", escreveu Maia em uma rede social.
O filho do presidente Jair Bolsonaro disse
nesta quarta (18) em rede social que a "culpa" pela crise do
coronavírus é da China.
"Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a
usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. [...] +1
vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q
salvaria inúmeras vidas. [...] A culpa é da China e liberdade seria a
solução", publicou Eduardo Bolsonaro.
Em resposta, também em uma rede social, o embaixador da China no Brasil,
Yang Wanming, repudiou a publicação do deputado e exigiu pedido de desculpas.
Os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados em Wuhan, na
China. Nos últimos meses, os casos se espalharam a ponto de a Organização
Mundial de Saúde declarar pandemia –
isto é, a OMSreconheceu
que o vírus se
espalhou por vários continentes.
Em resposta a Eduardo, Yang Wanming repudiou a afirmação do deputado e
marcou os perfis do presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM-RJ),
do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
"A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige
que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e
manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a @camaradeputados.
@BolsonaroSP @ernestofaraujo @RodrigoMaia", respondeu o embaixador.
Além disso, ao perfil da própria embaixada da China na mesma rede social
publicou uma mensagem na qual disse que a afirmação de Eduardo Bolsonaro é
"extremamente irresponsável". Ironizou, ainda, ao dizer que o
parlamentar contraiu "vírus mental".
"As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam
familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar
de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades
entre os nossos povos", publicou a embaixada.
"Lamentavelmente, você é uma pessoa sem visão internacional nem
senso comum, sem conhecer a China nem o mundo. Aconselhamos que não corra para
ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob a pena de tropeçar feio. @ernestofaraujo
@camaradeputados @RodrigoMaia", acrescentou.
O deputado Eduardo Bolsonaro durante sessão da Câmara — Foto:
Reuters/Adriano Machado
Relação Brasil-China
De acordo com o Ministério das
Relações Exteriores, as relações comerciais entre Brasil e China
"têm se caracterizado por notável dinamismo".
"Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e
tem sido uma das principais fontes de investimento externo no País. O
relacionamento vai além da esfera bilateral: Brasil e China têm mantido diálogo
também em mecanismos como BRICS, G20, OMC e BASIC (articulação entre Brasil,
África do Sul, Índia e China na área do meio ambiente)", afirma o
Itamaraty em um texto publicado no site oficial.
Ainda de acordo com a pasta, o comércio bilateral entre Brasil e China
saltou de US$ 3,2 bilhões em 2001 para US$ 98 bilhões em 2019 (em 2018 foram
US$ 98,9 bilhões).
"A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em
2012, a China tornou-se o principal fornecedor de produtos importados pelo
Brasil", acrescentou a pasta, no mesmo texto.
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