Por Lucas Salomão, G1 —
Brasília
Em documento enviado ao STF, Raquel Dodge diz que delatores narraram
repasses que teriam como objetivo obter influência do ministro em demandas da
JBS; Kassab nega irregularidades.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab — Foto: Marcelo
Brandt/G1
Em
documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, disse que há suspeitas de que executivos do
frigorífico JBS repassaram R$ 58 milhões ao ministro da Ciência e Tecnologia,
Gilberto Kassab, e ao PSD, partido fundado por ele.
As
suspeitas embasaram os mandados de
busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal nesta
quarta-feira (19), autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal – secretário de Transportes durante a gestão de Kassab na
Prefeitura de São Paulo
Ao G1,
Kassab disse que "não há
nada que macule" sua imagem. "Ao longo de todos
esses anos de vida pública não há nada que me comprometa no campo da imoralidade.
Estou tranquilo porque sempre respeitei os princípios da ética. Estou à
disposição do Ministério Público e do Poder Judiciário", disse por
telefone.
Kassab
foi nomeado
secretário da Casa Civil do governador eleito de São Paulo,
João Doria (PSDB). Considerado um homem forte do governo devido às suas
habilidades de negociação, ele será o articulador político do Palácio dos
Bandeirantes com os deputados na Assembleia Legislativa.
De
acordo com a colunista do G1 Julia Dualibi, na operação desta
quarta a PF apreendeu R$
300 mil em dinheiro no apartamento de Kassab.
PF faz
operação no apartamento do ministro Gilberto Kassab em São Paulo
Bom Dia
Brasil
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PF faz operação no apartamento do ministro Gilberto Kassab em São Paulo
Repasses a Kassab
O
ministro passou à condição de investigado após os executivos da JBS Wesley
Batista e Ricardo Saud narrarem, em delação premiada, narrarem pagamentos a ele
em troca de apoio político enquanto ele era prefeito de São Paulo e, depois,
como ministro de Estado, além de apoio ao PT na disputa presidencial de 2014.
Segundo
o documento enviado pela PGR ao Supremo, Kassab teria recebido uma mesada de R$
350 mil entre 2010 e 2016.
Ao
todo, o valor recebido pelo ministro teria chegado a R$ 30 milhões, afirma a
PGR.
De
acordo com os delatores, os repasses mensais tinham como objetivo
"eventual influência política futura em demandas de interesse da
JBS".
Para
viabilizar os repasses, os delatores narraram que foram firmados contratos
fictícios de prestação de serviço entre a JBS e uma empresa da qual Kassab foi
sócio até 2014. Os pagamentos, segundo a delação, foram feitos, inclusive, no
período em que o ministro já estava na chefia da pasta da Ciência e Tecnologia.
"Parte
dos pagamentos relatados coincidem com o exercício atual do cargo de ministro
de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, por parte de
Gilberto Kassab, cuja nomeação ao referido cargo ocorreu em 12/05/2016",
diz a PGR no inquérito.
Por
outro lado, Raquel Dodge também destaca que os delatores narraram em
depoimentos que Kassab teria vendido apoio político do PSD à campanha da
ex-presidente Dilma Rousseff à reeleição em 2014.
Segundo
o documento, a tratativa teria rendido R$ 28 milhões ao PSD.
Os
delatores afirmaram que o valor foi repassado ao diretório nacional do partido,
e tinha como destino as campanhas políticas do governador do Rio Grande do
Norte, Robinson Faria, e de seu filho, o deputado federal Fábio Faria.
"Em
razão do referido negócio, a JBS, com autorização do PT, teria realizado
pagamentos na ordem de R$ 28.000.000,00 ao Diretório Nacional do PSD para as
campanhas políticas do deputado federal Fábio Faria e do seu pai, o governador
do estado do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, bem como diretamente para
Gilberto Kassab", narra a PGR no documento.
Nesta
quarta, além dos mandados de busca e apreensão no apartamento de Kassab e em
endereços ligados às empresas investigadas, a Polícia Federal também cumpre
mandados em Natal (RN).
A PGR
afirma que o repasse ao diretório do PSD foi operacionalizado por meio de
doações oficiais de campanha, além da quitação de notas fiscais falsas de
prestação de serviços e da entrega de dinheiro em espécie aos envolvidos no
esquema.
O G1 entrou
em contato com as assessorias de Robinson Faria e Fábio Faria por volta das
10h30, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. A
reportabem também buscava contato com o PT.
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