CÂMARA DE IBICARAÍ

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Lama que vazou de barragem deve ter chegado ao sul da Bahia, diz Ibama

Teste sobre as características da mancha sairá em cerca de 10 dias.

Rompimento da barragem, em Minas Gerais, aconteceu em novembro.

Laís Alegretti
Do G1, em Brasília

A lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco – cujos donos são a Vale a anglo-australiana BHP Billiton – em Mariana (MG) deve ter chegado ao sul da Bahia, inclusive à região do arquipélago de Abrolhos, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Abrolhos é um dos principais santuários brasileiros de flora e fauna marinhos.
Em novembro, a ministra do Meio Ambiente, tinha dito que não havia expectativa de que a lama chegasse a Abrolhos. O rompimento da barragem da Samarco ocorreu em 5 de novembro de 2015 e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central de Minas Gerais. A lama chegou ao mar pelo Rio Doce, depois de ter passado por municípios mineiros e do Espírito Santo.

Em entrevista nesta quinta, a presidente do Ibama, Marilene Ramos, afirmou que, devido ao vento, a mancha que estava se espalhando no litoral sul do Espírito Santo também foi para o norte e chegou até a região de Porto Seguro e Abrolhos, na Bahia.

“Hoje fizemos um sobrevoo na região das praias do sul da Bahia e do parque de Abrolhos e já registramos a presença de lama que, pelo aspecto visual, pela forma que foi avistada nesse sobrevoo, tudo indica que seja a própria mancha, bastante diluída, que está se estendendo ao longo do litoral do Espírito Santo”, disse.

Segundo ela, a Samarco foi notificada para iniciar a coleta de amostrar na região para conhecer a origem da mancha identificada no local. O resultado deve ser conhecido em cerca de dez dias, de acordo com Marilene. Ela disse, no entanto, que técnicos que conhecem o local "tiveram praticamente certeza" de que a lama visualizada é oriunda do desastre em Minas Gerais.

Por meio de nota, a Samarco informou que "vem apoiando o acompanhamento do comportamento da pluma de turbidez na região marinha, disponibilizando sistematicamente recursos como aeronaves e imagens de satélite". De acordo com a nota, a empresa disponibilizou aos órgãos ambientais uma aeronave para sobrevoo até a região de Abrolhos para a avaliação da condição de dispersão de sedimentos.

A Samarco também informou que o material observado na região sul da Bahia é uma parte diluída da pluma, misturada aos sedimentos da foz do Rio Caravela e demais sedimentos da região.

O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Cláudio Maretti, disse que “muito provavelmente” a lama no litoral sul da Bahia é aquela oriunda do desastre em Minas Gerais. “A observação de campo dá indícios da conclusão de que, muito provavelmente, está ligado à lama do Rio Doce, que provém do desastre em Mariana”, disse.

Impactos
A presidente do Ibama afirmou que é “muito difícil” prever quanto tempo a mancha de lama levará para se dispersar. Segundo ela, isso depende de fatores como a chuva, a maré e os ventos.

“Acredito que vamos conviver com essa mancha por um longo tempo”, disse Marilene. O presidente do ICMBio disse que, do ponto de vista da biodiversidade, o que for reconstruído jamais será igual às condições originais. “Restabelecer a condição natural, isso nunca acontece”, afirmou Maretti.

Um dano imediato, de acordo com Cláudio Maretti, é a diminuição da fotossíntese da vegetação marinha devido ao fato de a água ficar turva. "É como se eu cobrisse uma fumaça em cima da Mata Atlântica e dificultasse a produtividade da folha das árvores e a produção de biomassa", comparou. Segundo ele, o impacto que ainda não está comprovado é aquele que pode ser ocasionado devido aos sedimentos encontrados na lama.

Banho
Não há restrição em relação à visitação em Abrolhos e tampouco ao banho nas praias afetadas, segundo as autoridades. De acordo com Marilene Ramos, haveria risco se houvesse metais pesados, o que não foi verificado. Segundo ela, não há motivos para considerar que a água, mesmo com a mancha, seja tóxica. "Por isso não se está tomando medida de recomendar interrupção nas praias ou no parque de Abrolhos. Óbvio que onde a turbidez é elevada a própria norma diz que é desagradável o banho", disse.

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