Por Arnold Coelho
Esperando a vacina, sem furar a fila
Depois de um ano de 2020 para esquecer, apagar da memória, 2021 chegou com problemas, mas trouxe com ele a esperança em forma de vacina. É sabido que tudo está no começo e vacinar quase 8 bilhões de pessoas no mundo não é tarefa fácil. A tendência é que com o passar dos meses os grupos prioritários sejam vacinados e a normalidade que tanto sonhamos volte.
Aqui no Brasil são cerca de 208 milhões de pessoas e o processo está no início e com problemas, graça aos vícios e ao ‘jeitinho brasileiro’ do nosso povo. O brasileiro sempre cultuou a figura do ‘malandro’ e o mundo sempre viu isso. Walt Disney quando pensou em criar um personagem brasileiro buscou a figura do papagaio carioca e malandro, assim nasceu o Zé Carioca.
Em meados dos anos 70, em pleno regime militar e o Brasil tricampeão mundial de futebol, um infame comercial de cigarro (Vila Rica) teve como garoto propaganda o nosso Gérson, o Canhotinha de Ouro, que protagonizou uma campanha publicitária e sem querer descreveu em uma frase o brasileiro e sua essência, Gérson finalizava o comercial dizendo: “gosto de levar vantagem em tudo”.
Gerson não idealizou essa bendita frase, só repetiu como um bom papagaio, malandro e carioca, essa pérola que virou bordão no país, fazendo parte da nossa pobre cultura tupiniquim. O bordão cresceu, percorreu todo o território nacional, saindo do Oiapoque ao Chuí, e infelizmente elevou da categoria bordão para lei, ‘A Lei de Gérson’. E Gérson, gênio na arte de jogar bola e fazer grandes lançamentos dentro de campo, lançou essa pérola por todo o Brasil.
A ‘Lei de Gérson’ continua viva em nosso país e a prova disso foi o início da vacinação contra a Covid-19 em todo o território nacional, onde prefeitos, secretários municipais, autoridades dos três poderes e pessoas com alto poder aquisitivo estão usando o ‘jeitinho brasileiro’, através da ‘Lei do Gerson’, para levar vantagem e furar a fila na hora da vacinação.
São muitos casos sendo denunciados por todo o país, que precisam ser averiguados e os infratores precisam – de alguma forma – serem punidos. Precisamos mudar essa triste realidade no Brasil, onde a única lei que verdadeiramente funciona é a do Gérson.
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