Jogaram, perderam e agora terão que engolir Lula
Carlos Lacerda (UDN), líder da oposição, tentou impedir a posse de Juscelino alegando que ele só obteve 36% do total de votos. Parte dos militares ficou ao lado de Lacerda. Não houve golpe.
“Nós concordamos em participar de um jogo que o outro jogador não deveria jogar. Se concordamos, não há mais o que reclamar. Não adianta chorar. Perdemos o jogo”.
Por que Lula não poderia participar do jogo se o Supremo Tribunal Federal decidiu que podia? E o que Bolsonaro deveria ter feito? Recusar-se a jogar? Foi uma boa ideia que ele não teve.
Ou Bolsonaro não deveria ter aceitado a decisão do Supremo? O que ele faria então? Fecharia o Supremo? Seu filho, Eduardo, sempre defendeu que seria muito fácil fechar o Supremo.
Mourão acha que os protestos de agora deveriam ter sido realizados “quando o jogador [Lula] foi autorizado a jogar; ali, deveriam ter ido para a rua, buzinar, mas não fizeram”.
É uma crítica a Bolsonaro que, à época, não mandou seus devotos protestar nas ruas? Ou é uma crítica aos bolsonaristas que aceitaram a ideia de jogar o jogo por que acreditaram na vitória?
“Não considero que houve fraude”, confessa Mourão, “mas um jogador não deveria ter jogado”. General: vá se queixar com os ministros do Supremo ou com o jogador que insistiu em jogar.
Perguntado se dialogará com Lula se for convidado, Mourão responde sem hesitar: “Lógico”. A essa altura, qual político não quer dialogar com Lula? Talvez Zambelli, a pistoleira dos Jardins.
Bolsonaro, que apareceu, ontem, vestido à moda Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia (camiseta azul escuro, cabelinho cortado), já perdeu todos os aliados políticos que tinha.
Restam-lhe parte dos caminhoneiros financiados pela ala menos pop do agro, a nova geração das viúvas de Lacerda, os siderados que marcham diante de quartéis e os admiradores de Hitler.
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