Flávio
Costa
Do UOL,
em São Paulo
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Divulgação/Folhapress
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Cúpula do PCC, de acordo em documento
do Ministério Público de São Paulo; Roberto Soriano, o Tiriça, aparece na linha
de baixo: é o terceiro da esquerda para a direita
Um bate-boca entre
um chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital), acusado de ordenar o
assassinato de agentes, e um funcionário do presídio de Porto Velho (RO) revela
a tensão entre presos da facção e carcereiros das quatro penitenciárias
federais do país.
"Se me
tratarem bem, eu trato bem, se me tratarem mal, também vou tratar mal",
disse o detento Roberto Soriano a um agente penitenciário, ao reclamar da
comida oferecida a ele durante o horário de almoço no presídio, no último dia
14 de março, de acordo com documentos da Justiça Federal aos quais o UOL teve
acesso.
Para entender o
contexto da discussão é preciso retroceder no calendário. Mais precisamente ao dia
2 de setembro de 2016. Nesta data, o agente Alex Belarmino Almeida Silva foi assassinado a
tiros na cidade de Cascavel (PR) enquanto se dirigia ao trabalho no presídio
federal de Catanduvas (PR) -- distante 55 km do local do
atentado.
A Policia Federal concluiu que a
ordem para o assassinato foi dada por Soriano, conhecido no mundo do crime,
entre outros apelidos, por "Tiriça". Ele é membro da "sintonia
final geral", nome dado à cúpula da maior facção criminosa do país, de
acordo com as autoridades.
AGENTE ALEX BELARMINO FOI MORTO EM SETEMBRO DE 2016
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Tiriça era detento
de Catanduvas, popularmente conhecida como "Cadeião". Matar agentes
foi a decisão tomada pelo PCC para "intimidar e desestabilizar" do sistema
penitenciário federal, considerado "opressor" pela
facção.
As investigações revelaram que Tiriça
se utilizou das visitas íntimas a outros presos para comunicar aos comparsas em
liberdade a ordem de assassinato. O MPF (Ministério Público Federal) denunciou
15 pessoas pelos crimes de homicídio qualificado e organização criminosa.
"Roberto Soriano é o integrante
de maior hierarquia da organização criminosa PCC envolvido no caso, e se
encontra recolhido no Sistema Penitenciário Federal, tendo funcionado como
mandante do crime", lê-se na denúncia do MPF.
A defesa de Tiriça nega que ele tenha
participado do crime (leia mais abaixo).
"Eu me sinto
como se estivesse vivendo em uma guerra velada desigual. A gente só pode agir
dentro da legalidade, mas eles podem fazer o que quiserem", disse um
agente penitenciário federal ao UOL, sobre o assassinato do
colega. O nível de alerta do sistema penitenciário federal foi elevado.
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