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segunda-feira, 11 de março de 2013

Motorista que atingiu ciclista comprou vodca, diz polícia

Segundo a casa noturna Josephine, jovem gastou R$ 96.
Vídeo pode confirmar se foi o próprio motorista mesmo que pagou a conta.

Tahiane Stochero Do G1 São Paulo
A comanda de consumo de Alex Siwek,  paga na casa noturna de onde ele saiu antes de atropelar um ciclista na Avenida Paulista, na manhã deste domingo (10), registra três doses de vodca e um energético, segundo a delegada Priscila de Oliveira Rodrigues, que investiga o caso. Siwek, que é estudante de psciologia, se entregou à polícia após jogar em um córrego da Avenida Dr. Ricardo Jafet, na Zona Sul de São Paulo, o braço da vítima, o ciclista David Santos de Souza, de 21 anos - que foi amputado no acidente e ficou preso nos estilhaços do vidro frontal do carro.
O horário que a comanda indivual de consumo foi fechada, às 6h, porém, é posterior ao horário do acidente, ocorrido às 5h30. A Polícia Civil espera agora imagens da casa noturna Josephine, no Itaim Bibi, na Zona Sul, para confirmar se foi mesmo Siwek, de 22 anos, quem pagou a conta.
Ao G1, a gerência da casa noturna Josephine, localizada na rua Dr. Mário Ferraz, no Itaim Bibi, confirmou que na comanda individual que marca o consumo do jovem havia as três vodcas e o energético. A comanda foi aberta quando o estudante de psicologia entrou na boate, às 2h14 de domingo, e fechada às 6h pontualmente. O preço final: R$ 96.

Tanto a gerência da boate quanto os investigadores querem saber se foi o Siwek mesmo quem pagou sua comanda ou se saiu antes e deixou o valor para alguém pagar. Uma cópia da comanda será enviada por e-mail para a delegada Priscila de Oliveira Rodrigues,  do 5º Distrito Policial, na Aclimação, para ser anexada ao inquérito.
O amigo de Siwek que estava com ele no carro na hora do acidente, Diego de Luna Daio, disse em depoimento à polícia que cada um deles bebeu "três ou quatro latinhas de cerveja na festa ", conforme a delegada. Nenhum deles falou em outro tipo de bebida.
Arte (Foto: Arte/G1) 
(Foto: Arte/G1)
Siwek foi indiciado por tentativa de homicídio e mais três crimes do Código Brasileiro de Trânsito - embriaguez ao volante, fuga de local de acidente e inovar artificiosamente no caso de acidente. O estudante está preso no 2º Distrito Policial e será transferido para um Centro de Detenção Provisória (CDP) ainda nesta segunda-feira, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
Segundo o advogado do motorista, Paulo Naves Testoni, a defesa entrará nesta segunda com um pedido de liberdade para Siwek, mediante fiança ou não. A intenção dos advogados é transformar a prisão em flagrante em uma medida cautelar. O acusado não prestou depoimento. Ele falará apenas em juízo, segundo a defesa.
"O estudante é réu primário, tem residência fixa, trabalha, estuda. Vamos apresentar ao juiz a documentação da faculdade de psicologia, mostrando que ele estava matriculado, frequentava, é uma pessoa correta, para que a Justiça decida se cabe uma fiança ou a prisão com base numa medida cautelar, que pode ser tanto a proibição que ele saía à noite, que ele viaje, ou dirija durante o processo", afirmou Testoni.
Investigações
A Polícia Civil pediu à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a condomínios da região da Avenida Paulista as imagens gravadas por câmeras de segurança que podem ter registrado o atropelamento.
Segundo o delegado Carlos Eduardo Silveira Martins, titular do 5º Distrito Policial, na Aclimação, que assumiu o caso, os investigadores irão percorrer nesta segunda-feira  diversos prédios das avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antônio em busca de imagens. A polícia investiga também se o motorista Alex Siwek, de 22 anos, que fugiu do local sem prestar socorro e se entregou à polícia horas depois, recebeu alguma multa por excesso de velocidade no dia do acidente.
Treze testemunhas já foram ouvidas, segundo a delegada. Na noite deste domingo, um corretor de imóveis que afirma ter sido a primeira pessoa a chegar ao local da colisão prestou depoimento. O corretor saiu do Metrô Brigadeiro e testemunhou o acidente. Ele contou à polícia ter visto Siwek em zigue-zague na Avenida Paulista até atropelar o ciclista. O corretor disse que ajudou a socorrer David e que um bombeiro que estava próximo prestou os primeiros socorros e estancou o sangue até a ambulância chegar. Este bombeiro ainda não foi localizado pela polícia, informou a delegada.
Quadro estável
Segundo o Hospital das Clínicas de São Paulo, o quadro de saúde do ciclista David Santos de Souza, era considerado estável nesta manhã. A vítima continuava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por volta das 9h depois de passar por uma cirurgia para suturar o local em que o braço foi amputado. De acordo com o hospital, o jovem estava consciente e respirava sem a ajuda de aparelhos. Ainda não há previsão de quando o ciclista irá para o quarto ou receberá alta hospitalar.
A empregada doméstica Antônia Ferreira dos Santos, de 51 anos, mãe do ciclista, disse que ouviu do filho a afirmação de que ele estava na ciclofaixa quando foi atingido pelo automóvel. No horário em que ocorreu o acidente, a ciclofaixa de lazer ainda estava desativada. A mãe contou que o rapaz, que trabalha como limpador de vidros, saiu de Diadema, na Grande São Paulo, e se dirigia ao trabalho, em um prédio próximo ao Hospital das Clínicas.
O acidente
Na descrição da polícia, o motorista Alex Siwek, de 22 anos, estava dentro de um Honda Fit ao lado de um amigo quando o acidente ocorreu, por volta das 5h30. O ciclista foi atropelado por trás e lançado sobre a frente do veículo. O braço direito do ciclista foi amputado por estilhaços de vidro do pára-brisa e permaneceu preso ao veículo.
O motorista fugiu do local, deixou o amigo em casa e depois foi à Avenida Doutor Ricardo Jafet, de onde lançou o braço amputado da vítima em um córrego. Depois, voltou à própria casa, guardou o carro na garagem e dirigiu-se a pé à unidade policial para se entregar.
Segundo o delegado, testemunhas disseram que o motorista dirigia em velocidade incompatível com o local, em zigue-zague, entrando e saindo da faixa reservada ao tráfego de bicicletas.
Defesa
O advogado de Siwek, Cássio Paoletti, disse que seu cliente não prestou socorro à vítima porque temeu a reação de pessoas que estavam próximas ao local do acidente.
"Segundo ele, ele temia pela conduta dos que estavam ali presentes", disse o advogado, sobre o fato de o motorista não ter prestado socorro à vítima. Questionado sobre o motivo de o jovem ter se desfeito do braço da vítima, ele disse estar chocado e que não entende o motivo.

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