O primeiro lp lançado pelos Beatles acaba de completar cinquenta anos. É uma eternidade.
Reviro  meus Arquivos Não Tão Implacáveis em busca de um texto sobre os “rapazes de Liverpool” . Voilà: 
Como se dizia antigamente, “direto ao assunto”: tive a chance de 
ouvir do “Quinto Beatle”, o super-produtor George Martin, qual é o 
segredo que explica a imbatível performance da dupla de compositores 
Lennon-McCartney.
George Martin e a dupla
 Aos fatos:
 1) assim que começou a trabalhar com os Beatles, Martin descobriu 
que a melhor tática para garantir a qualidade das músicas seria 
incentivar ao máximo a competição – que já existia – entre Lennon e 
McCartney. O esquema “maquiavélico” deu certo. Certíssimo. Como George 
Martin aplicou esta tática? (Já,já, daqui a dois parágrafos, ele dirá).
 2) meses antes de morrer, ao receber a visita de Martin em casa, no 
edifício Dakota, em Nova York, John Lennon fez a Martin uma confissão 
que resume a obsessão do ex-beatle com a qualidade musical – uma bela 
virtude num compositor pop.
 A gravação completa do depoimento de Martin – colhido na igreja que 
ele transformou em estúdio, em Hampstead, no norte de Londres, em 1998, 
para o programa “Milênio”(Globonews) – repousa numa prateleira do Centro
 de Documentação da Rede Globo, o Cedoc. O repórter sai de cena. Passa a
 palavra para o Quinto Beatle:
 ”Os Beatles, no começo, não eram grandes artistas. Eram jovens muito
 inteligentes que, no entanto, não demonstravam sinal algum de que 
poderiam compor boa música. Não vi evidência alguma de que seriam bons 
compositores”.
 ”A primeira vez que soube dos Beatles foi quando Brian Epstein, 
empresário do grupo, trouxe uma gravação para o meu escritório. Era 
horrível. Pude entender por que todos tinham dito “não” a eles. O melhor
 que poderiam me dar era “P.S.I Love You”. Não era uma música muito boa.
 Copiaram o que ouviam dos Estados Unidos, mas também aprenderam o 
ofício bem depressa”.
 ”A combinação entre John e Paul era bastante interessante, pelo 
seguinte: tínhamos, ali, dois jovens muito talentosos. Cada um de um 
jeito, os dois eram músicos e compositores muito bons – que trabalhavam 
juntos, numa espécie de competição: cada um tentava superar o outro. Um 
subia nas costas do outro o tempo todo”.
 ”Quando comecei a trabalhar com os Beatles, logo no primeiro 
ano,depois que eles gravaram “Please, Please Me”, eu disse: “Senhores, 
este é o primeiro sucesso..”. Propus um desafio: “Agora, tragam-me algo 
melhor!”. Os dois voltaram com “From Me To You” – que era boa. Depois, 
me trouxeram “She Loves You”, melhor ainda. Em seguida, “I Wanna Hold 
Your Hand”,fantástica! A cada vez, compunham algo diferente da anterior.
 Não era como “Guerra nas Estrelas I”, “Guerra nas Estrelas II”, “Guerra
 nas Estrelas III”. Davam um tratamento original”.
 ”Digo que esta curiosidade e este esforço para transpor o horizonte é
 que caracterizaram o pensamento de John e Paul. Isso é que os fez tão 
bons! Sempre tentavam melhorar, sempre tentavam ser mais originais. 
Perguntavam-me: “Que som podemos ter? O que é que você pode nos dar? O 
que é que não sabemos ainda? Ensine!”.
Isso é que os tornou excelentes”.
 ”O meu último encontro com John Lennon foi no Edifício Dakota, em 
Nova York, onde ele morava. Jantamos, meses antes de ele morrer. Yoko 
não interferiu. Ficou quieta a noite toda. John e eu ficamos, então, 
conversando sobre o nosso passado. Não tínhamos planos de trabalhar 
juntos. Eu tinha meus projetos, John tinha os seus. Eu não tinha 
intenção de voltar a trabalhar com ele. Mas falamos de nossas gravações.
 John se virou e me disse: “Quer saber? Se eu pudesse, gravaria de novo 
tudo o que fizemos!”. Eu respondi: “Você não pode estar falando sério! 
Eu detestaria gravar tudo de novo, porque seria maçante”. Mas John me 
disse que poderíamos fazer tudo ainda melhor. Isso foi extraordinário!”
FONTE : Dossiê Gerak o Blog das Confissões
FONTE : Dossiê Gerak o Blog das Confissões
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