Médica foi denunciada por homicídio qualificado e formação de quadrilha.
Advogado da médica diz que denúncia foi baseada em premissas falsas.
Médica segue presa em Curitiba (Foto: Reprodução/RPCTV)
A médica Virgínia Soares de Souza, presa desde o dia 19 de fevereiro,
em Curitiba, foi denunciada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR),
pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Outras
sete pessoas suspeitas de envolvimento no caso também foram denunciadas
pelo órgão.
O anúncio foi feito pelos promotores Paulo Marcowicz de Lima, Fernanda
Nagal Garcez, Ana Paula Cesconetto Branco e pelo procurador Marco
Antônio Teixeira na tarde desta segunda-feira (11).
De acordo com o MP, Virgínia foi denunciada por co-autoria em sete
homicídios, o médico Anderson de Freitas, em dois homicídios
qualificados e formação de quadrilha, os médicos Edison Anselmo da Silva
Junior e Maria Israela Cortez Boccato, cada qual por um homicídio
duplamente qualificado e formação de quadrilha, as enfermeiras Laís da
Rosa Groff e Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro, por um homicídio
duplamente qualificado e formação de quadrilha, e a fisioterapeuta
Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes por
formação de quadrilha.
Denúncia foi anunciada pelo MP-PR nesta segunda-feira
(Foto: Reprodução/OTV)
(Foto: Reprodução/OTV)
Já a médica Krissia Kamile Singer, que prestou depoimento e foi
indiciada pela polícia, não foi denunciada pelo MP. O advogado dela,
Jorge Timi, afirmou que a exclusão do nome da cliente do processo "tirou
um peso das costas dela".
Ainda segundo a denúncia do MP, o homicídio 'duplamente qualificado'
refere-se a motivo torpe, uma vez que os profissionais se reconheceriam
“como possuidores do poder de decretar o momento da morte da vítima,
contra a vontade do paciente e de seus familiares e em total
desconformidade com a lei”. E também à escolha da vítima ser feita para
gerar nova vaga no centro médico, para “girar a UTI”, “desentulhar a
UTI”, conforme dizia Virgínia Helena Soares de Souza.
"Houve um esforço gigantesco de produção de elementos factíveis,
razoáveis e convincentes que pudessem embasar a denúncia que foi
formulada", afirmou o procurador Marco Antônio Teixeira.
Ele reiterou também que a conclusão que chega ao MP é fruto de
investigações policiais que duraram muitos meses e de indícios sérios de
autoria das pessoas suspeitas. "É uma página certemente dolorosa para
as pessoas que de alguma forma sofreram os efeitos dessas ações
delituosas, também é uma página dolorosa para as instituições e para a
sociedade em geral. Vamos enfrentar isso da melhor maneira possível",
ralata.
Elias Mattar Assad, advogado de Virgínia, diz que a
denúncia foi baseada em premissas falsas
(Foto: Reprodução/OTV)
denúncia foi baseada em premissas falsas
(Foto: Reprodução/OTV)
O advogado de defesa de Virgínia, Elias Mattar Assad, disse que a
denúncia foi baseada em premissas falsas. "Nós temos uma carta de
próprio punho escrita pela denuciante anônima, que nós vamos tornar
pública nos próximos dias, quando ela dá a entender que tinha ódio do
hospital e ódio da Virginia e isso deflagrou um mecanismo de
investigação que se deixou levar por evidencias derivadas de falsas
premissas".
O advogado de Maria Israela, Leonardo Buchmann, não quis se manifestar
sobre a decisão do MP de denunciar a cliente. O advogado Daniel Montoya,
que cuida da defesa dos médicos Anderson de Freitas e Edison Anselmo,
afirmou que não teve acesso à denúncia e não irá se pronunciar sobre o
assunto.
O G1 também procurou o advogado da enfermeira Lais Groff, Jefferson Reis, mas o celular dele estava desligado.
Os representantes da fisioterapeuta Carmencita Minozzo e dos
enfermeiros Claudinei Nunes e Patrícia Goveia não foram localizados para
comentar a denúncia do MP.
Virgínia é funcionária do hospital desde 1988 e chefiava a Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) geral desde 2006. O setor ficou fechado em
virtude das denúncias e médicos e funcionários foram afastados. Na
sexta-feira (8), 13 dias depois, o espaço reabriu com 15 médicos, 41
profissionais de enfermagem e quatro profissionais de apoio. Todos eles
atuam sob coordenação do médico Hipólito Carraro Júnior.
Ainda durante a coletiva, a promotora Fernanda destacou que a denúncia
não significa que todas as pessoas que morreram na UTI do Evangélico
desde 2006 tenham sido vítimas de crimes de homicídio. Infelizmente, por
ser natural, pessoas internadas na UTI, naturalmente, em decorrências
das duas doenças, tenham a grande possibilidade de virem a morrer".
Ela disse ainda que a denúncia foi baseada nos autos de interceptação
tefefônica e nos prontuários médicos suspeitos, que, segundo a polícia,
totalizaram 26.
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