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sexta-feira, 7 de julho de 2017

"Se me tratarem mal, eu trato mal", diz chefe do PCC acusado de mandar matar agente federal

Flávio Costa
Do UOL, em São Paulo

·         Divulgação/Folhapress
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Cúpula do PCC, de acordo em documento do Ministério Público de São Paulo; Roberto Soriano, o Tiriça, aparece na linha de baixo: é o terceiro da esquerda para a direita
Um bate-boca entre um chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital), acusado de ordenar o assassinato de agentes, e um funcionário do presídio de Porto Velho (RO) revela a tensão entre presos da facção e carcereiros das quatro penitenciárias federais do país.
"Se me tratarem bem, eu trato bem, se me tratarem mal, também vou tratar mal", disse o detento Roberto Soriano a um agente penitenciário, ao reclamar da comida oferecida a ele durante o horário de almoço no presídio, no último dia 14 de março, de acordo com documentos da Justiça Federal aos quais o UOL teve acesso.
Para entender o contexto da discussão é preciso retroceder no calendário. Mais precisamente ao dia 2 de setembro de 2016. Nesta data, o agente Alex Belarmino Almeida Silva foi assassinado a tiros na cidade de Cascavel (PR) enquanto se dirigia ao trabalho no presídio federal de Catanduvas (PR) -- distante 55 km do local do atentado.
A Policia Federal concluiu que a ordem para o assassinato foi dada por Soriano, conhecido no mundo do crime, entre outros apelidos, por "Tiriça". Ele é membro da "sintonia final geral", nome dado à cúpula da maior facção criminosa do país, de acordo com as autoridades.
AGENTE ALEX BELARMINO FOI MORTO EM SETEMBRO DE 2016
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Tiriça era detento de Catanduvas, popularmente conhecida como "Cadeião". Matar agentes foi a decisão tomada pelo PCC para "intimidar e desestabilizar" do sistema penitenciário federal, considerado "opressor" pela facção.
As investigações revelaram que Tiriça se utilizou das visitas íntimas a outros presos para comunicar aos comparsas em liberdade a ordem de assassinato. O MPF (Ministério Público Federal) denunciou 15 pessoas pelos crimes de homicídio qualificado e organização criminosa.
"Roberto Soriano é o integrante de maior hierarquia da organização criminosa PCC envolvido no caso, e se encontra recolhido no Sistema Penitenciário Federal, tendo funcionado como mandante do crime", lê-se na denúncia do MPF.
A defesa de Tiriça nega que ele tenha participado do crime (leia mais abaixo).

"Eu me sinto como se estivesse vivendo em uma guerra velada desigual. A gente só pode agir dentro da legalidade, mas eles podem fazer o que quiserem", disse um agente penitenciário federal ao UOL, sobre o assassinato do colega. O nível de alerta do sistema penitenciário federal foi elevado.

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