Não é raro ouvirmos dizer que “lugar de estudante é na sala de aula e não na rua, fazendo passeata” ou “estudante estuda, não faz política”. Mas também ouvimos o contrário, quando alguém diz que “os estudantes estão alienados, não se interessam por política”. No primeiro caso, considera-se a política uma atividade própria de certas pessoas encarregadas de fazê-la – os políticos profissionais -, enquanto no segundo caso, considera-se a política um interesse e mesmo uma obrigação de todos. Assim, um primeiro paradoxo da política faz aqui sua aparição: é ela uma atividade específica de alguns profissionais da sociedade ou concerne a todos nós, porque vivemos em sociedade? Afinal o que é política? Política diz respeito a tudo quanto envolva relações de poder ou a tudo quanto envolva organização e administração de grupos? Podemos dar a política três significados: 1. Significado de governo, entendido como direção e administração do poder público, sob a forma do Estado. O senso comum social tende a identificar governo e Estado, mas governo e Estado são diferentes, pois o primeiro diz respeito a programas e projetos que uma parte da sociedade propõe para o todo que a compõe, enquanto o segundo é formado por um conjunto de instituições permanentes que permitem a ação dos governos. 2. Significado de atividade realizada por especialistas – os administradores – e profissionais – os políticos -, pertencentes a certo tipo de organização sociopolítica – os partidos -, que disputam o direito de governar. 3. Significado, derivado do segundo sentido, de conduta duvidosa, não muito confiável, um tanto secreta, cheia de interesses particulares dissimulados e frequentemente contrários aos interesses gerais da sociedade. Diante de todos os enunciados da Prof.ª Marilena Chauí é possível ainda questionar a necessidade do engajamento do estudante, padre ou policial dentro das discussões na esfera política? Obviamente que não. A questão é: O modo de fazer política em determinados lugares do mundo anda tão deteriorado que aqueles que têm o mínimo de virtude se negam a discutir aquilo que invariavelmente liberta o indivíduo. Lugar de estudante não é a apatia diante da corrupção e o descaso dos "eleitos”; - pintar a cara, empunhar bandeira e proferir frases orquestradas não é o bastante. Lugar de estudante é no alto dos píncaros das discussões democráticas e dialógicas para que tenhamos orgulho de um país que possamos reconstruir.
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