Gustavo Maia
Do UOL, em Brasília
Quando começar a ler seu
relatório sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, na tarde desta segunda-feira
(10), o deputado federal Sergio Zveiter (PMDB-RJ), 61, deve levar pouco mais de
uma hora para revelar seu voto
"sucinto, objetivo e conclusivo".
Em
entrevista ao UOL neste domingo (9), momentos antes de
embarcar do Rio de Janeiro rumo a Brasília, Zveiter foi questionado se teme ser
jogado "na mesma lama" em que a opinião pública tem colocado
políticos alvos de investigação criminal caso apresente parecer contrário à admissibilidade
da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusou Temer
de ter praticado crime de corrupção passiva.
"Eu
tenho certeza absoluta de que não há possibilidade nenhuma de o meu nome estar
na mesma lama --se é que algum
nome está na lama na política-- porque
eu não pratiquei nenhum ato que fizesse com que o procurador-geral da República
[me denunciasse]", respondeu o deputado, que foi alvo de campanha promovida por artistas para votar contra Temer.
Zveiter
disse que ficará feliz se, depois que ler seu voto e seu parecer, as pessoas
olharem e falarem "poxa, esse cara se dedicou, se esforçou --claro, é um
ser humano e portanto não é infalível-- e fez
um trabalho digno, correto, que honra o fato de ser um parlamentar e pertencer
ao Poder Legislativo'".
"O
meu compromisso de consciência é exclusivamente com o Poder a que eu pertenço,
que é autônomo e independente. Eu sempre fui um cara muito institucional. O orgulho e a honra que eu
tenho hoje é poder participar de um momento em que eu possa junto com os meus
colegas deputados e deputadas mostrar para a população que nós trabalhamos
sério, sim. É esse o meu objetivo."
O
peemedebista disse ainda que não levou em conta a baixa popularidade do
denunciado, seu correligionário, para formular seu parecer --segundo a última
pesquisa Datafolha, o governo Temer conta com 7% de aprovação, a pior avaliação
de um presidente em 28 anos. "Eu tenho que fazer o meu trabalho. A minha
consciência é que manda", afirmou Zveiter.
"Vamos
dizer que fosse o contrário: se o presidente estivesse com 80% de aprovação e
eu chegasse à conclusão de que a denúncia tem fundamento. Aí só porque ele tem
aprovação alta eu ia dar um parecer [contra a denúncia]? Eu não estou decidindo
com base em pesquisa eleitoral, estou decidindo com base na Constituição da
República e no regimento interno", argumentou.
Sou
advogado, não posso me desmoralizar, né?
Sergio Zveiter, deputado federal
Sergio Zveiter, deputado federal
Designado para a função pelo presidente da CCJ, deputado Rodrigo
Pacheco (PMDB-MG) na última terça (4), o relator contou ter
"formado o convencimento" na sexta (7). Os últimos detalhes do
relatório foram finalizados no início da noite do sábado (8), no seu escritório
de advocacia no Rio de Janeiro.
"Tive
que estudar a Constituição, que é onde tem a previsão de que a Câmara autoriza
[o prosseguimento da denúncia contra um presidente da República], o regimento
interno [da Casa] para aplicar a esse primeiro caso que está tendo lá, os
princípios do direito penal, porque se trata de uma denúncia por suposta
prática de crime comum pelo presidente no exercício do mandato, e
jurisprudências do STF e do STJ (Superior Tribunal de Justiça)", explicou.
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