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terça-feira, 8 de março de 2016

Por unanimidade, Conselho de Ética arquiva processo contra Jean Wyllys

Motivo da representação foi um bate-boca dele com outro deputado.

Relatório do deputado Marchezan Júnior foi aprovado por 11 votos a 0.

Fernanda Calgaro
Do G1, em Brasília

O Conselho de Ética da Câmara decidiu nesta terça-feira (8) arquivar a representação contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) por conta de um
 bate-boca entre ele e o deputado João Rodrigues (PSD-SC), ocorrido no ano passado em uma sessão do plenário. O relatório do deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), que pedia o arquivamento, foi aprovado por um placar unânime de 11 votos a 0.

A representação, apresentada em novembro passado pelo presidente do PSD, Guilherme Campos, pedia a cassação do mandato de Jean Wyllys alegando que ele havia “denegrido” o colega parlamentar. O relator, porém, considerou que Wyllys respondeu à fala de Rodrigues, que tinha “termos fortes”, em “termos igualmente fortes”.

Montagem com os deputados João Rodrigues (PSD-SC) e Jean Wyllys (PSOL-RJ) (Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
Montagem com os deputados João Rodrigues (PSD-
SC) e Jean Wyllys (PSOL-RJ) (Foto: Gustavo Lima/
Câmara dos Deputados)
A discussão começou quando Rodrigues subiu à tribuna para criticar parlamentares que se opõem à revogação do Estatuto do Desarmamento. No discurso, o deputado de Santa Catarina ironizou a trajetória de Jean Wyllys e chegou a chamá-lo de “escória” do país.

Jean Wyllys reagiu à fala do parlamentar, chamando o colega de “facista” e “ladrão”, e citando vídeo pornô que Rodrigues teria assistido durante uma sessão em maio. E completou: “Resta saber se seu vídeo pornô era hétero ou não”.

Em seu relatório, Marchezan ponderou que as punições do Conselho de Ética devem ser impostas com parcimônia, "sob o risco de prejudicar o funcionamento das instituições democráticas, criando-se uma situação de temor do uso da palavra, justamente no Parlamento, que é a última trincheira do direito à liberdade de expressão".

Apesar de concordar com o arquivamento, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) pediu mais cuidado no uso das palavras em plenário. "Temos que ter muita cautela em generalizar as palavras no plenário", ponderou.

Alguns correligionários saíram em defesa de Wyllys. “Ele reagiu a uma agressão inominável”, justificou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Glauber Braga (PSOL-RJ) engrossou o coro: “O deputado Jean Wyllys sofre cotidianamente um conjunto de agressões que devem ser também repelidas e que não podemos aceitar como naturais”.

Jean Wyllys não acompanhou a votação no Conselho de Ética. Mas, em novembro, à época da representação, disse ao G1 que achava que se tratava de uma “retaliação” de deputados aliados ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo fato de o PSOL ter sido um dos autores do pedido de cassação do mandato do peemedebista. Ele é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras quando disse que não possui contas bancárias no exterior – o que ele nega.

Bate-boca
No bate-boca, João Rodrigues mencionou o nome de Jean Wyllys ao discursar em plenário em defesa da revogação do Estatuto do Desarmamento. “Quero comentar algumas afirmações de alguns parlamentares que, ao comentar o Estatuto do Desarmamento, se postam como verdadeiros defensores de bandidos", declarou Rodrigues.

Segundo ele, alguns parlamentares "se equivocam". "Como, por exemplo, o deputado Jean Wyllys, o ex-BBB, que disputou a primeira eleição com 13 mil votos. Chegou a esta Casa com a sua exposição naquele programa extremamente culto, que acrescenta demais na cultura dos brasileiros. Chegou e questionou o comportamento de cada parlamentar, chamando os parlamentares de bandidos”, disse João Rodrigues.

O deputado prosseguiu o discurso criticando posições que Jean Wyllys defende, como a descriminalização das drogas.

“A sua vida pregressa eu não conheço. A sua experiência política eu sei. Tenho sete mandatos, fui três vezes prefeito. E tive a honra de ser o segundo deputado mais votado na história de Santa Catarina. Posso até ser criticado, mas vindo do senhor é elogio. Um parlamentar que defende perdão para drogas, que defende que adolescente pode trocar de sexo, mesmo sem autorização dos pais. Isso não é deputado, é a escória deste país, mas ocupa lugar como deputado”, afirmou.

A fala gerou protestos no plenário, e Jean Wyllys pediu a palavra. No microfone, ele partiu para o ataque e acusou João Rodrigues de ser “ladrão de dinheiro público” e ter atitude “fascista”.

“Ele e todos os fascistas vão ter que me engolir. Sou homossexual assumido, sim, e vocês vão ter que me engolir. Vocês não vão me intimidar”, declarou. Jean Wyllys também citou o fato de João Rodrigues ter sido flagrado, em maio do ano passado, assistindo a um vídeo pornô durante a votação da proposta de reforma política. A cena foi divulgada pelo SBT.

“Homens decentes não assistem vídeos pornôs em plena sessão plenária, não são condenados por improbidade administrativa, como o deputado foi. Quem não tem moral para representar o povo brasileiro é ladrão. Qualquer programa de televisão é mais decente que deputado que rouba dinheiro do povo. É mais decente que deputado que usa sessão para ver vídeo pornô”, disse Jean Wyllys. “Resta saber se seu vídeo pornô era hétero ou não”, completou
.

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