David Pope, Carlos Latuff e Liniers repercutiram incidente no Twitter.
Sede da revista 'Charlie Hebdo' foi alvo de tiros; 12 pessoas morreram.
- Cartunistas do mundo todo foram às redes sociais e postaram tirinhas sobre o ataque ao escritório da revista satírica "Charlie Hebdo", em Paris, nesta quarta-feira (7). No incidente,os desenhistas Georges Wolinski, Stephane Charbonnier (o "Charb"), Jean Cabut (o "Cabu") e Tignous foram mortos.
Os quadrinistas do G1, Arnaldo Branco e André Dahmer, e artistas como o argentino Liniers, o brasileiro Carlos Latuff e o holandês Ruben L. Oppenheimer homenagearam os colegas e repercutiram o ataque, que deixou ainda outras oito pessoas mortas. Os jornais "Le Monde", "Washington Post" e "The Independent" também publicaram cartuns sobre o caso.
Veja abaixo algumas das ilustrações e depoimentos:
Arnaldo Branco
Não entendo como alguém que acredita tanto no poder de sua fé sinta que ela está sob ameaça quando alguém faz uma simples piada. Matar cartunistas para vingar seu profeta (segundo os relatos, é o que gritaram os assassinos no prédio da 'Charlie Hebdo') me faz questionar se a causa desses caras se sustenta sem uma dose cavalar de irracionalidade.
É claro que o movimento anti-islâmico vai crescer na Europa. Não sei se a ideia é mesmo criar esse clima de guerra ou se os atiradores imaginavam que a morte de uns desenhistas – esses cidadãos de segunda classe – não ia ter maior repercussão. De qualquer forma, fica registrada a covardia dos 'donos da Verdade'.
André Dahmer
Mais um dia triste para os que acreditam que a inteligência é maior do que a violência. Wolinski foi assassinado. Com ele, três caras da melhor safra de cartunistas da França, além de outros jornalistas e funcionários da área de segurança.
Wolinski foi um dos mais prolíficos e geniais artista do humor gráfico do último século. Era um dos maiores artistas em atividade no mundo. Verdadeira lenda, um homem que influenciou três gerações de desenhistas: gente como Ziraldo, Laerte, Jaguar, Henfil e Fortuna lhe devem e muito. Todos beberam da obra do homem que fez uma verdadeira escola com seu humor, um apanhado feroz de crítica política e de costumes, com o traço livre e fluido que encantou tantos artistas do humor gráfico que vieram depois dele.
A violência ocorrida na redação do 'Charlie Hebdo' não nasceu ontem, perguntem aos iraquianos e paquistaneses. O recado é claro: ao matar os que se dedicam ao humor, o mundo mostra que chegamos ao nível máximo de violência e intolerância. Ou será que ainda não chegamos ao fundo do poço? Certamente, não. Poço com fundo é um conceito de otimistas.
Plantu
O jornal francês "Le Monde" usou um desenho do cartunista Plantu para prestar sua homenagem. Na imagem, uma mão com um lápis e a seguinte mensagem em vermelho: "Nossos corações estão com a 'Charlie Hebdo'".
Ruben L. Oppenheimer
O cartunista político holandês Ruben L. Oppenheimer postou uma publicação forte em seu perfil no Twitter. A ilustração mostra dois lápis gigantes e um avião, em clara comparação do ataque à "Charlie Hebdo" ao atentado de 11 de setembro, nos Estados Unidos.
Dave Brown
O jornal britânico "The Independent" adiantou a sua tirinha de quinta-feira (8), feita pelo cartunista Dave Brown, no Twitter. Na imagem, um pincel e um dedo em riste saindo da capa de uma edição do "Charlie Hebdo": um posicionamento bem claro em relação à liberdade de expressão.
Liniers
O argentino Liniers, conhecido por sua sensibilidade, manteve o tom em sua homenagem ao ataque à sede da "Charlie Hebdo". No balão, a frase "Yo, de lo que soy fanático es de no ser fanático" (Eu, que sou fanático em não ser fanático).
Em outro desenho, Liniers fugiu do seu traço usual e postou uma ilustração de apoio à "Charlie Hebdo". Em uma mão, um pincel, e na outra, uma edição da revista com um símbolo da paz. "Estamos com #CharlieHebdo", diz a legenda da foto.
Carlos Latuff
O cartunista brasileiro Carlos Latuff publicou uma tirinha com dois homens armados disparando contra a sede "Charlie Hebdo". No fundo, os tiros atingem uma mesquita.
David Pope
O cartunista australiano David Pope postou um desenho de um homem mascarado e armado ao lado de um corpo. No balão, a frase "He drew first" (Ele desenhou primeiro), que ironiza a ambiguidade do verbo "drew", que também é usado no inglês para "sacar a arma".
Ann Telnaes
A cartunista Ann Telnaes, do jornal norte-americano "Washington Post", postou uma tirinha que alude à uma fotografia de Stephane Charbonnier, editor da "Charlie Hebdo". Na ocasião da foto, Charbonnier defendia a independência editorial da publicação quando ela foi atacada em 2011. Em sua mão, uma revista com a frase "L'amour plus fort que la haine" (O amor é mais forte que o ódio).
Mala Imagen
O chileno Mala Imagen também homenageou os colegas mortos no ataque em Paris. Em sua ilustração, os cartunistas da "Charlie Hebdo" se defendem dos atiradores usando lápis.
'El Jueves'
A revista satírica "El Jueves", da Espanha, também lamentou o ataque à "Charlie Hebdo". A ilustração mostra um pote de tinta vermelha virado e a frase "Malos tiempos para el humor" (Tempo ruim para o humor).
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