Thaís Tavares Lima passou na USP, Unicamp, Unesp e UFPR. 
Estudante não cursou escola particular e teve sérios problemas de saúde.
Thaís Tavares Lima passou na USP, Unesp,
Unicamp e UFPR (Foto: Arquivo pessoal)
Unicamp e UFPR (Foto: Arquivo pessoal)
 "Quando vi, não acreditei, depois de tudo o que eu passei, isso é uma 
conquista muito grande”. A declaração é de Thaís Tavares Lima, de 19 
anos, ao resumir o sentimento de ver o seu nome na lista de aprovados do
 vestibular 2013 em quatro  grandes universidades públicas. A felicidade
 da estudante por passar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
 Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e
 Universidade Estadual Paulista (UNESP), tem um sabor ainda mais 
especial. Ela encarou quatro cirurgias e uma internação por meningite, 
sem deixar de estudar e frequentar a escola.
 Aos 14 anos, a estudante descobriu uma escoliose, que é um encurvamento
 da coluna vertebral, que provoca fortes dores nas costas, e precisou 
fazer uma cirurgia de correção de desvio e colocação de 16 pinos. Nesse 
período, Thaís estudava na Escola Estadual Ângelo Corassa Filho, em Paulínia
 (SP), e nem todas as dificuldades a fizeram deixar de estudar muito. 
“Eu faltei durante o período de internação e em alguns dias que sentia 
muitas dores, mas eu sabia que se eu pensava em ter alguma oportunidade 
na vida, não podia faltar nunca”, disse a adolescente, que decidiu 
estudar direito na USP.
 Aquele procedimento era apenas o primeiro desafio de Thaís, que um ano 
após a cirurgia teve que fazer duas limpezas cirúrgicas por causa de uma
 infecção causada na primeira operação. “Foi horrível, esse momento foi 
um dos mais difíceis. Eu tinha um corte enorme nas minhas costas, 
aberto, e não podia fazer nada. Nem sair com amigos, passear, entrar na 
piscina, eu ia à escola porque era prioridade”, contou.
 A escola sempre foi prioridade para Thaís e para a família. Moradora do bairro Matão, em Sumaré
 (SP), ela estudou a vida inteira em escola pública porque os pais não 
puderam pagar um estudo particular. A mãe, Sandra Tavares Lima, é 
auxiliar de enfermagem e o pai, Valter Lima, Guarda Municipal,  têm mais
 duas filhas: Bianca e Giovana, de 12 e 13 anos. “Graças a Deus nós 
trabalhamos, ganhamos nosso dinheiro, mas não podemos pagar escola para 
todas as filhas. Por isso elas têm que estudar, porque ninguém vai fazer
 nada por elas na vida”, afirmou Sandra.
Thaís  Lima passou na USP, Unesp, Unicamp
e UFPR (Foto: Arquivo pessoal)
e UFPR (Foto: Arquivo pessoal)
 Mais problemas
Em 2010, quando já cursava o ensino médio e técnico na Escola Técnica Estadual Conselheiro Antônio Prado (Etecap), em Campinas (SP), Thaís teve meningite, que é uma infecção causada por uma bactéria ou vírus, e ficou dez dias internada. “Os médicos me disseram que nunca tinham visto um nível de infecção daquele, eu estava com a imunidade muito baixa por conta das cirurgias e dos remédios que eu tomava pra dor”.
Em 2010, quando já cursava o ensino médio e técnico na Escola Técnica Estadual Conselheiro Antônio Prado (Etecap), em Campinas (SP), Thaís teve meningite, que é uma infecção causada por uma bactéria ou vírus, e ficou dez dias internada. “Os médicos me disseram que nunca tinham visto um nível de infecção daquele, eu estava com a imunidade muito baixa por conta das cirurgias e dos remédios que eu tomava pra dor”.
 Apesar de passar por todo esse momento de internações, cirurgias e 
problemas de saúde, o rendimento de Thaís na escola nunca foi alterado. 
“Eu nunca tive notas baixas, nem nesse momento minhas notas caíram. As 
pessoas me ajudavam, eu estudava, fazia provas em outros dias, estudava 
muito, dava meu jeito”, disse.
 Em 2011, quando estava no 3º ano do ensino médio, momento decisivo para
 o vestibular e quando ela finalmente achou que poderia se dedicar aos 
estudos, enfrentou mais dificuldades. Começou a sentir forte dores nas 
pernas até que não conseguia mais andar. Após cair um dia no pátio da 
escola, descobriu que quatro dos 16 pinos que ela havia colocado na 
primeira cirurgia, em 2008, estavam pressionando a medula e Thaís foi 
internada para ser submetida a quarta operação em apenas 5 anos.
Thaís Tavares Lima passou na USP, Unesp,
Unicamp e UFPR (Foto: Arquivo pessoal)
Unicamp e UFPR (Foto: Arquivo pessoal)
 Os vestibulares
A cirurgia para a retirada dos pinos foi em dezembro, bem perto da formatura no colegial e das provas para o vestibular. O baile aconteceu três semanas após o procedimento e lá estava Thaís dançando valsa com o pai. Já a condição física para enfrentar as provas no vestibular não eram tão favoráveis.
A cirurgia para a retirada dos pinos foi em dezembro, bem perto da formatura no colegial e das provas para o vestibular. O baile aconteceu três semanas após o procedimento e lá estava Thaís dançando valsa com o pai. Já a condição física para enfrentar as provas no vestibular não eram tão favoráveis.
 "Eu estava debilitada, foi horrível, não consegui fazer as provas, não 
passei em nada, estava muito mal", disse Thaís, que precisou lidar com a
 frustração de não ter passado em nenhuma prova por causa de problemas 
de saúde. "Eu estava preparada, não tanto quanto um ano depois, porque 
naquela época eu estava doente, mas eu não passei porque não estava bem 
de saúde mesmo".
  Acho que nada acontece por acaso, tudo tem motivo para acontecer. Eu 
tinha que passar por isso. Isso não é nem o começo, agora eu tenho uma 
Universidade pela frente"
  Thaís Tavares Lima
 O ano de 2012 foi o melhor para Thaís. Formada no ensino médio e sem as
 dores que deixavam ela até sem andar, a estudante conseguiu se dedicar 
inteiramente ao que ela sempre quis e sempre teve prazer em fazer: 
estudar. Mas para isso, mais uma vez, precisou buscar alternativas. Ela 
se matriculou no cursinho pré-vestibular do Diretório Central dos 
Estudantes da Unicamp, que é um projeto dos estudantes da universidade 
para ajudar alunos que não têm condições de pagar os cursinhos 
particulares. "Foi a melhor coisa para mim, além de poder estudar eu 
tive uma base que não teria nos outros cursinhos", contou.
 Com um ano inteiro para estudar, ler as obras e se dedicar, Thaís 
mergulhou no objetivo de passar em Direito, o curso que sempre almejou. 
"Li todos os livros obrigatórios, estudei muito, me dediquei mesmo". A 
jovem passou em Direito na USP, Unesp e na UFPR, pelo Sistema de Seleção
 Unificada (Sisu), já na Unicamp, passou em estudos literários, porque 
sempre foi apaixonada por literatura. "Direito é meu objetivo, mas eu 
ainda quero fazer esse curso de estudos literários", explicou.
 Sobre passar por todos esses problemas e sempre ter tido forças para 
continuar, ela resumiu. "Acho que nada acontece por acaso, tudo tem 
motivo para acontecer. Eu tinha que passar por isso. Isso não é nem o 
começo, agora eu tenho uma universidade pela frente".
 
 
 
 
 
 
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