Jornalista saudita com cidadania
americana e que morava nos EUA, Jamal Khashoggi está desaparecido desde uma
visita ao consulado saudita em Istambul, na Turquia, no início do mês.
Por G1
Mike Pompeo se reúne com o rei Salman da Arábia Saudita nesta
terça-feira (16) em Riad, para tratar do caso do desaparecimento na Truquia de
jornalista saudita que morava nos EUA — Foto: Leah Millis/Pool via AP
Turquia investiga sumiço de jornalista saudita
O secretário de Estado dos Estados Unidos,
Mike Pompeo, chegou nesta terça-feira (16) a Riad, na Arábia Saudita,
para uma reunião com o rei Salman. Eles conversaram sobre o desaparecimento do
jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi há duas semanas na Turquia.
Khashoggi, que também tinha cidadania americana, morava desde o ano
passado nos EUA. Ele era crítico do governo de Riad. Saiu de seu país temendo
por sua segurança, depois que o príncipe Mohammed bin Salman começou a combater
dissidentes sauditas. Não foi mais visto depois que entrou no consulado saudita
em Istambul, na Turquia.
Jamal Khashoggi, jornalista crítico ao governo da Arábia Saudita,
desapareceu após entrar no consulado do seu país em Istambul — Foto:
Reprodução/TV Globo
Pompeo foi recebido em Riad pelo ministro de Relações Exteriores da
Arábia Saudita, Adel al Jubeir. Em seguida, foi ao palácio real, onde se reuniu
com o rei Salmon. O secretário americano agradeceu o rei por recebê-lo em nome
do presidente Donald Trump, antes que os dois se reunissem a portas fechadas.
Pompeo também se reuniu com o príncipe Mohammed bin Salman.
Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, se reúne nesta terça-feira
(16) com o príncipe saudita Mohammed bin Salman em Riad — Foto: Leah
Millis/Pool/Reuters
Em um comunicado, o Departamento de Estado dos EUA afirmou que na
reunião Pompeo "reiterou preocupação com o desaparecimento de Jamal
Khashoggi".
Buscas no consulado
A visita de Pompeo a Riad acontece horas depois que investigadores
concluíram buscas dentro do consulado saudita em Istambul. O grupo de trabalho,
formado por Turquia e Arábia Saudita, chegou ao imóvel na tarde desta
segunda-feira. Essa equipe deixou o prédio pela manhã (início da madrugada de
terça, 16, no Brasil). Segundo a rede americana CNN, as investigações no local
levaram 9 horas.
O ministério turco de Relações Exteriores afirmou que a polícia deve
fazer uma nova busca na casa e nos veículos do cônsul saudita em Istambul.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, falando a repórteres no Parlamento,
levantou a possibilidade de partes do consulado terem sido pintadas. "A
investigação está analisando muitas coisas, como materiais tóxicos e materiais
sendo removidos sendo pintados por cima", disse.
Sauditas preparam relatório
De acordo com a CNN, citando duas fontes não identificadas, a Arábia Saudita
está preparando um relatório que deve admitir que o
jornalista Jamal Khashoggi foi morto como resultado de um interrogatório que
deu errado.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, caminha nesta terça-feira (16) com
o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, logo após
chegar a Riad — Foto: Leah Millis / Pool / Reuters
Uma fonte alertou que o relatório ainda está sendo preparado e pode
mudar, segundo a emissora. Outra fonte disse que o relatório provavelmente
concluirá que a operação foi realizada sem autorização e que os envolvidos
serão responsabilizados, disse a rede de televisão.
Gravação de áudio
O jornalista saudita, crítico do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin
Salman, foi ao consulado em Istambul para trâmites burocráticos relativos a seu
casamento com uma cidadã turca, Hatice Cengiz.
A Arábia Saudita afirma até o momento que o jornalista saiu do
consulado. Porém, autoridades turcas da área de segurança afirmaram à agência
Reuters que a polícia tem uma gravação de áudio que indica que ele foi morto
dentro do imóvel.
Segurança sai do consulado da Arábia Saudita em Istambul — Foto: Petros
Giannakouris/ AP Photo
O áudio teria sido feito pelo relógio de Khashoggi e recuperado em
sua conta online, segundo o jornal turco “The Sabah”.
Algumas fontes acusam o governo saudita de enviar à Turquia uma unidade
de agentes especiais para assassinar Khashoggi, o que o governo saudita nega
categoricamente.
No domingo (14), o rei Salman da Arábia Saudita falou por telefone com o
presidente turco Recep Tayyip Erdogan, a quem reafirmou "a solidez"
das relações entre os dois países.
ONU e EUA cobram esclarecimentos
A chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, pediu nesta terça
que a Arábia Saudita e a Turquia revelem tudo que sabem sobre o desaparecimento
e possível assassinato do jornalista. Também disse que Riad deve abrir mão da
imunidade de suas dependências e autoridades diplomáticas.
Na segunda (15), o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou no Twitter
que conversou com o rei Salman e que ele lhe assegurou ignorar o paradeiro do
jornalista.
Após receber uma "negativa muito, muito forte" do rei Salman
sobre o envolvimento de Riad no desaparecimento do jornalista, Trump afirmou à
imprensa na Casa Branca "que talvez deve ter sido obra de assassinos
comuns. Quem sabe?".
Nos últimos dias, o presidente americano vem afirmando que chegará ao
fundo do caso de Khashoggi e aplicará "penas severas" caso a Arábia
Saudita esteja envolvida na morte do jornalista, que escrevia para o
"Washington Post".
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