Ex-presidente foi alvo de condução coercitiva e prestou depoimento à PF.
Ele recebe apoio de militantes e políticos do PT no Sindicato dos Bancários.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de um ato no Sindicato dos Bancários, no Centro de São Paulo, na noite desta sexta-feira (4). Lula chegou por volta de 20h15 e iniciou seu discurso para a militância, depois de ter sido alvo de condução coercitiva no início da manhã em sua casa, em São Bernardo do Campo. Ele deu depoimento à Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, foi para a sede do PT, onde fez pronunciamento, voltou para casa e, à noite, foi para o ato da Central Única dos Trabalhadores em apoio a ele. "Cutucaram o cão com a vara curta", afirmou.
"Hoje é o dia da indignação para mim", disse Lula, que estava muito emocionado durante o discurso. "Já fui preso quando era presidente do sindicato dos metalúrgicos. Já perdi eleições para governador, deputado e presidente. Quando fui derrotado me comportei como derrotado, como uma pessoa que tinha resolvido participar de um jogo. Esse jogo tinha regras e eu obedecia às regras estabelecidas antes de começar o jogo."
Lula reclamou da operação da Polícia Federal que usou condução coercitiva para retirá-lo de casa. "Foram lá e pegaram minha familia toda. Não sei como não pediram a exumação da minha mãe, que já morreu. As perguntas foram as mais esdrúxulas possíveis. Só falta perguntar você conhece o Wagner? Conheço. Conhece o Vaccari? Conheço."
O ex-presidente disse estar disposto a voltar a viajar pelo país. "Se eles tiverem que me derrotar, vão ter que me enfrentar nas ruas deste país", disse. "Se alguém pensa que vai me calar com perseguição e denúncia não sabe que eu sobrevivi à fome. Não sou vingativo, não carrego ódio, mas tenho consciência do que eu posso fazer por esse povo. E do que eles querem de mim. Se estão precisando de alguém para animar este tropa, o animador está aqui (...) Este jovem com 70 anos de idade, com tesão de um jovem de 30, com corpo de um atleta de 20. Eu não tenho preguiça de acordar cedo."
"Eu virei Presidente da República em função de um mérito pessoal, porque eu tenho noção das minha limitações intelectuais, mas eu fui eleito em função da consciência política do braisleiro que me elegeu."
"Eu virei Presidente da República em função não de um mérito pessoal, porque eu tenho noção das minha limitações intelectuais, mas eu fui eleito em função da consciência política do braisleiro que me elegeu."
"Banqueiro ganhou muito dinheiro no meu governo, empresários ganharam muito dinheiro no meu governo, mas os trabalhadores ganharam dinheiro como nunca no meu governo. As pessoas mais pobres deste país começaram a poder visitar um shopping, a comer hamburguer que não podiam comer."
Lula falou sobre os pobres. "E eu sei que por mais que isso desse muito dinheiro a muita gente, isso incomodou muita gente, porque os pobres passaram a querer frequentar teatro, a querer frequentar cinema. Passaram a não querer mais ir ao Nordeste de ônibus, mas sim de avião. As pessoas não queriam mais ir só ao nordeste, mas queriam ir à Bariloche, à Miami."
"Nós conseguimos as proezas de provar aos economistas da USP, da Unicamp, que diferentemente do que diziam os estudos, o pobre não era o problema, porque o pobre passou a ser a solução deste país."
"Nós conseguimos as proezas de provar aos economistas da USP, da Unicamp, que diferentemente do que diziam os estudos, o pobre não era o problema, porque o pobre passou a ser a solução deste país."
"Quando o Estado emprestava R$ 1 bilhão para um Gerdau, para um terceiro, isso gerava especulação financeira. Quando o Estado começou a emprestar R$ 50 para um pobre, esse dinheiro virou mercadoria no supermercado. Significava um arroz, um pão, um feijão. E isso começou a girar a roda econômica dessa nação e começou a girar um país."
O ex-presidente citou a inclusão dos negros no ensino superior. "Neste país, um negro não poderia se gerente de um banco, não poderia ser dentista, não poderia ser engenheiro. Porque negro nasceu, na lógica deles, para ser servente de pedreiro, ou limpador de rua dos grandes centros deste país. E nós resolvemos mudar isso."
'Virei o melhor presidente do mundo'
"Eu virei o melhor presidente da república que este país já teve", disse Lula. "Mas mais importante ainda, eu passei a ser o melhor presidente do começo do século 21 no mundo inteiro. O mundo inteiro admirava o que nós tínhamos feito. Como que pode aquele país, que era considerado uma republiqueta de bananas, que só era lembrado por carnaval e futebol? Como é que pode ele eleger um presidente torneiro mecânico e semi-analfabeto. Como é que pode todo ano os trabalhadores terem aumento real de salário?"
Lula ressaltou suas ações para ampliar o número de universidades federais e escolas técnicas pelo país. "Fernando Henrique Cardoso não escreveu isso nos livros dele. Ninguém escreveu. Estavam acreditando no meu fracasso. Meu fracasso significava o retorno deles. O que eles não sabiam e que eu não era eu. Eu era vocês", disse Lula.
O ex-presidente citou o líder sul-africano Nelson Mandela. "Fui ao palácio na África do Sul. O povo queria lhe tocar a mão. Encostar na parede do palácio, porque durante décadas e décadas eles não conseguiam chegar a dois quilômetros do palácio. Quando eu cheguei, um catador de papel disse que só queria agradecer o fato de ter entrado no Palácio do Planalto uma única vez."
Preconceito contra a mulher
"Nunca vi uma pessoa ser tao agredida como a Dilma. Muito mais grave do que o preconceito contra mim, é o preconceito contra a mulher. elite brasileira, aquilo que a gente chama de coxinha. ou, se for um avestruyz, é cochão. O preconceito é de tal magnitude, que eles não concebem a ideia de uma mulher governar o país. Independentemente de medir a qualidade profissional, políticia, nacional, é puro preconceito. Porque neste país, a mulher conquistou o voto apenas na cidade de mossoró em 1927, se não me engano. Neste país, mulher sempre foi tratada como objeto de cama e mesa e nunca mais, e nunca mais do que isso."
Sobre a internet
"Nós temos uma juventude convencida pela internet. A internet é uma coisa extraordinária, uma revolução, mas ela liberou os demônios. Porque antigamente, pro Falcão falar mal de mim, ele tinha de ligar pra alguém e especificar, ou convocar um jantar. Hoje é diferente, hoje o cara não se identifica. Ele vai pra internet falar mal de alguém. E eu sei o quanto eu sou vítima disso. Meus filhos são vítimas disso. A Dilma é vítima disso. E muitos vocês são vítimas disso. E eu não fico com raiva, mas acho que devemos achar formas mais competentes para lutar contra isso. Porque crescemos idealistas, achando que o bem vence o mal, mas na internet, o mal tá vencendo o bem."
"Nós temos uma juventude convencida pela internet. A internet é uma coisa extraordinária, uma revolução, mas ela liberou os demônios. Porque antigamente, pro Falcão falar mal de mim, ele tinha de ligar pra alguém e especificar, ou convocar um jantar. Hoje é diferente, hoje o cara não se identifica. Ele vai pra internet falar mal de alguém. E eu sei o quanto eu sou vítima disso. Meus filhos são vítimas disso. A Dilma é vítima disso. E muitos vocês são vítimas disso. E eu não fico com raiva, mas acho que devemos achar formas mais competentes para lutar contra isso. Porque crescemos idealistas, achando que o bem vence o mal, mas na internet, o mal tá vencendo o bem."
Economia e economistas
"Eu tenho muitos amigos economistas, tenho muito respeito, acho sabidos pra caramba. Nunca vi nada mais sabido de um economista quando ele é de oposição. E nunca vi nada mais travado de um economista quando é da situação. É por isso que eu não tive um economista de Ministro da Fazenda, eu tive o Palocci, que era um médiuco. Porque eu acho que a economia tem de ser subordinada ao governo, não o governo subordinado à economia."
"Eu tenho muitos amigos economistas, tenho muito respeito, acho sabidos pra caramba. Nunca vi nada mais sabido de um economista quando ele é de oposição. E nunca vi nada mais travado de um economista quando é da situação. É por isso que eu não tive um economista de Ministro da Fazenda, eu tive o Palocci, que era um médiuco. Porque eu acho que a economia tem de ser subordinada ao governo, não o governo subordinado à economia."
Centenas de militantes do PT participam do evento. Os discursos de lideranças estimulam a militância a ir para a rua defender o ex-presidente.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também está no local e lamentou a condução coercitiva de Lula. "Foi um golpe no estado democrático de direito", disse.
O senador Lindbergh Farias disse, sem citar nomes, que os responsáveis pela Operação Lava Jato deram um tiro no pé, porque até mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal condenam a condução coercitiva a que Lula foi submetido. Lindbergh também disse que o episódio também acendeu a militância. "A gente tem que tem força para ir para a rua", afirmou.
"Pisaram no rabo da cobra e agora vão ver o veneno da cobra", disse o presidente municipal do PT em São Paulo. "Vamos colocar todos na rua para dizer não ao golpe", afirmou.
O presidente do PT, Rui Falcão, diz que os militantes devem se mobilizar contra um embrião de estado de exceção. "Vamos pisar na cabeça dos que atentam contra a democracia", disse.
O senador Humberto Costa disse que o PT precisa pedir ao STF uma manifestação de independência para condenar a decisão do juiz Sérgio Moro e defendeu que o partido lute em todas as trincheiras contra o golpe.
O presidente da CUT, Vágner Freitas, saudou a unidade da esquerda e disse que a Central não vai permitir golpe. "Tudo na vida tem limite e hoje ultrapassou-se esse limite. Erraram o golpe e agora nos vamos pra cima deles, na rua. Aceitamos as regras do jogo, mas não venham nos destruir. Não vamos ser derrotados e ficar olhando. Vamos para um processo de enfrentamento pela democracia e contra o golpismo", afirmou.
Depois do ato na quadra dos bancários deve acontecer uma passeata até a Praça da Sé, que fica a 200 metros do local.
Investigações
De acordo com o Ministério Público Federal (PMF), a ação foi deflagrada para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente Lula e pessoas associadas.
De acordo com o Ministério Público Federal (PMF), a ação foi deflagrada para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente Lula e pessoas associadas.
Há evidências de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e do sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de doações e palestras.
No dia 29 de fevereiro, o procurador da República Deltan Dallagnol enviou uma manifestação à ministra Rosa Weber, doSupremo Tribunal Federal (STF), defendendo que uma investigação em curso sobre propriedades atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja mantida dentro da Operação Lava Jato, a cargo do Ministério Público Federal no Paraná.
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Dallagnol destacou que possíveis vantagens supostamente recebidas por Lula de empreiteiras teriam sido repassadas durante o mandato presidencial do petist
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